Vibra (VBBR3): analistas veem resultados sólidos no 4T23, mas fazem uma ressalva; ações caem no Ibovespa

A Vibra (VBBR3) apresentou um lucro líquido de R$ 3,297 bilhões no quarto trimestre de 2023 (4T23). A XP Investimentos avalia que a companhia reportou um conjunto de resultados sólidos. 

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Os analistas disseram que o lucro líquido da Vibra veio muito forte, impulsionado por ganhos fiscais não recorrentes.

“A administração da Vibra apontou que a falta de diesel russo foi um dos principais fatores para a perda de participação de mercado, algo que pode mudar agora, já que a empresa parece mais propensa a trazer moléculas desse país”, afirma a XP.

Segundo a Research, a medida pode potencialmente reduzir (pelo menos uma parte) o gap da Vibra em relação ao Ebitda (Lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) unitário em relação a seus pares – durante o 4T23, R$ 194/m³ para a Raízen (RAIZ4) e R$ 192/m³ para a Ipiranga, do Grupo Ultra (UGPA3) -, que estão importando mais diesel russo.

Além disso, a XP lembra que a geração de caixa foi o principal fator para a redução de R$ 0,7 bilhão na dívida líquida, que, juntamente com um Ebitda nos últimos doze meses mais alto, resultou em uma contração na Dívida Líquida/Ebitda para 1,9x, potencialmente aumentando o espaço para maiores pagamentos de dividendos em 2024.

“Acompanharemos de perto as importações de diesel da Vibra para ver se a empresa recuperará o atraso nos volumes em relação a seus pares (embora, por enquanto, a molécula importada pareça menos favorável). Ainda estamos otimistas em relação à tese, com base em um ambiente competitivo saudável para o setor e uma avaliação atraente”, diz a XP, que recomenda compra das ações da Vibra

Vibra: retomada de market share segue como desafio, aponta BB-BI

A Vibra reportou bons números no 4T23, demonstrando que as condições de competitividade no setor se mantiveram favoráveis no 2S23 (segundo semestre de 2023), informa o BB Investimento. 

Os resultados da Vibra no 4T23 devem refletir em melhores margens e crescimento nas principais linhas da DRE, apesar de uma relevante perda de market share que a companhia enfrentou em 2023. 

“Entre as boas notícias, destacamos o elevado patamar de margem Ebitda de R$ 169/m3, e a boa geração operacional de caixa (R$ 1,2 bilhão no trimestre e R$ 6,2 bilhões no ano), elementos que colaboraram para um bom ritmo de desalavancagem”, avalia o BB-BI

Com isso, os analistas veem uma melhoria na alocação de capital, resultando na continuidade da recuperação do ROIC, que atingiu 15,7%. Do lado negativo, o BB-BI destacou a perda de market share.

“O maior desafio da companhia segue sendo o de retomar a participação de mercado sem deteriorar as boas margens. A dívida líquida/Ebitda foi reduzida de 2,7x no 4T22, para 1,1x no último trimestre, mitigando o impacto das despesas financeiras, após um período mais crítico devido à aquisição da Comerc”, explica o BB Investimentos. 

A redução abriu espaço para elevar o nível de pagamento de dividendos, que totalizaram R$ 1,6 bilhão no ano, o equivalente a um pagamento de R$ 1,43 por ação (yield de 5,4%). 

O BB-BI segue otimistas com a companhia, vendo um desconto relativo em relação a seus pares (P/L de 11,1x, ante 15,6x da Ultrapar), além de um potencial de valorização advindo dos negócios ainda não refletidos no valuation da companhia. Os analistas recomendam compra dos papéis da Vibra, com preço-alvo de R$ 27,50. 

Vibra tem lucro 5,8 vezes maior no 4T23 

Vibra apresentou um lucro líquido de R$ 3,297 bilhões no quarto trimestre de 2023 (4T23), cerca de 5,8 vezes maior que o resultado observado no mesmo período do ano anterior (4T22), que tinha sido de R$ 566 milhões – alta de 482,5%.

Conforme novo balanço da Vibra, divulgado hoje (4), o lucro líquido do 4T23 também mostrou um aumento de 162,7% sobre o valor registrado no trimestre imediatamente anterior (3T23), quando o lucro foi de R$ 1,255 bilhão.

Em relação ao lucro bruto ajustado, o montante registrado no último trimestre de 2023 foi de R$ 2,592 bilhões, cerca de 49,5% maior que do 4T22, que foi de R$ 1,734 bilhão, e 20,1% menor na comparação trimestral, com R$ 3,245 bilhões registrados no 3T23.

No acumulado de 2023, a Vibra registrou um lucro líquido total de R$ 4,766 bilhões, chegando ao maior patamar desde que a companhia abriu seu capital na Bolsa de Valores, ou seja, desde 2017. Isso representa um avanço de 210% ante o registrado em 2022. Sobre o valor registrado ao longo de 2022, o valor do último ano foi de 210% maior.

“Esse resultado recorde tem como base um melhor desempenho operacional, melhor resultado financeiro e, ainda, recuperações tributárias ocorridas no período”, destaca o balanço de resultados da Vibra.

Outros resultados da Vibra

Em termos ajustados, o Ebtida da Vibra, que representa o lucro antes juros, impostos, depreciação e amortização, apresentou uma alta anual de 54,5%, chegando a R$ 2,328 bilhões no quarto trimestre do ano passado.

Desse modo, a margem Ebitda ajustada alcançou a marca de R$ 254 metros cúbicos no último trimestre do ano passado, com crescimento de 69,2% em relação ao 4T22.

Ainda no release de resultados, a Vibra acrescenta que foi beneficiada por mais efeitos não recorrentes, citando a vendas de imóveis, que trouxe R$ 87 milhões à empresa, bem como recuperações tributárias, que impactaram positivamente em cerca de R$ 748 milhões e resultado positivo com hedge de commodities em R$ 55 milhões. Na ponta negativa, houve perdas com inventário de produtos em R$ 225 milhões.

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“Desconsiderando todos esses efeitos não recorrentes no resultado do trimestre, encontramos um Ebitda de R$ 1.663 milhões ou R$ 181/m3, resultado expressivo em um cenário desafiador, com suprimento abundante de diesel (pelo aumento de importações de diesel russo pelo mercado no quarto trimestre, com desconto relevante em relação ao produto nacional)”, informou a Vibra.

O faturamento líquido ajustado totalizou R$ 43,846 bilhões no 4T23. Em relação ao 4T22, esse valor mostra um crescimento de 3,1%. Enquanto isso, as despesas operacionais ajustadas foram de R$ 868 milhões, aumento anual de 60,1%.

Em relação ao resultado financeiro líquido, a Vibra teve um prejuízo de R$ 50 milhões, com perdas 87,6% menores sobre o 4T22.

Por fim, a dívida líquida da Vibra somou R$ 9,5 bilhões ao final de 2023, caindo 30,8% na comparação com o valor registrado no encerramento de 2022.

Cotação

As ações da Vibra fecharam em queda de 5,5%, cotadas a R$ 25,10, liderando perdas no Ibovespa nesta terça (5).

Cotação VBBR3

Gráfico gerado em: 05/03/2024
1 Ano

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Vinícius Alves

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