Taesa (TAEE11): ausência em leilão de energia é mau sinal para dividendos; entenda por quê

A Taesa (TAEE11) confirmou que não vai participar do leilão de transmissão de energia que será promovido pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) no próximo dia 28 de março. Segundo o presidente da empresa, Rinaldo Pecchio Junior, a ausência se dá em função do nível de endividamento da empresa.

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O anúncio é relevante pois traz sinais sobre os dividendos da Taesa, que, segundo analistas, devem ser reduzidos. Em relatório após o balanço da Taesa do quarto trimestre, o Itaú BBA, por exemplo, projetou dividendos mais fracos em 2025, em razão de fatores como o impacto negativo do IGP-M e a alavancagem da empresa.

O Safra, que recomenda venda para as ações da Taesa, chama a atenção para as menores receitas e as maiores despesas da companhia de transmissão, que, segundo a casa, tem uma “posição de alavancagem relativamente alta”.

Nesse cenário de aumento das despesas e alta alavancagem, a participação em um novo leilão de energia não seria um bom negócio para as contas da empresa. Acontece que, como explica Arlindo Souza, analista da Levante Corp, novos contratos de concessão são a principal forma de uma empresa transmissora de energia ter uma fonte de receita contratada. A Taesa tem alguns contratos com vencimento entre 2030 e 2032, que são prazos relativamente curtos para companhias do tipo. Com isso, à medida que esses contratos vencem, a receita sofre um impacto negativo.

“Portanto, a Taesa já deveria estar preocupada com a renovação do seu portfólio. Ou seja, com o alongamento da duração dos contratos. Caso contrário, eles vão se encerrar e a empresa vai perder receita e geração de caixa, o que, a longo prazo, se reflete nos dividendos”, comenta.

Logo, a empresa se vê em um “dilema”. Não há recursos em demasia para participar de um leilão de energia; ao mesmo tempo, o caixa fica em xeque caso novos contratos não sejam assinados.

“A alavancagem da Taesa já é maior que 3x dívida líquida/ebitda, acima de outros pares do setor. Então a gente não vê espaço para a empresa financiar novos projetos. Quando uma companhia arremata um lote novo, ela financia esse projeto de forma alavancada. Ou seja: elas assumem dívida, usam esse dinheiro para financiar o investimento e, quando o projeto está em operação, a receita começa a pagar o empréstimo e, aí sim, começa a sobrar dinheiro para remunerar o acionista”, diz Arlindo, que acredita que a Taesa deve adotar uma postura mais conservadora em relação aos investimentos.

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Dividendos da Taesa: causa, efeito e solução

Um dos principais motivos que fizeram a Taesa chegar ao atual patamar de alavancagem, segundo Arlindo, foi o pagamento de proventos. A política de dividendos da empresa estabelece um payout mínimo de 50%, o que levou a transmissora a se tornar uma das “queridinhas” do mercado quando o assunto é a distribuição de lucros. 

No entanto, o pagamento dos proventos da Taesa vem superando a capacidade de geração de fluxo de caixa livre da empresa. Ou seja: o excesso de caixa que sai precisa ser coberto de alguma forma, mas essa compensação não está acontecendo de forma plena. 

“A opção mais provável a ser adotada para reduzir a alavancagem é a redução do patamar de dividendos, para que sobre mais caixa e a empresa possa fazer uma readequação da sua estrutura de capital. Outras opções incluem um follow-on ou a venda de ativos, mas a situação não parece tão preocupante nesse nível”, analisa Arlindo.

É por causa desse cenário que muitas casas de análise estão reticentes quanto ao pagamento de dividendos da Taesa daqui em diante. E o analista da Levante Corp também entra nessa lista.

“A gente já viu uma redução bem acentuada nos dividendos pagos. Em 2022, foram quase R$ 1,7 bi. Em 2023, R$ 1 bi, e na nossa projeção, este ano deve ser pago algo em torno de R$ 500 milhões”, afirma.

Como ficam as ações da Taesa?

Após o balanço do quarto trimestre, no qual a Taesa reportou lucro líquido regulatório de R$ 301,1 milhões, algumas casas de análise atualizaram as suas visões para TAEE11. O BB Investimentos, por exemplo, recomenda compra para os papéis da Taesa, mas outros bancos possuem visão um pouco mais pessimista. Veja a seguir:

  • Genial Investimentos: manter, com preço-alvo de R$ 35
  • Itaú BBA: venda, com preço-alvo de R$ 35,95
  • Safra: venda, com preço-alvo de R$ 31,80
  • BTG Pactual: venda, com preço-alvo de R$ 35

Arlindo Souza, analista da Levante Corp, por sua vez, prefere olhar para outras empresas do setor de energia que, segundo ele, apresentam valuation mais atrativo.

“De forma geral, a Taesa é uma empresa muito bem tocada. Mas, quando olhamos para valuation, é um papel caro, com múltiplos acima de seus pares diretos e sem um crescimento contratado que compense. Por isso, existem outras empresas do setor com upsides mais atraentes, como Isa Cteep (TRPL4), Alupar (APLU11) e Eletrobras (ELET3)”, completa

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Guilherme Serrano Silva

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