Vale a pena investir na Vale (VALE3)? Veja o que esperar dos resultados
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A Vale (VALE3) divulga nesta quarta-feira (31) o balanço do segundo trimestre de 2025. O resultado da mineradora está entre os mais aguardados da temporada de balanços.

No acumulado de 2025, as ações VALE3 estão andando “de lado”, com uma variação positiva sutil de cerca de 0,50%. O desempenho é inferior ao do Ibovespa, que sobe mais de 10% no mesmo período. A performance reflete oscilação do minério de ferro, temores com a economia chinesa, variações cambiais e incertezas sobre possíveis tarifas de exportação dos Estados Unidos.
O que esperar do balanço de resultados da Vale (VALE3)?
O mercado espera que os resultados da Vale venham melhores do que os observados no primeiro trimestre, quando a mineradora registrou queda de 17% no lucro líquido e retrações na receita líquida e no Ebitda.
A expectativa de melhora está ancorada na recuperação operacional observada na prévia divulgada na semana passada, com destaque para o aumento de 3,7% na produção de minério de ferro em relação ao segundo trimestre de 2024.
Segundo o BTG Pactual, o volume veio 2% acima das expectativas e sinaliza uma recuperação sazonal após um início de ano impactado por chuvas.
Além disso, houve crescimento na produção de metais básicos, o que pode contribuir positivamente para os números consolidados. O Bank of America (BofA), por exemplo, elevou sua projeção de Ebitda da mineradora de US$ 3,2 bilhões para US$ 3,3 bilhões.
Impactos da cotação do minério de ferro
Apesar da melhora na produção, a cotação do minério de ferro e a queda nas vendas preocupam analistas. A Vale reportou recuo de 3,1% nos embarques da commodity, o que tem relação com a estratégia da empresa de priorizar produtos com qualidade intermediária.
Essa mudança no mix impacta negativamente o preço médio realizado por tonelada. Além disso, a menor contribuição das pelotas, que têm maior valor agregado, pressiona ainda mais a rentabilidade.
Por outro lado, o minério de ferro voltou a superar a marca de US$ 100 por tonelada, com alta de mais de 6% apenas no mês de julho, o que contribuiu para uma leve valorização das ações da companhia. Segundo o Bradesco BBI, o movimento foi impulsionado pela melhora nas margens das siderúrgicas chinesas e anúncios de investimentos em infraestrutura no país asiático.
Tarifas de Trump e ações da Vale
No início de julho, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou a imposição de uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, com previsão de entrada em vigor em 1º de agosto, caso o governo brasileiro não avance nas negociações com o país norte-americano. A medida gerou preocupação entre empresas exportadoras.
Entretanto, segundo o analista CNPI João Daronco, da Suno, a Vale não possui uma exposição relevante ao mercado norte-americano. Em 2024, a China foi responsável por 49% da receita líquida da mineradora, totalizando US$ 18,5 bilhões, além de ter representado 60% dos embarques de minério de ferro.
Outro fator que pode beneficiar a vale dentro deste contexto é o fortalecimento do dólar. Isso porque a companhia possui receita na divisa norte-americana.
A menor dependência dos EUA e o fortalecimento do dólar, portanto, tendem a neutralizar os impactos do chamado tarifaço nas ações da Vale.
Vale a pena investir em Vale?
Apesar das incertezas no curto prazo, a empresa segue sendo monitorada de perto por analistas. De acordo com um compilado da Reuters com analistas, o mercado está dividido: 8 casas recomendam compra dos papéis e outras 9 possuem indicação neutra para as ações VALE3.
Entre os que mantêm visão positiva, o Itaú BBA destaca a expectativa de retomada de rentabilidade, com recomendação outperform para as ações. O Bradesco BBI também destaca os fundamentos da empresa, com atenção para o impacto da cotação do minério nos resultados futuros.
Já a XP Investimentos possui uma recomendação neutra para os papéis da mineradora, embora enxergue um potencial de alta de mais de 22% para os papéis da empresa neste ano. Para a companhia, as perspectivas pouco inspiradoras para o minério de ferro contribuem para a avaliação.
Preço-alvo VALE3
O Itaú BBA possui preço-alvo para VALE3 de R$ 74, o que representa potencial de valorização cerca de 32%.
A XP Investimentos também possui um preço-alvo acima do patamar atual, mas inferior ao previsto pelo Itaú BBA: R$ 66 para 2025. Já para os ADRs da Vale, negociados em Nova York, a estimativa da casa é de US$ 11.
O Bank of America tem projeção de US$ 11 para o ADR da companhia. Já o BB Investimentos estima R$ 65 para as ações da Vale (VALE3), com base em melhorias operacionais e avanço em produtividade.