STF suspende investigação sobre Fabrício Queiroz

O Supremo Tribunal Federal (STF) suspendeu nesta quinta-feira (17) a investigação sobre Fabrício Queiroz.

O ex assessor do senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL) estava sob procedimento investigativo criminal. O Ministério Público do Rio de Janeiro estava apurando movimentações financeiras atípicas de Fabrício Queiroz e de outros assessores da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj). O Supremo Tribunal Federal (STF) ordenou a suspensão “até que o Relator da Reclamação se pronuncie”.

A informação foi divulgada pelo MP do Rio de Janeiro. Entretanto, não foram informados os motivos da decisão cautelar proferida nos autos da Reclamação de nº 32989. “Pelo fato do procedimento tramitar sob absoluto sigilo, reiterado na decisão do STF, o MPRJ não se manifestará sobre o mérito da decisão”, informou o Ministério Publico carioca em nota.

O pedido de suspensão da investigação teria sido apresentado ao STF pelo próprio Flávio Bolsonaro.

Saiba mais: Fabrício Queiroz diz que movimentação atípica vem de comércio de carros

E ex-policial militar Fabrício Queiroz se tornou o protagonista do caso de movimentações financeiras suspeitas na Alerj. O ex-assessor de Flávio Bolsonaro foi investigado por ter movimentado valores incompatíveis com sua renda. As transações bancárias atípicas de Queiroz, investigadas pelo MP, se repetiram nas contas bancárias de ao menos outros 28 servidores da Alerj. As movimentações foram apuradas pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf).

Fabrício Queiroz, Flávio Bolsonaro e o Coaf: entenda o caso

O Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), órgão administrativo do Ministério da Fazenda que examina ocorrências suspeitas de lavagem de dinheiro) apurou movimentação de R$ 1.236.838 entre 1º de janeiro de 2016 e 31 de janeiro de 2017 na conta de Queiroz, que na época recebia R$ 23 mil. Michelle Bolsonaro, mulher do presidente Jair Bolsonaro, foi mencionada como favorecida do ex-assessor no relatório.

Michelle, que no período era secretária parlamentar de Jair Bolsonaro, recebeu de Queiroz um cheque de R$ 24 mil. O presidente eleito justificou que o cheque era pagamento de um empréstimo antigo feito ao ex-motorista do filho.

O depósito feito na conta de sua esposa devia-se ao fato de Jair não possuir o hábito de ir ao banco.

O relatório do Coaf apontou operações atípicas nas contas de 74 servidores e ex-servidores da Alerj. No início de dezembro foram presos 10 deputados no início no Rio de Janeiro na Operação Furna da Onça, desdobramento da Lava Jato.

Movimentações do ex-assessor de Flávio Bolsonaro

Confira abaixo as suspeitas levantadas pelo Coaf:

  • R$ 324.774 em saques em espécie
  • R$ 41.930 em cheques compensados

Em apuração do RJ2 foram reveladas movimentações milionárias de pessoas que trabalham ou trabalharam em 22 gabinetes de deputados que passaram pela Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj).

Alguns dos deputados não foram alvo da operação Furna da Onça.

Tais transações ocorreram no mesmo período da movimentação atípica de Fabrício Queiroz. O total dessas operações chega a cerca de R$ 207 milhões.

Assim, mais suspeitas envolvem o ex-assessor: saques em dinheiro que somam R$ 324 mil no intervalo de um ano. E, deste valor, R$ 159 mil foram sacados numa agência bancária no prédio da Alerj.

De acordo com o jornalista Lauro Jardim, dentre os familiares de Queiroz que também trabalharam com Flávio Bolsonaro e receberam menção no relatório do COAF estão:

  • Nathalia Melo de Queiroz, a mulher de Fabrício. Trabalhou com o filho do presidente eleito entre 2007 e 2016. Após ser exonerada, tornou-se secretária parlamentar de Jair Bolsonaro na Câmara dos Deputados
  • Márcia Oliveira de Aguiar, filha do ex-motorista
  • Evelyn Mello de Queiroz, outra filha do ex-assessor

Ainda de acordo com os dados levantados pelo Coaf, grande parte dos depósitos em espécia na conta de Queiroz é paralela às datas de pagamento na Alerj.

Carlo Cauti

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