Vélez, do Nubank (NUBR33): ‘Indústrias serão dominadas por empresas de tecnologia’

O CEO e cofundador do Nubank (NUBR33), o colombiano David Vélez, disse que acredita que todas as indústrias de todos os países serão dominadas por empresas de tecnologia. Segundo ele, não necessariamente big techs, mas empresas que colocam a tecnologia no centro da estratégia e tem uma cultura organizacional ao redor de tecnologia.

Vélez, em painel nesta quarta-feira (13) no VTEX Day em São Paulo, lembrou da frase do fundo de capital de risco americano a16z, que diz que “o software está comendo o mundo”.

“Todo mundo está correndo para achar desenvolvedores. O maior gargalo é o talento”.

Para ele, no entanto, a nova onda de unicórnios brasileiros pode mudar esse cenário, levando jovens para a tecnologia por conta dos casos de sucesso das startups brasileiras.

Nesta semana, o Nubank captou uma linha de crédito de US$ 650 milhões financiada pelo Morgan Stanley, Citi, Goldman Sachs e HSBC, para investir na Colômbia e no México. Vélez disse que explorar outros países – além do Brasil – só faz sentido quando há uma visão de longo prazo.

“Tentar fazer muita coisa no curto prazo não dá certo. Uma das vantagens de ter longo prazo é que dá para pensar grande. Quando você tem uma visão de décadas, não tem limite. A gente sempre pensou o Nubank como uma empresa potencialmente global em algum momento”.

Vélez disse que antes do Nubank, as startups do Brasil eram clones das empresas americanas. Agora, ele diz que recebe semanalmente e-mails de empreendedores que dizem construir “o Nubank da Nigéria”, “o Nubank da Índia”, ou “o Nubank das Filipinas”.

“Uma startup brasileira pode influenciar e liderar a indústria fora do Brasil e na América Latina. Fomos para fora do Brasil porque identificamos um problema global e temos visão de longo prazo”, disse o bilionário.

XP e Nubank: desafiando grandes bancos

No mesmo painel, o presidente do conselho e fundador da XP, Guilherme Benchimol, disse que o mercado financeiro tem muitas inspirações nos bancos da Europa e Estados Unidos, mas, segundo ele, o brasileiro é um trabalhador “muito mais competitivo que se dedica infinitamente mais”.

Benchimol contou que quando começou a empreender, em 2002, tinha R$ 1 mil na conta bancária. Um amigo emprestou R$ 5 mil, e ele lançou um curso que ensinava a investir em ações. “Se eu não tivesse aguentado mais alguns dias, a XP não existiria hoje”, disse.

Já para o Nubank, o diferencial na trajetória foi a imprensa. Ele disse que no começo de 2015 uma matéria feita por um portal de notícias focado em tecnologia colocou 30 mil pessoas na lista de espera do Nubank. Foi quando ele percebeu que estava no jogo. “No nicho de tecnologia, achamos early adopters que queriam tomar risco”.

Já Benchimol contou que ganhou confiança quando fez o primeiro curso e viu que deu certo, que os alunos viraram clientes. “Se eu quisesse construir uma empresa que competisse com os bancos, eu teria que ajudar as pessoas, porque supostamente os incumbentes não ajudavam”.

O executivo aconselha que sempre que começa um negócio, o empreendedor tem que achar arbitragem, seja uma experiência melhor ou um preço mais competitivo. “Um grão de areia que diferencia”.

A trajetória do empreendedor, segundo Benchimol

Para o fundador da XP, a vida do empreendedor é uma construção de longo prazo. “Você encontra um flanco aberto e vai avançando, melhorando a oportunidade, vai errando muito no caminho. Quando comecei a empresa, não tinha acesso à capital. Eu tinha que equilibrar receita e despesa. Não existe mágica no curto prazo, as coisas demoram. É colocar um grão de areia por dia com disciplina e resiliência”.

Ela diz que o Brasil é o país da oportunidade. “Temos uma democracia estabelecida, dimensão continental, língua única. Se cada um de nós acreditarmos mais no Brasil, quem muda o país não é o governo, é a gente. Quanto mais empreendedor tiver no Brasil, puxando o trem, contratando gente, tomando risco, inovando, isso transforma o país”, disse.

Bloomberg Línea

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