Valora Investimentos: empresas entraram na crise com boas condições

A crise causada pelo coronavírus (covid-19) deve deixar algumas empresas pelo caminho. Mas, aquelas companhias que se estruturaram antes de os problemas aparecerem, devem sobreviver, segundo avaliação do CEO da Valora Investimentos, Daniel Pegorini.

“As empresas entraram nessa crise com uma estrutura boa. Elas captaram dinheiro longo e barato no ano passado”, afirmou o CEO da Valora Investimentos.

A solidez, para ele, se reflete nos fundos de crédito privado que, apesar de registrar retornos negativos no período, ficaram longe dos resultados ruins de fundos de ações, por exemplo.

Além disso, o CEO diz que a queda da taxa básica de juros (Selic) em meio a pandemia faz com que o mercado de crédito ganhe apelo entre os investidores.

“Como o Tesouro está baixando, o investidor está indo para o mercado de crédito privado. Isso é uma mola propulsora para que o mercado resolva, como uma série de oportunidades no mercado”, disse.

Confira a entrevista exclusiva do SUNO Notícias com o CEO da Valora Investimentos, Daniel Pegorini:

-Me fale um pouco da história da Valora, quanto vocês tem sob gestão e um pouco da filosofia de investimentos da casa..
A Valora é uma gestora de fundos de crédito estruturado. Não temos D0, D1, só fundos de dinâmica e complexidade maior. A Valora foi fundada em 2005 e sou o CEO da operação desde o início. Hoje temos cerca de R$ 4 bilhões sob gestão em quatro áreas de atuação, sendo que o Private Equity não captamos desde 2012.

As três outras áreas são: fundo de renda fixa, que estão nas plataformas, sendo que o Absolute é D15, com mais de dez anos de lâmina. Ele foca em uma parte de crédito estruturado e uma parte em ativos de crédito líquidos. Então, esse é um fundo que na maior parte dos dez anos entregou rentabilidade na faixa de 110%, hoje acaba entregando mais que isso com a queda do CDI.

Depois desse fundo, temos uma família D90, e esse fundo tem um foco importante em FIDCs. Estamos há mais de 10 anos nesse mercado, conhecemos muito bem e crescemos juntos.

Hoje temos mais de R$ 1 bilhão investidos, sendo mais tradicionais ou utilities também, como carteira de cartão de crédito, etc. É uma dinâmica de negócio que gostamos, pois sabemos que alguns desses instrumentos deram problemas nos últimos anos, mas são ativos muito bons para dinâmicas de investimentos.

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O fundo Guardian tem dez anos e ele nunca teve um problema de crédito. E olha que você teve alguns problemas de FDICs no mercado. A gente tem um processo de acompanhamento muito detalhado. A rentabilidade alvo para agora é aproximadamente 150% do CDI.

A gente também tem um fundo high yield, de D+180, e com o call da queda de taxa de juros, começamos a juntar uma gordura e o nosso segundo call, que o investidor mais qualificado ia buscar fundos com maior rentabilidade e por isso montamos o Horizon, público alvo profissional, e diria que ele é a nossa caixinha de ferramentas completa. A rentabilidade alvo é 170%, 180% do CDI nesse período todo.

Então, essa é a grade dos nossos ativos que estão nas plataformas.

Temos também a plataforma. Temos dois fundos imobiliários listados, um deles um fundo de CRIs, fixado em CDI, e o outro que também é de CRIs, mas indexados a inflação. Optamos por ter dois fundos separados para que o investidor possa optar por aquilo que ele quer: ligado a inflação ou ao CDI.

Temos uma concentração do mercado residencial relevante e aqui quero fazer uma explicação. Quando estamos nos CRIs no mercado imobiliário residencial significa que nossos CRIs tem uma quantidade grande de apartamentos em garantia por incorporadores.

Eu não corro risco nesse mercado de aluguel de pessoa física. Não é isso, a gente não tem isso. São apartamentos de garantia. Então tem um determinado volume e tenho duas vezes esse volume em projetos que venderam as vezes 80%.

O VGIR11 é um fundo que tem rentabilidade alvo de CDI + 2,5% ao ano e o VGIP11 tem rentabilidade alvo de IPCA + 6% ano ano.

-Como você vê essa crise atual?
Que a gente vai sair da crise, mas o ponto é saber como. Eu sempre comento que somos rabugentos o negócio de crise, que a pandemia nos pegou em um momento que estávamos escalando. Mas, do ponto de vista do universo, afetar agora ou há três anos é a mesma coisa.

Pela primeira vez conseguimos baixar taxa de juros em uma crise. Se tivéssemos com problema para financiar o governo brasileiro, o que aconteceria é que o investidor vai ao Tesouro. Como o Tesouro está baixando, o investidor está indo para o mercado de crédito privado. Isso é uma mola propulsora para que o mercado resolva, como uma série de oportunidades no mercado.

As taxas estão muito boas em relação ao crédito. Portanto, todo mês volta dinheiro nesses fundos e ele está conseguindo aplicar na Bolsa com esse dinheiro, com taxas pós-crises.

As empresas entraram nessa crise com uma estrutura boa. Elas captaram dinheiro longo e barato no ano passado.

Dentro do que se vê hoje, o governo abrindo São Paulo, por exemplo, com movimentações voltando com números dentro da razoabilidade dentro do que se espera. Então, o cenário que se desenha é que temos condições de retornar, obviamente, deixando coisas pelo caminho.

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Teremos um PIB de -4%, mas pior que isso seria que nossas grandes empresas com problema. Você não ouve falar que você tem problemas bancários. As vendas de produtos com garantia do FGC nas plataformas trouxeram outro nível de solidez no mercado financeiro e isso, no contexto de uma pandemia como essa, faz toda diferença do mundo.

Isso me dá um otimista em relação a que poderia ser muito pior.

-Como está o mercado de crédito? Qual dimensão dos novos riscos?
Na verdade, o mercado de crédito no Brasil já tinha uma situação bem razoável de pulverização. Uma dívida, hoje, está bem pulverizada pelo mercado. Acho que estamos em um ritmo muito razoável.

Muitas vezes o fundo de crédito cai 2%, onde não é perda, é só a marcação a mercado, e o investidor fica preocupado. Enquanto isso tem fundo da ações caindo 40%.

Óbvio que isso é um aprendizado para o investidor no geral, porque inclusive muitas dessas pessoas físicas não teriam passado por isso nas suas perdas.

O mecanismo de liquidez que o BC criou para o mercado, acho que a gente está caminhando bem, salvando as companhias.

-Os brasileiros tomaram risco demais antes da crise chegar?
Acho que nos últimos 12 meses antes da crise, ele abriu mão da regra básica de diversificação dos investimentos. Fundos multi, ações, Bolsa, tiveram uma corrida de CPF e isso daí é uma decorrência da queda da taxa de juros e muita gente também olhando o vizinho ganhando dinheiro na Bolsa.

Então acho que o que aconteceu, e aí talvez seja uma coincidência infeliz, dada a queda da taxa de juros as pessoas saíram da renda fixa para ir a ativos de risco maior e acabaram abrindo mão da diversificação da carteira.

Esse é o elemento que eu gostaria de saber. O que eu quero é que as pessoas queiram uma carteira diversificada.

Por último, um dos nossos somos gestores de FIDCs, em um mercado mais voltado aos fundos de investimentos. Eles são para outros fundos de créditos, somos especialistas em atacarejo, e temos uma área de negócios aqui dentro e, mais uma vez, damos condições para o investidor tomar água limpa, fazendo com que todos os benefícios do início vão ao investidor.

Entrevista com Valora Investimentos

Vinicius Pereira

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