Ucrânia fala em data para invasão, mas Rússia indica acordo; petróleo dispara

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, sinalizou nesta segunda-feira (14) uma possível data para o ataque da Rússia ao país, que ocorreria na próxima quarta-feira, dia 16. O presidente Vladimir desmentiu e sinalizou uma solução diplomática. Em meio a esse cenário de incertezas, o preço do petróleo foi às alturas — batendo os US$ 95 o barril. As bolsas em Nova York sentiram o impacto da tensão geopolítica: o Dow Jones recuou 0,50%, o S&P500 caiu 0,39% e Nasdaq fechou estável. O Ibovespa se descolou do mercado americano e fechou em leve alta de 0,29%, aos 113.899,19 pontos, após oscilar entre 113.358,16 e 114.167,00. O dólar fechou em queda.

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O governo ucraniano sugeriu que o dia seja considerado um “dia da unidade”, celebrando a união da Ucrânia. “Nos disseram que 16 de fevereiro seria o dia do ataque. Vamos transformá-lo em um dia de unidade”, disse o chefe de Estado em discurso à população.

Em sua fala, Zelensky pediu aos ucranianos para hastearem a bandeira nacional nesta quarta-feira e mostrarem as cores azul e amarela do país.

Horas depois, Mykhailo Podoliak, conselheiro do presidente da Ucrânia, disse à CNN que Zelensky estava sendo “irônico” sobre uma invasão russa no dia 16, sugerindo que não existe uma data definida para o ataque. Ao contrário, o interesse do presidente estaria em apaziguar a situação.

Depois, um conselheiro de Volodymyr Zelensky afirmou que a afirmação foi uma ironia. “[A Ucrânia] aspira a paz e quer resolver todas as questões apenas por meios diplomáticos”, disse Zelensky em seu discurso sobre o “dia da unidade”. Porém, não deixou de acrescentar que a Ucrânia é forte e está preparando “respostas dignas a todas as possíveis ações agressivas”, garantiu o chefe de Estado.

A análise do governo americano é diferente: o porta-voz do Pentágono John Kirby declarou que Putin não vai emitir avisos sobre uma possível invasão da Ucrânia. “Seria pouco inteligente se o fizesse”, afirmou, citando falas do presidente da Ucrânia de que a invasão ocorreria na próxima quarta. Mas Kirby repetiu que a Rússia se prepara para o ataque, que “pode ocorrer a qualquer momento”.

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Vladimir Putin dá sinais de resolução diplomática com Ucrânia

Também nesta segunda-feira, o governo de Vladimir Putin sinalizou que está aberto para uma solução diplomática com o Ocidente. Os primeiros sinais foram dados por ministros russos em um encontro televisionado no Kremlin.

O chanceler Sergey lavrov disse na transmissão que a Rússia deve continuar negociando com o Ocidente, e que “há possibilidade de um acordo”. Segundo Lavrov, os EUA apresentaram “propostas concretas” para reduzir as tensões entre as nações.

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O telefonema entre Joe Biden, presidente dos Estados Unidos, e Vladimir Putin, presidente da Rússia, no último sábado (12), foi visto como positivo por membros do governo russo, mas não o suficiente. A Otan (clube militar liderado por Washington) e a União Europeia ainda não seguiram o mesmo caminho de Washington.

“Eu acho que há sempre chance [de um acordo]. E me parece que nossas possibilidades estão longe de terem sido exauridas. Neste ponto, eu sugiro que continuemos a trabalhar nelas”, disse Lavrov.

Bolsas de NY fecham na maioria em baixa, em sessão volátil com tensão na Ucrânia

As bolsas de Nova York fecharam sem sinal único nesta segunda, 14, em uma sessão marcada pela volatilidade inspirada pelas preocupações com a tensão entre Ucrânia e Rússia. Ao longo do dia, relatos sobre uma potencial incursão militar tiveram impacto nos papéis, enquanto tratativas diplomáticas entre os principais líderes envolvidos foram observadas. Ao longo da semana, além das tensões geopolíticas, as atenções deverão seguir ainda o Federal Reserve (Fed), que terá a ata de sua última reunião de política monetária publicada na quarta-feira, 16.

O índice Dow Jones fechou em queda de 0,49%, em 34.566,17 pontos, o S&P 500 recuou 0,38%, a 4.401,67 pontos, e o Nasdaq ficou estável, a 13.790,92 pontos.

Em mais uma sessão repleta de indicativos sobre os caminhos possíveis para o desenrolar da crise na Ucrânia, a interpretação de comentários do presidente do país, Volodimir Zelensky, teve alguns dos maiores impactos nos mercados. A principio, a divulgação de que o líder havia dito que uma invasão pela Rússia deveria ocorrer na próxima quarta-feira pressionou as ações. Por sua vez, sinalizações posteriores de que o presidente não havia sido literal deram algum fôlego aos mercados.

Levando em conta o Fed, hoje presidente da distrital de St. Louis, James Bullard, afirmou que a credibilidade da autoridade monetária está em jogo, em meio à escalada da inflação. O dirigente repetiu que defende aumento em 100 pontos-base na taxa básica até 1º de julho. Para ele, esse processo pode ocorrer de maneira “organizada”, sem provocar turbulências nos mercados. Neste cenário, o Goldman Sachs reviu sua expectativa para o nível do S&P 500 ao fim deste ano, de 5.100 a 4.900 pontos.

De qualquer forma, o banco continua a esperar alta em relação ao nível atual. O Goldman realizou o ajuste na expectativa após resultados de balanços do quarto trimestre. Além disso, lembra que seus economistas preveem sete elevações de juros pelo Fed ao longo de 2022, com o juro da T-note de 10 anos avançando a 2,25%.

Entre os destaques, a Boeing chegou a subir em dia que anunciou que atingiu mais de US$ 2 bilhões em vendas online de peças no ano passado, uma cifra recorde. Em comunicado, a empresa detalhou que vendeu quase 70 mil produtos a clientes comerciais e de governos em 2021, superando níveis anteriores ao da pandemia de covid-19. Por sua vez, as ações da companhia terminaram em queda de 1,06%.

Dólar fecha em queda de 0,46% mesmo com crise geopolítica

Com relatos de fluxo de recursos estrangeiros para ativos domésticos e perspectiva cada vez maior de taxa Selic na casa de 12%, o dólar à vista recuou no mercado doméstico de câmbio na sessão desta segunda-feira, 14, a despeito de a moeda americana ter ganhado força em relação a ampla maioria de divisas fortes e emergentes. Afora uma pequena alta na primeira hora de negócios, quando tocou na máxima do dia (R$ 5,2665), a divisa trabalhou em baixa durante todo o pregão, operando em diversos momentos abaixo da linha R$ 5,20 – uma barreira técnica que, se superada em um fechamento, poderia abrir uma janela para nova rodada de apreciação do real, dizem operadores.

O rumo dos ativos hoje foi muito influenciado pelo vaivém das expectativas sobre os desdobramentos da crise geopolítica, em meio a relatos contraditórios sobre uma iminente invasão russa à Ucrânia. No fim da manhã e início da tarde, sinais de que os russos estavam dispostos a negociar com as potencias Ocidentais deram certo fôlego as bolsas em Nova York e tiraram um pouco da pressão sobre o dólar lá fora. O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, chegou a afirmar que uma saída diplomática ainda é possível. Foi quando, por aqui, a moeda registrou mínima, descendo até R$ 5,1957 (-0,89%).

O caldo voltou a entornar no exterior na reta final dos negócios no mercado local, quando uma incursão da Rússia em território ucraniano voltou a ser o cenário mais provável. O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, afirmou, em vídeo publicado no seu perfil oficial no Facebook, que foi avisado de que a Rússia atacará o país na próxima quarta-feira, dia 16. Na sequência, os mercados acionários americanos aprofundaram as perdas e o índice DXY – que mede o desempenho do dólar em relação a uma cesta de seis divisas – acelerou os ganhos e voltou a toar o patamar de 96,300 pontos.

Por aqui, o dólar diminui bastante o ritmo de queda e, após operar por certo tempo na casa de R$ 5,22, fechou a R$ 5,2185, em queda de 0,46%. Com baixa de 1,65% em fevereiro, a moeda já acumula perda de 6,41% em 2022. Entre os pares do real, o rand sul-africano e o peso mexicano também conseguiram ganhar terreno frente ao dólar, mas com desempenho inferior ao da moeda brasileira. Após o encerramento dos negócios, surgiram relatos, de um alto funcionário do governo ucraniano, de que Zelensky teria sido irônico quando se referiu ao suposto ataque russo na quarta-feira.

Em meio à tensão na Ucrânia, mais uma vez operadores relataram entrada de fluxo estrangeiro para ativos domésticos e citaram a taxa de juros elevada do Brasil como a principal razão para o fôlego do real. Além de atrair capitais de curto prazo para operações de carry trade, os juros domésticos encarecem o hedge e desencorajam montagens de posições compradas (que apostam na alta do dólar).

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Com informações do Estadão Conteúdo

Monique Lima

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