Tenda (TEND3) despenca 25% e MRV (MRVE3) derrete 12%; entenda por quê

A Tenda (TEND3) registrou prejuízo líquido de R$ 268,5 milhões no quarto trimestre de 2021 (4T21), revertendo o lucro de R$ 72 milhões do 4T20.

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Para a Guide, diferentemente do que foi apresentado na prévia operacional, o resultado do 4T21 da Tenda “não foi neutro e muito menos sem surpresas”. A corretora viu o balanço como negativo e o mercado também. Em relatório, a XP destacou no título que a construtora teve “outro trimestre para esquecer”.

Nesta sexta (11), após a divulgação dos números, as ações da Tenda despencam mais de 20%, avaliadas em R$ 9,31 por volta das 13h (horário de Brasília). Despencaram 25,12% no fechamento, cotadas a R$ 9,17. Junto com a Tenda, caíram outras empresas do setor de construção civil:

O setor foi abalado ainda pela escalada da inflação, com a divulgação dos dados do IPCA de fevereiro. O indicador deve se traduzir em juros mais altos, prejudicando a demanda por financiamento habitacional.

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Custos maiores derrubam margem da Tenda

O lucro antes juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) da Tenda foi negativo em R$ 216,9 milhões no 4T21, contra um resultado positivo de R$ 110,2 milhões no 4T20. Já a receita líquida da construtora somou R$ 517,2 milhões entre outubro e dezembro de 2021, queda de 24,6% na comparação com igual etapa de 2020.

A Tenda oferece ao mercado guidance em dois valores: lançamentos e margem bruta. Segundo a Genial, no quesito lançamentos, 2021 acabou dentro do guidance, com R$ 3,1 bilhões lançados frente aos R$ 3,0 – R$ 3,2 bi esperados.

Já a margem bruta, mesmo após duas revisões de guidance ao longo do ano, ficou longe de ser atingida. A tenda entregou uma margem bruta de 20%, enquanto a expectativa revisada era de 26 – 28% – valor já distante do ponto de eficiência operacional do setor, que é de 32 – 34%.

A XP Investimentos analisa que os resultados da Tenda no quarto trimestre foram prejudicados pelo aumento dos custos, que foram muito acima do esperado.

“[A tenda foi] negativamente impactada por uma inflação de custos de construção ainda forte, perda de produtividade mais forte do que o esperado devido à pandemia e uma falha estratégia de orçamento de infraestrutura”, escreve o analista Ygor Altero, especialista em real estate da XP.

Em seu relatório trimestral, a Tenda justifica que o resultado foi impactado pelo andamento de obras devido as revisões orçamentárias ao longo dos projetos.

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Operacional foi o ponto positivo?

“Apesar dos resultados financeiros fracos, no lado operacional a Tenda apresentou números sólidos, em grande parte impulsionados por lançamentos robustos de R$ 836 milhões no 4T21 (+32% T/T e -6% A/A)”, diz o relatório da XP.

Além disso, Altero destaca que as vendas contratadas mais fortes no 4T21 foram impactadas principalmente pelo maior volume de lançamentos no período de outubro a dezembro de 2021.

“Assim, a velocidade de vendas permaneceu positiva, em 31,9% no 4T21 (-1,1% T/T e -0,6% A/A), mesmo com a Tenda elevando seu preço médio por unidade para R$ 158 mil no 4T21 (+11,5% A/A)”.

Para a Genial, esse movimento foi positivo somente em parte, já que  esses valores positivos não se traduziram em receita. “Com uma revisão orçamentária gigantesca, as obras sofreram regressão do PoC (prova de conceito) e, pela natureza contábil de empresas de construção civil, provocaram uma queda grande da receita líquida“, analisa Luis Assis, especialista em real estate da Genial.

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Recomendações para a Tenda

Após os resultados do 4T21 da Tenda, a Genial reiterou sua recomendação neutra para a empresa, com preço alvo de R$ 17,00. Com o fechamento de ontem (R$ 12,25) como referencial, o potencial de valorização das ações TEND3 visto pela corretora é de 38,78%.

Já a XP tem recomendação de compra para as ações da Tenda, com preço-alvo de R$ 38,00 – mais que o triplo da avaliação dos papéis no fechamento de ontem.

Pelo consenso de mercado Refinitiv, a Tenda tem 11 recomendações de casas de análise, sendo oito de compra, duas neutras e apenas uma de venda. A mediana dos preços-alvo é de R$ 28,50, equivalente a um upside de 132,65% em 12 meses.

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Monique Lima

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