Via (VIIA3), Magalu (MGLU3) e varejistas decolam no Ibovespa nesta quarta; entenda por quê

O setor varejista, que em 2021 sangrou na bolsa de valores, surpreendeu na sessão desta quarta-feira (19), com as principais empresas do setor — Americanas (AMER3), Magazine Luiza (MGLU3) e Via (VIIA3) — crescendo forte e liderando o Ibovespa hoje.

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No fechamento do Ibovespa as ações da Americanas subiram 9,89%. O Magazine Luiza dispar0u 7,13% e a Via saltou 6,66%.

Também se destacaram as ações da Lojas Americanas (LAME4), avançando 9,4%, e Locaweb (LWSA3), a única de fora do setor varejista, ganhou 12,64%, maior alta do dia.

No entanto, prosseguem preocupações nos mercados em relação ao avanço da inflação mundial, um dos principais inimigos das varejistas e uma das razões para seu desempenho fraco no ano passado, uma vez que a alta de preços pressiona o poder de compra dos consumidores, que passam a priorizar produtos de necessidade básica.

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Como comparação, as principais varejistas lideraram as maiores quedas do Ibovespa no acumulado de 2021. Em ordem:

  • Lojas Americanas (LAME4): -77,62%
  • Magazine Luiza (MGLU3): -75,15%
  • Via (VIIA3): -69,43%
  • Pão de Açúcar (PCAR3): -68,91%
  • Americanas (AMER3): -58,67%

Via: alívio na curva de juros beneficiou as varejistas

O alívio na curva de juros favoreceu o desempenho das varejistas como a Via e a Magalu. Os juros futuros encerraram a sessão regular desta quarta-feira, 19, em baixa firme, acompanhando o alívio do dólar e dos rendimentos dos títulos do Tesouro dos Estados Unidos. Tanto a moeda quanto os yields refletem um ajuste dos excessos da véspera, quando a T-note de 10 anos tocou a máxima em dois anos.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 passou de 12,097% na terça a 12,015% (regular) e 12,045% (estendida). O janeiro 2025 foi de 11,473% a 11,26% (regular) e 11,28% (estendida). O janeiro 2027 recuou de 11,452% a 11,24% (regular) e 11,29% (estendida). E o janeiro 2031 caiu de 11,571% a 11,37%(regular) e 11,45% (estendida).

Operadores comentam que os fundamentos do mercado não mudaram – ou seja, o Federal Reserve não sinalizou qualquer mudança em seu plano de voo de ajuste monetário -, mas a agenda fraca abriu espaço para correção de excessos de terça no câmbio e na renda fixa.

Na terça, por exemplo, a T-note de 10 anos caminhou até perto de 1,88% na máxima, maior taxa desde o pré-pandemia. Nesta quarta, no encerramento dos negócios em Nova York, ela estava em 1,842%. Globalmente, o dólar caiu, com o DXY – que mede a moeda americana contra seis pares fortes – a 95,5 pontos, de 95,8 pontos no pico de terça. Aqui, a moeda à vista cedeu a R$ 5,4659 (-1,70%), menor valor de fechamento desde 12 de novembro.

Internamente, agentes do mercado disseram que contribuíram à busca por risco falas do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a blogueiros aliados.

O petista minimizou críticas de correligionários ao ex-governador paulista Geraldo Alckmin (sem partido), que deve ser o vice na chapa presidencial. Ele também disse que, se for necessário, vai se aliar ao centro e à centro-direita para governar.

No cenário da inflação global, depois de os rendimentos dos títulos do Tesouro dos Estados Unidos tocarem novas máximas hoje cedo, passaram a ceder, num movimento de devolução das recentes altas. A aceleração dos últimos dias reflete o iminente aperto monetário pelo Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos), movimento que tende a ser seguido por outros BCs dada a aceleração inflacionária, como retratam dados divulgados hoje na Alemanha e no Reino Unido, que vieram mais fortes do que o esperado.

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Mas tem a inflação…

“A preocupação de inflação global segue pressionando os juros. A tendência de alta para os Treasuries e o petróleo não muda, mas ainda assim as bolsas têm um pequeno alívio”, descreve o economista Carlos Lopes, do BV, em nota.

Como destaca a MCM Consultores em relatório, investidores começam a levar em consideração que Fed ajustará rapidamente o juro básico dos EUA. “Ou seja, em todas as reuniões do FOMC. Para a reunião em abril, a probabilidade de alta é de 52%, contra 43% há sete dias”, cita.

No Brasil não é diferente. A segunda prévia do Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) de janeiro mostrou alta de 1,95%, após 0,43% na mesma leitura de dezembro, conforme a Fundação Getulio Vargas (FGV). Ao mesmo tempo em que a inflação está pressionada, a disseminação da pandemia, com casos recordes de covid-19 no Brasil é monitorada.

“A forte pressão inflacionária deve resultar em aumento de juros provavelmente no mundo todo. Na Europa, o rendimento de 10 anos dos títulos públicos da Alemanha ficou acima de zero pela primeira vez desde 2019. Inflação ainda é o tema do momento”, diz Helder Wakabayashi, analista da Toro Investimentos.

“A inflação segue no centro das atenções, e agora foi a vez do Reino Unido apresentar dado de inflação acima do esperado, fechando o ano de 2021 no maior nível dos últimos 30 anos. O mercado começa a projetar uma política monetária mais restritiva à frente, por parte do Banco Central do país”, aponta Antônio Sanches, especialista da Rico Investimentos.

Incorporação da LAME4 deve impulsionar a Americanas no varejo

Lembrando que esta semana acontece um marco importante: o fim da negociação das ações das ações da Lojas Americanas, que terão seu último dia na bolsa brasileira na próxima sexta (21).

Os acionistas da Lojas Americanas (LAME4) aprovaram a incorporação da empresa pela Americanas (AMER3), resultando na extinção da companhia. A Americanas, por sua vez, é resultado da união de negócios entre a Lojas Americanas e a antiga B2W (BTOW3).

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A empresa reuniu as lojas física da Lojas Americanas, além de uma participação de 57% na Ame Digital, com o e-commerce da B2W. As ações da B2W passaram a ser negociadas na Bolsa de Valores de São Paulo (B3) com o ticker “AMER3“. A Americanas terá apenas as ações AMER3 listadas na B3.

Como resultado da incorporação, as ações LAME4 e LAME3 serão substituídas a partir do pregão da próxima segunda-feira (24). Os acionistas dos papéis receberão, para cada ação que possuírem da companhia, 0,188964 da ação AMER3.

As eventuais frações de ações de Americanas decorrentes da incorporação serão agrupadas em números inteiros para, em seguida, serem alienadas em leilão na B3.

(Com informações da Agência Estado)

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Bruno Galvão

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