Grana na conta

Venezuela poderá controlar seus cidadãos com o “cartão pátria”

O presidente da Venezuela Nicolás Maduro anunciou em dezembro de 2016 a implantação de um novo sistema de identificação, que ficaria conhecido como “cartão pátria”. Cerca de 18 milhões de venezuelanos já o possuem atualmente, e o cartão alimenta um banco de dados referentes aos cidadãos.

A fim de facilitar a vida de muitos cidadãos que não possuíam documentos suficientes para abrir contas em bancos ou votar, por exemplo, em 2008, o então presidente Hugo Chávez enviou uma delegação da Venezuela à China.

Desta forma, o intuito era tomar conhecimento de uma nova tecnologia de cartões desenvolvidas pela ZTE, gigante de telecomunicações.

Saiba mais – O bolívar soberano será a única moeda da Venezuela na próxima semana 

Cartão pátria

De acordo com a apuração da Reuters, que entrevistou Anthony Daquin, um dos membros da delegação, a coleta de dados envolvendo a tecnologia do cartão incluíam:

  • informações de renda
  • dados de família
  • histórico médico
  • presença nas redes sociais

Além destes, a identificação nas zonas eleitorais deixaram apreensivos cidadãos que desconfiavam que o governo pudesse identificar os votos contrários à sua reeleição e repreender os opositores ao governo.

A desconfiança não era sem fundamento. O governo de Maduro oferece bônus àqueles cidadãos que cumprem com os “deveres cívicos”, como votar.

Do mesmo modo, o governo tem incentivado a adoção do cartão e restrito benefícios públicos aos que já possuem o cartão pátria. Cestas básicas, serviços de saúde ou pensões, dentre outros, estão entre estes benefícios.

Saiba mais – Opep chega a acordo para reduzir produção de petróleo 

Daquin, o membro da delegação venezuelana enviado à China, relatou ter sofrido agressões físicas e ameaças quando demonstrou discordar da funcionalidade do cartão. Ele deixou a nação em 2009 e vive nos EUA desde então.

A Venezuela estudou outras funções, oferecidas pela ZTE, por meio do desenvolvimento da tecnologia da empresa. O sistema de recompensas e punições, como banir cidadãos do transporte público, caso não agissem como esperado pelo governo, por exemplo.

Amanda Gushiken

Compartilhe sua opinião