BTG mira “virada silenciosa” da Vale (VALE3) e diz que companhia virou a página dos seus maiores riscos
A Vale entrou em um novo ciclo de confiança para o mercado, segundo o BTG Pactual, que publicou uma atualização do seu modelo BRAVE às vésperas do Vale Day. O banco afirma que o investidor pode estar diante de um ponto de inflexão da mineradora, apoiado por fundamentos mais fortes do minério e por um avanço consistente da tese de redução de riscos.
O que está por trás da reavaliação do BTG sobre a Vale
O relatório, assinado pelos analistas Leonardo Correa e Marcelo Arazi, afirma que a empresa parece ter superado um período de desafios institucionais relevantes. Eles citam o passado recente marcado por Brumadinho, Samarco e instabilidades operacionais, mas destacam que a percepção do mercado mudou significativamente.
Segundo os analistas, a companhia vem entregando uma combinação rara no setor: fundamentos sólidos, disciplina financeira e melhora em áreas que antes eram focos de preocupação. Isso ocorre em um momento em que o banco vê uma conjuntura favorável para o minério de ferro, reforçada pela sazonalidade positiva do fim do ano.
O BTG ressalta ainda que, mesmo após a valorização recente, a ação segue com desconto relevante em relação às concorrentes australianas, negociando a cerca de 4 vezes EV/EBITDA enquanto os pares aparecem entre 5 e 6 vezes. Para o investidor que olha preço versus risco, essa diferença não apenas chama atenção como influencia diretamente o potencial de retorno.
Vale, BRAVE e as projeções para retorno ao acionista
Um ponto central do relatório é o BRAVE, modelo simplificado de avaliação criado pelo BTG para facilitar a análise de risco e retorno da companhia. A metodologia permite testar cenários rapidamente a partir de poucas variáveis, como preço do minério, volume de vendas e múltiplos de mercado.
Mesmo sendo um modelo conservador, o banco observa que a Vale oferece fluxo de caixa livre estruturalmente superior ao das rivais. Os analistas estimam que o retorno em dividendos pode girar entre 10 e 11 por cento em 2026, caso o cenário-base se confirme.
Apesar de enxergar upside na ação, o BTG reforça que o modelo deixa de fora potenciais destravamentos, como a recuperação mais vigorosa da divisão de Metais Básicos, ganhos comerciais adicionais no minério e eventuais novos projetos. Para o banco, esses elementos funcionam como opções não precificadas.
No documento, Correa e Arazi afirmam que “o bottom-up da empresa é o mais sólido que vimos em muito tempo”, uma visão reforçada pela combinação de fundamentos resilientes e menor percepção de risco corporativo.
Para o BTG, o conjunto de fatores que sustentam a reprecificação da Vale pode marcar um ciclo mais previsível e favorável à geração de valor, especialmente se a commodity mantiver o padrão positivo observado no fim do ano