Startups: 5 pontos que fundos de venture capital olham antes de investir

A maior parte das startups sonha em receber seu “cheque institucional”, ganhando assim um aporte robusto para balizar suas ideias de negócio. O mercado, extremamente competitivo, exige que cada startup inclua em seu planejamento a atração de investidores, segundo o associate do fundo de Venture Capital Canary, Henrique Leite, que participou hoje do AWS Startup Digital Day Brasil.

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O membro do fundo, que já integrou a Pagar.me – comprada posteriormente pela Stone (STNE) – destaca que a aproximação e o contato direto são fundamentais para dar luz a boas negociações, especialmente no ramo das startups.

Atualmente o fundo possui cinco sócios e inclui, entre eles, o fundador do Peixe Urbano, Julio Vasconcellos. Recentemente o Canary participou de uma rodada de investimentos na Hashdexgestora de criptomoeadas – ao lado de gigantes como SoftBank e Coinbase Ventures, braço de venture capital da Coinbase.

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Os fundos de Venture Capital são conhecidos pela filosofia de pulverizar seu capital em diversas companhias, mesmo sabendo que apenas uma pequena parte delas vai ser um sucesso, compensando todos os demais investimentos.

Os fundos investem em muitas [startups] para poucas darem certo, então essas “poucas” têm que dar muito certo e serem transformacionais; valerem bilhões. Muitas empresas de tecnologia são muito legais como negócio, mas não têm potencial para valer tanto assim”, afirmou Leite durante o evento da AWS.

O evento, promovido pela Amazon Web Services (AWS), subsidiária da Amazon (AMZO34), discutiu perspectivas para o setor de startups e apresentou casos de diversas empresas que decolaram com suas ferramentas, consideradas predominantes no mercado.

Veja abaixo uma lista dos principais pontos que os fundos de Venture Capital analisam antes de investir em uma startup:

1. Pense com a cabeça do investidor

Para Henrique Leite, é importante que o empreendedor, antes de tudo, tenha em mente a forma de pensar dos investidores. Ou seja, pense se o modelo de negócio dele possui capacidade de se enquadrar e ser financiado por um fundo.

As startups tendem a dar um grande enfoque para os usuários, mas o especialista ressalta que também é relevante pensar na lógica de investimento e em maneiras de se aproximar dos investidores.

2. Prefira fazer contato direto

Na pandemia, muita gente reclama de reuniões que poderiam ser um e-mail. No entanto, esta frase é justamente o contrário do que o Canary procura. Para o fundo, é importante manter o contato direto e um certo approach para facilitar as negociações e ampliar a possibilidade de investimento.

“Isso tem no nosso site. Se você chegar em alguém que seja da nossa rede, é muito melhor. Prefira isso a mandar um e-mail. Não que não iremos responder, mas quando você constrói esse relacionamento com pessoas próximas dos fundos, você facilita o entendimento do fundo, o que facilita as tomadas de decisão”, ressalta.

3. Entenda o modelo de negócio da sua própria startup

Grande parte dos modelos de negócios de startups são subversivos e até incompreensíveis aos investidores mais tradicionais. Por exemplo, o último relatório do Nubank, do segundo semestre de 2020, reporta um prejuízo líquido de R$ 230,1 milhões.

Outras companhias gigantes também adotam a estratégia de queimar caixa e abandonar o lucro no curto prazo, investindo em uma ampliação robusta do negócio.

No evento da AWS, Leite ressaltou que é necessário, desde o início, entender qual o modelo de negócio de sua startup e definir se você terá foco em queimar ou gerar caixa, por exemplo.

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4. Saiba como funciona o processo de investimento em startups

Cada fundo terá seus protocolos e procedimentos, mas é necessário transparecer suas ideias e suas metas aos investidores.

Como exemplo, o Canary, de modo geral, tem uma primeira conversa com o empreendedor, algo valorizado e feito o mais rápido possível.

Depois disso, os membros têm uma conversa interna e voltam para mais duas ou três reuniões. Caso o negócio seja atraente, a negociação é acertada para que o empreendedor assine o term sheet – documento com termos e condições de um acordo comercial.

No caso do Canary, seu termo é público e consta em seu site, sendo um documento padrão de três páginas, usado com todas as startups em que o fundo investe.

5. Valorize o primeiro investidor da startup

“Gostamos de ser o primeiro fundo institucional, não gostamos de entrar depois de outras empresas. O que é comum é ter anjos”, ressalta Leite. O primeiro financiador geralmente é um ponto crucial para a empresa, e além de tudo, alguns programas têm políticas restritivas.

O Amazon Activate, por exemplo, que já apoiou empresas como a Kovi, Kustomer, Toast, Coinbase, Webflow, exige que as empresas estejam em estágios iniciais e sem financiamento institucional.

“É comum que o empreendedor chegue com pelo menos 50% da empresa. Tentamos pegar, geralmente, uns 15% da empresa; é um steak [fatia] que faz mais sentido; exatamente para o fundador da startup não estar muito diminuído dali duas ou três rodadas. Se você fizer essa conta de trás para frente, você percebe que é interessante que os investidores anjo não tenham mais do que 10 ou 15%. É importante que os anjos que você traz sejam anjos comprados nos riscos que você vai tomar como negócio, mas que também entendam os riscos do venture capital, porque muitas vezes isso pode atrapalhar a captação inicial”, ressalta Leite.

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Eduardo Vargas

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