Trump tarifa Brasil em 50%: veja o impacto sobre o mercado financeiro
Acompanhe as notícias em tempo real Atualizado em: 10/07/2025 17:25O anúncio da tarifa de 50% às importações de produtos brasileiros, feita pelo presidente Donald Trump nesta quarta-feira (9), deve afetar os mercados e levantar a dúvida que sempre impacta o investidor: o que fazer agora e como obter a maior rentabilidade nesse cenário?
A nova tarifa só entra em vigor em 1º de agosto, e ainda não houve uma ordem executiva de Trump para formalizar a mudança, O governo brasileiro, por sua vez, não aceitou a carta enviada pelo líder norte-americano. Muitas negociações devem ocorrer no campo comercial até uma definição.
Os impactos já foram sentidos logo na abertura dos mercados, com o dólar passando de R$ 5,60 depois de um período de queda. Vamos publicar aqui as impressões do mercado a respeito das decisões e seus impactos sobre os investimentos.
Ibovespa reduz ritmo de queda; dólar perde força
Após iniciar a sessão em queda de quase 1%, o Ibovespa está recuperando parte do fôlego nesta tarde. Por volta das 16h40, o principal índice acionário da bolsa brasileira recua 0,36%, aos 136.987,93 pontos.
O movimento de alta do dólar diante do real também perdeu força durante a tarde. Às 16h43, a divisa estadunidense sobe 0,70%, negociada em R$ 5,542 na compra e na venda. Na abertura da sessão, a moeda norte-americana chegou a subir mais de 2%.
Ativos pós-fixados podem ser estratégicos neste momento, destacam especialistas
Em meio à imposição da tarifa anunciada pelo presidente Donald Trump às exportações brasileiras aos Estados Unidos, especialistas destacam que ativos pós-fixados de renda fixa podem ser estratégicos para proteger o patrimônio.
“Nesse cenário, acredito que faz mais sentido buscar ativos pós-fixados porque protege o investidor da abertura dos juros, não trava em taxas atuais (que podem ser revistas para cima e permite aproveitar melhor oportunidades futuras, inclusive prefixados mais atrativos depois da reprecificação do mercado”, explica Anderson Kuntzler, planejador financeiro CFP®️, conselheiro financeiro e especialista em investimentos.
Segundo Jeff Patzlaff, planejador financeiro e especialista em investimentos, alocar parte do patrimônio em IPCA+ também pode ser estratégico para proteção contra a inflação no médio e longo prazo, além de aproveitar o prêmio real de cerca de 7–8 % ao ano.
“Este horizonte atual sugere que é mais prudente evitar mudanças bruscas ou encerrar posições de renda fixa. O momento será favorável para decisões mais arriscadas quando quedas nos juros ou uma estabilidade nas relações comerciais se confirmar”, destaca Patzlaff.
Mineradoras e siderúrgicas sobem em bloco no Ibovespa
Por volta de 13h46, o Ibovespa opera em 136.548 pontos, recuando 0,67% no dia. Apesar disso, há forte valorização das ações de mineradoras e siderúrgicas. A Vale (VALE3) está cotada a R$ 54,04, avançando 4,6%, enquanto a Gerdau (GGBR4) chega a R$ 16,79 (+3,2%) e a CSN (CSNA3) dispara 5,6%, a R$ 7,93.
O movimento ocorre no mesmo contexto do anúncio de tarifas de 50% dos EUA sobre produtos brasileiros: apesar do impacto generalizado, exportadoras com pouca exposição aos EUA — como Vale e siderúrgicas — seguem em alta, puxadas também pela valorização do dólar.
Dólar perde força, mas segue em alta
O dólar hoje segue operando em alta diante do real, apesar de ter perdido força nas últimas horas. Por volta das 12h30, a moeda norte-americana sobe 0,77%, negociada em R$ 5,545 na compra e R$ 5,546 na venda.
Mais cedo, o dólar chegou a avançar mais de 2%, operando na casa dos R$ 5,62.
Ibovespa continua no vermelho; EMBR3 lidera quedas
Em dia marcado pela repercussão da tarifa anunciada por Donald Trump, o Ibovespa segue amargando perdas. Por volta das 12h, o principal índice acionário da bolsa brasileira está operando em queda de 0,69%, aos 136.537,19 pontos.
Maiores altas:
CSNA3 — +5,42%
VALE3 — + 5,11%
BRAP4 — +4,52%
CMIN3 — +3,79%
GGBR4 — +3,69%
Maiores quedas:
EMBR3 — -7,52%
BEEF3 — -4,38%
CSAN3 — -4,08%
B3SA3 — -3,94%
MGLU3 — -3,39%
IFIX reage, mas segue em queda
Mesmo sem relação direta com as tarifas de comércio exterior, o mercado de fundos imobiliários opera em queda nesta quinta-feira (10). Às 12h, o IFIX operava aos 3.468,64 pontos, queda de 0,40% em relação à véspera. Às 10h30, o índice de FIIs registrou a mínima do dia, em 3.465,60 pontos.
Maiores altas:
BROF11 — +0,58%
RBRP11 — +R$ 0,24
LIFE11 — +0,45%
RBRY11 — +0,43%
OUJP11 — +0,40%
Maiores quedas:
PATL11 — -3,30%
LVBI11 — -2,12%
ZAVI11 — -1,26%
AJFI11 — -1,24%
CVBI11 — -1,15%
Itaú BBA destaca ações impactadas pela tarifa
Um relatório do Itaú BBA identificou ações brasileiras que podem sofrer com a nova tarifa de 50% sobre produtos importados do Brasil, anunciada pelo governo dos EUA.
A Embraer (EMBR3) pode ter até US$ 150 milhões de impacto no EBIT só entre agosto e dezembro. Cerca de 60% da receita da empresa vem da América do Norte. O BBA aponta riscos de queda nas margens e adiamento de entregas, mas destaca que a dependência das companhias aéreas americanas pode mitigar parte do impacto.
Além disso, Tupy (TUPY3), Mahle Metal Leve (LEVE3) e Weg (WEGE3) também estão na lista. A Tupy pode ter 14% da receita afetada e pode avaliar transferir produção ao México. A Mahle tem 10% da receita exposta, mas menos flexibilidade para deslocar fábricas. Já a Weg pode realocar parte da produção e limitar os efeitos, mas ainda pode rever suas projeções de lucro.
VALE (VALE3) lidera ganhos do Ibovespa
Na contramão da Embraer (EMBR3), as ações da Vale (VALE3) estão liderando os ganhos do Ibovespa hoje. Por volta das 11h20, os papéis da mineradora estão subindo 4,53%, a R$ 56,49.
Os papéis da companhia podem se beneficiar, ao menos no curto prazo, da tarifa anunciada pelo presidente norte-americano Donald Trump. Isso porque as imposições tarifárias estão fortalecendo o dólar diante do real, o que é positivo para a mineradora, que possui receita na divisa estadunidense. Além disso, o principal mercado comprador da Vale é a China, e não os Estados Unidos.
Haddad diz que tarifa de Trump é ‘insustentável’
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta quinta-feira, 10, que a tarifa de 50% anunciada na quarta-feira (9) pelo governo americano contra produtos brasileiros é uma decisão eminentemente política e sem fundamento econômico. Para Haddad, a medida é insustentável tanto do ponto de vista econômico quanto do político, de modo que não deve ser mantida.
“Eu acredito que essa decisão é uma decisão eminentemente política porque ela não parte de nenhuma racionalidade econômica”, comentou o ministro, lembrando que a balança de comércio e serviços bilateral é superavitária do lado americano. O déficit do Brasil nas trocas de bens e serviços com os Estados Unidos, salientou, somou US$ 400 bilhões nos últimos 15 anos. “Então não há racionalidade econômica na medida que foi tomada”, reforçou Haddad.
Segundo Haddad, o próprio secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, já havia reconhecido, em reunião, que havia espaço para negociar até mesmo a tarifa de 10%, inicialmente anunciada no tarifaço de Trump, dada a posição deficitária do Brasil. “Ele próprio Bessent reconheceu que com 10% havia espaço para negociar.”
Ao dizer que não acredita na manutenção da tarifa de 50%, Haddad salientou que a diplomacia brasileira é reconhecida no mundo inteiro como uma das mais profissionais. “O nosso Itamaraty sabe negociar, sabe sentar a mesa”, assinalou o ministro da Fazenda.
Com Estadão Conteúdo
Embraer (EMBR3) lidera quedas do Ibovespa
As ações da Embraer (EMBR3) estão liderando as quedas do Ibovespa nesta manhã. Por volta das 11h05, os papéis da companhia derretem 6,33%, negociados em R$ 73,26.
A empresa é considerada como uma das principais “vítimas” da tarifa anunciada pelo presidente norte-americano Donald Trump, visto que possui forte exposição aos Estados Unidos, com 60% das vendas voltadas ao país.
XP vê impactos no câmbio e na inflação
Para a XP Investimentos, a tarifa de 50% pode ter, além de impacto direto nas exportações, os efeitos relevantes no câmbio, na inflação (especialmente em caso de retaliação do Brasil) e no investimento direto estrangeiro. Os EUA detêm a maior posição de IDE no Brasil em termos de participação societária: dos US$ 1,1 trilhão de estoque de IDE no país, os EUA respondem por US$ 280,4 bi (26,7%).
Entre as empresas listadas, a Embraer (EMBR3) é vista como a mais impactada, caso tenha que absorver integralmente a tarifa de 50%, sem repassar ao consumidor. No setor de Óleo e Gás, embora a relevância das exportações para os EUA seja significativa, há possibilidade de redirecionamento para outros mercados. O Brasil também importa dos EUA derivados de petróleo, gás natural e químicos, o que pode ser afetado em caso de retaliação — empresas como a Braskem (BRKM5) poderiam se beneficiar com maior preço e participação de mercado nas resinas plásticas no Brasil.
Tarifa pode reduzir PIB em até 0,4 ponto percentual, diz Goldman Sachs
De acordo com estimativas do Goldman Sachs, as tarifas anunciadas por Donald Trump podem causar um impacto entre 0,3 a 0,4 ponto percentual no Produto Interno Bruto (PIB).
A estimativa feita pela instituição financeira não considera nenhuma grande retaliação por parte do governo brasileiro.
“Nossas estimativas sugerem que, caso sejam duradouras e não enfrentem retaliações significativas, essas tarifas podem ter um impacto negativo de 0,3 a 0,4 ponto percentual do PIB (dos quais cerca de 0,1 ponto já estava incluído em nosso cenário base)”, destaca Alberto Ramos, diretor de pesquisa macroeconômica para a América Latina do Goldman Sachs.
Empresas vão sofrer no curto prazo com tarifa de Trump, diz Monte Bravo
A tarifa de 50% imposta pelos EUA a produtos brasileiros, anunciada por Donald Trump na terça-feira (9), tende a inviabilizar economicamente as exportações ao país. No entanto, por se tratar majoritariamente de commodities, a expectativa é que o Brasil redirecione parte de suas vendas a outros mercados, reduzindo o impacto agregado.
A sobretaxa, com vigência a partir de 1º de agosto, recai sobre “qualquer e todo produto brasileiro”, conforme carta publicada por Trump. O ex-presidente também determinou a abertura de uma investigação formal contra o Brasil com base na Seção 301 da Lei de Comércio norte-americana.
A medida, vista como geopolítica, ocorre em meio a tensões diplomáticas envolvendo a Justiça dos EUA e o Supremo Tribunal Federal brasileiro, e pode ter como pano de fundo o alinhamento do Brasil aos BRICS, após críticas de Lula na última cúpula do grupo.
Trump alegou déficits comerciais “insustentáveis” com o Brasil, mas os dados mostram o contrário: é o Brasil que tem déficit na balança com os EUA.
Diante do cenário, analistas apontam que o Brasil deve aprofundar relações comerciais com a China — cuja corrente de comércio já ultrapassa US$ 160 bilhões — e buscar alternativas como o acordo Mercosul-União Europeia para compensar eventuais perdas.
Apesar do potencial impacto setorial, principalmente em empresas exportadoras, o efeito macroeconômico é considerado limitado. As projeções de câmbio (R$ 5,80), inflação (5,50%) e PIB (1,90%) para 2025 foram mantidas.
VALE3 e PETR4 podem se beneficiar da tarifa, aponta analista
O presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou uma tarifa de 50% sobre todas as exportações do Brasil. A medida afeta setores como agronegócio e indústria, mas pode beneficiar empresas como a Vale (VALE3), segundo o analista CNPI João Daronco, da Suno.
A Vale tem como principal mercado a China, e não os EUA. Em 2024, 49% da receita líquida da mineradora veio de negócios com o país asiático, e 60% do minério exportado teve a China como destino. Isso reduz o impacto direto das tarifas.
Além disso, o anúncio de tarifas fortaleceu o dólar frente ao real — movimento que pode favorecer exportadoras como Vale e Petrobras (PETR4). Com receitas em moeda estrangeira, essas empresas ganham quando o dólar sobe.
Daronco destaca que, mesmo com o cenário de incerteza, esse fortalecimento do dólar pode atrair investidores para ações VALE3. Isso porque exportadoras tendem a se beneficiar da valorização cambial, especialmente em tempos de instabilidade.
CEO vê “choque” para startups e empresas em crescimento
Theo Braga, CEO da SME The New Economy, vê a medida como “um choque” para o ambiente de negócios brasileiro, “principalmente para empreendedores e empresas em crescimento que viam os Estados Unidos como mercado estratégico”. Para ele, o aumento de barreiras comerciais tende a frear investimentos, travar planos de internacionalização e exigir mais criatividade.
“O país precisa responder fortalecendo o ecossistema interno, facilitando o acesso a crédito e promovendo políticas de incentivo à inovação. Em tempos de crise, os negócios que crescem são os que conseguem se adaptar rápido, revisar rotas e manter o foco na geração de valor real. O empreendedorismo precisa de ambiente estável para florescer, e isso começa com previsibilidade e visão de longo prazo”, defende o gestor.
BTG Pactual vê impacto desproporcional a setores
Em relatório, o BTG Pactual destaca que hoje cerca de 12% das exportações brasileiras têm os EUA como destino, o que é considerado uma participação “relativamente baixa”. Quando consideradas como percentual do PIB, essas exportações representam 1,7%, o que indica que o impacto econômico direto das novas tarifas deve ser limitado, embora determinados setores ou produtos possam ser afetados de forma desproporcional.
Os setores mais expostos ao mercado americano são: (i) produtos siderúrgicos semiacabados (dos quais 71,8% são exportados para os EUA), já sujeitos a tarifas setoriais superiores a 50%, e portanto não impactados pelo novo anúncio; (ii) aeronaves (63,2%); (iii) materiais de construção (57,9%); e (iv) madeira e derivados (43,2%).
Segundo o banco, produtos como petróleo (que, ao que tudo indica, seguem isentos), grãos e minério de ferro (com baixa exposição ao mercado americano), que estão entre os principais itens exportados pelo Brasil, serão pouco afetados. Exportações de commodities, especialmente agrícolas e metálicas, podem ser redirecionadas a outros mercados, ainda que com impacto nos preços.
“Assumindo a manutenção das isenções anteriores, a nova tarifa de 50% afeta agora cerca de 63% (US$ 26 bilhões) da cesta de exportações brasileiras aos EUA. Incluindo aço e alumínio — que já estavam sujeitos a tarifas de 50% — o percentual de exportações brasileiras enfrentando tarifas de 50% sobe para 72%”, diz o BTG.
Pelo cálculo divulgado no relatório, se as tarifas não forem revertidas, a estimativa é que o superávit comercial do Brasil caia US$ 7 bilhões em 2025 (para US$ 63 bilhões) e US$ 13 bilhões em 2026 (para US$ 67 bilhões).
Entre os mais afetados estão as indústrias, como Embraer (EMBR3), WEG (WEGE3) e a Suzano (SUZB3). Por outro lado, o impacto parece limitado para as empresas de óleo (por conta da possível isenção das exportações de petróleo), para as siderúrgicas (que já enfrentam tarifas de 50% e dificilmente seriam impactadas por uma nova medida) e para a maioria das companhias do agronegócio, cujos produtos têm menor relevância nas importações americanas, na visão do BTG Pactual.
Tarifa de 50% dos EUA impacta Suzano e setor de celulose; Vale e CSN também são afetadas, diz Goldman Sachs
O Goldman Sachs afirmou que a nova tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos sobre produtos importados do Brasil, anunciada por Donald Trump com início previsto para 1º de agosto, deve afetar principalmente a Suzano, devido à sua alta exposição ao mercado norte-americano — 19% das receitas líquidas da empresa vêm dos EUA. A medida agrava tarifas setoriais já existentes, como a de 50% sobre o aço, e poderá alcançar 100% em alguns casos.
Segundo o relatório, Suzano (SUZB11) enfrentará dificuldades para redirecionar suas exportações a curto prazo, por conta de contratos de longo prazo com exigências específicas de qualidade, e pode sofrer pressão nos preços. O banco também destaca que a exportação de celulose brasileira aos EUA representa 78% do consumo norte-americano de fibra curta, o que pode gerar desequilíbrios de oferta e demanda se a tarifa for mantida.
Outras empresas com exposição relevante incluem CSN (5% dos embarques de aço), Vale (3% da receita líquida), Klabin (2%), Gerdau (1%) e Dexco (1%). A maioria dos produtos são commodities com baixo grau de diferenciação, o que teoricamente permitiria algum redirecionamento para outros mercados — mas com impacto logístico e potencial queda de preços.
No setor de aço, as novas tarifas se somam às já aplicadas pela Seção 232, elevando o total a 100%. O Brasil é o segundo maior exportador de aço aos EUA, principalmente de placas.
Ibovespa e IFIX caem na abertura
A B3, como se esperava, abriu com forte volatilidade na manhã desta quinta-feira (10). O Ibovespa operava em queda de 0,87%, aos 136.287,63, às 10h27; o IFIX, índice de fundos imobiliários, caía 0,46%, aos 3.466,57, no mesmo horário.
“Brasil deve diversificar mercados”
Pedro Da Matta, CEO da Audax Capital., diz que a imposição de uma tarifa de 50% pelos EUA contra produtos brasileiros reforça a urgência de o Brasil diversificar mercados e reduzir sua dependência de acordos comerciais frágeis.
“Essa medida cria uma camada adicional de instabilidade para empresas que já operam sob incertezas cambiais e pressão tributária. O impacto nos fluxos de caixa, nas margens e na capacidade de captação de recursos será significativo, especialmente para empresas médias com menor resiliência. É o tipo de cenário que exige inteligência financeira, reestruturação rápida e acesso a capital estratégico. O Brasil precisa agir com firmeza, oferecendo alternativas concretas para que o setor produtivo mantenha competitividade e preserve valor em meio ao aumento das tensões geopolíticas”, afirma o gestor.
Juros futuros sobem na esteira do dólar
Os juros futuros sobem na esteira dos ganhos do dólar ante o real na manhã desta quinta-feira, 10, em especial no mercado à vista, cotado a R$ 5,620 mais cedo, com ganho superior a 2%, pois já havia encerrado o pregão da véspera quando o presidente Donald Trump anunciou a tarifa de 50% às importações brasileiras a partir do dia 1º de agosto.
O dólar futuro de agosto entrou em leilão nos primeiros negócios, atrasando a abertura e rodava perto de R$ 5,65 por volta das 9h20, com ganho de cerca de 0,60%. O IPCA de junho acima da mediana pressiona as taxas mais curtas.
A inflação medida pelo IPCA registrou alta de 0,24% em junho, ligeiramente abaixo dos 0,26% de maio, conforme o IBGE. O resultado ficou dentro do intervalo esperado pelos analistas, cuja mediana era 0,20%. No ano, a inflação chegou a 2,99%, e nos últimos 12 meses, atingiu 5,35%, também alinhado às projeções do mercado, que variavam entre 5,25% e 5,37%.
O coordenador do IPC-Fipe, Guilherme Moreira, avalia que o índice segue em trajetória de queda, devido, principalmente, à sazonalidade dos alimentos in natura neste período do ano. No entanto, avalia que o grupo de Habitação, cuja alta de preços passou de 0,30% no encerramento de junho para 0,38% na primeira quadrissemana de julho, deve fazer com que o índice retorne ao terreno positivo ao longo do mês.
O Japão suspendeu a importação de frango, ovos e derivados de carne de frango do município de Meleiro, em Santa Catarina, após a confirmação de um caso de gripe aviária em aves de produção de subsistência no município. Também estão suspensas pelo Japão a entrada de aves vivas e ovos férteis provenientes de todo o Estado de Santa Catarina.
A China criticou a politização do comércio pelos EUA ao generalizar o uso do conceito de “segurança nacional” ao aplicar tarifas de 50% sobre o cobre.
Com Estadão Conteúdo
Indústria e agro estão entre setores mais afetados
Jorge Ferreira dos Santos Filho, economista e professor de Administração da ESPM, acredita que a medida deve impactar diretamente setores estratégicos da economia brasileira. “A indústria de base, especialmente a siderurgia, além do agronegócio e do setor têxtil, tendem a ser os mais atingidos.”
Santos alerta ainda para possíveis efeitos secundários sobre os juros e o câmbio. “A percepção de aumento do risco Brasil pode pressionar a curva de juros e dificultar o início da tão esperada queda da Selic no segundo semestre. Se esse cenário persistir, é possível que a taxa permaneça em torno de 15% por mais tempo do que o previsto.”
O economista também projeta uma desaceleração econômica provocada pela queda nas exportações e pelo aumento da aversão ao risco entre investidores internacionais. “Com a fuga de capitais, o dólar tende a subir, já que os investidores passam a priorizar ativos mais seguros, como os títulos do Tesouro americano, em vez de investir no Brasil.”
Não venda nada de imediato, avisa Sung
O economista-chefe da Suno, Gustavo Sung, alerta que o investidor deve tomar cuidado com qualquer movimentação de portfólio num momento inicial. Em live na noite de quarta-feira (9) com outros profissionais da casa, ele destacou que movimentos bruscos em momentos de queda podem levar a prejuízos, e que o investidor deve estar atento, numa janela de oportunidades, para aproveitar preços descontados.