Balanço da TOTVS (TOTS3) divide o mercado: ERP acelera, mas RD Station ainda derrapa
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A TOTVS (TOTS3) apresentou um 3º trimestre de 2025 com crescimento robusto em receita e lucro, impulsionado pela divisão de Gestão (ERP) e pela melhora em sua operação financeira, a Techfin. Ao mesmo tempo, a RD Station — unidade voltada a marketing e vendas digitais — teve desempenho mais tímido, ofuscando parcialmente os bons números do consolidado.
Mesmo com a divisão de marketing patinando, a TOTVS entregou resultados considerados sólidos pelo mercado. O BTG Pactual resumiu o trimestre dizendo que “o resultado foi forte onde mais importa, no core de Gestão, com margens acima do esperado e execução consistente”.
A empresa, por sua vez, manteve o discurso de confiança no modelo recorrente. “O trimestre reforça a previsibilidade do nosso modelo de negócios e a relevância da TOTVS como parceira tecnológica do setor corporativo brasileiro”, afirmou no release de resultados.
Margens recordes e caixa robusto impulsionam confiança
O balanço do 3T25 mostrou receita líquida de R$ 1,56 bilhão, alta de 17,8% em relação ao mesmo período de 2024. O EBITDA ajustado atingiu R$ 404,8 milhões, com margem de 26%, o maior nível já registrado pela companhia.
A receita recorrente somou R$ 1,42 bilhão, representando 91,5% do total, e o ARR (receita anual recorrente) chegou a R$ 6,27 bilhões, crescimento de 18,5%.
O destaque, novamente, veio da unidade de Gestão, que faturou R$ 1,39 bilhão, crescimento de 18%, com margem bruta de 72,8% e EBITDA de R$ 384,5 milhões. A solução de Inteligência Tributária adicionou cerca de R$ 16 milhões ao ARR, ajudando a empurrar a taxa de retenção de clientes para 98,6%.
“O desempenho em Gestão mostra a força do produto principal e a capacidade de manter rentabilidade mesmo com custos pressionados”, avaliou o BTG.
A TOTVS também mostrou melhora na geração de caixa: o fluxo de caixa livre foi de R$ 280,5 milhões, alta de 54%sobre o ano anterior. Com isso, a companhia encerrou o trimestre com caixa líquido de R$ 60 milhões, revertendo o endividamento e consolidando o equilíbrio financeiro.
RD Station perde ritmo enquanto Techfin acelera
A RD Station, principal aposta da TOTVS no segmento de marketing digital, teve desempenho mais contido. A receita subiu 15%, para R$ 161,9 milhões, e o EBITDA foi de R$ 20,3 milhões, com margem de 12,6%.
A empresa atribuiu parte da desaceleração às mudanças no modelo de cobrança do WhatsApp Business, que agora é segregado entre SaaS e Transacional.
“A nova classificação dá mais clareza à performance do negócio e reforça o foco em receita recorrente de software”, explicou a TOTVS no documento.
O BTG ponderou que “a RD Station veio abaixo das expectativas, crescendo menos que o previsto, mas a TOTVS compensou amplamente com o desempenho em Gestão e Techfin”.
Para os analistas, a unidade de marketing tende a ser mais sensível a custos e à reoneração da folha, o que limita repasses de preço e margens.
Enquanto a RD freou, a Techfin avançou firme. A originação de crédito chegou a R$ 3,4 bilhões (+11%), e a receita líquida de funding subiu 30%, para R$ 102 milhões. O EBITDA do braço financeiro foi de R$ 25,5 milhões, com lucro líquido de R$ 16,1 milhões, sinalizando ganho de escala.
“O crescimento vem com rentabilidade e baixo risco de crédito, reforçando o papel estratégico da Techfin dentro do ecossistema TOTVS”, destacou o release.
TOTVS se consolida, mas mira ajustes no marketing digital
Com ROIC de 19,9% e margens recordes, a TOTVS reforça sua posição como líder em software de gestão corporativa no Brasil. O BTG manteve recomendação comprada (Buy) para TOTS3, destacando que a companhia “segue entregando crescimento e margens em expansão, mesmo em um ambiente macro ainda desafiador”.
A TOTVS encerrou o trimestre enfatizando seu foco em inovação e integração entre software, dados e serviços financeiros. “Seguimos fortalecendo o ecossistema TOTVS e gerando valor sustentável para nossos clientes e acionistas”, afirmou a empresa.
O mercado, porém, mantém o radar ligado na performance da RD Station, que ainda precisa provar fôlego para acompanhar o ritmo do ERP. Caso o ajuste do modelo transacional surta efeito, a TOTVS pode entrar em 2026 mais equilibrada, e com espaço para mais uma rodada de surpresas positivas no balanço.