S&P 500 tem recorde em meio a pandemia e descolamento da economia real

O recorde que o S&P 500 registrou na terça-feira (18), aos 3.389,78 pontos, recuperando as perdas causadas pela crise do coronavírus (covid-19), deixou analistas atenciosos com a situação. Enquanto as perdas da economia real norte-americana assustam (o PIB dos EUA deve cair cerca de 6,5% em 2020), o índice das 500 maiores empresas de capital aberto dos EUA atinge o nível mais alto já registrado na história.

De acordo com analistas ouvidos pelo SUNO Notícias, o movimento de alta pode ser a consequência de estímulos governamentais, em meio a um período de juros baixos no mundo, e o otimismo de investidores em relação a empresas de tecnologia, conhecidas como FAANG (Facebook, Apple, Amazon.com, Netflix e Alphabet (controladora do Google), que surfaram melhor a crise.

“Você não pode subestimar o poder das taxas de juros muito baixas”, afirmou Alberto Amparo, analista da SUNO Research. O Federal Reserve (FED), o banco central americano, manteve a taxa de juros dos EUA na faixa entre 0% e 0,25% ao ano para tentar estimular a economia em meio a crise.

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Um exemplo é o descolamento do S&P 500 do Crb index, índice de commodities feito pela “Reuters”. Enquanto o índice das 500 maiores empresas registrou o recorde histórico, o Crb ainda está em 151 pontos -longe dos 185 pontos de antes da pandemia e dos 202 pontos recordes.

“As commodities estão muito mais ligadas a economia real. Se olharmos o valuation do S&P 500, ele é negociado a cerca de 22,5x o Preço/Lucro. Isso seria 4,4% de yield”, disse Amparo.

As taxas de juros baixas também forçam o otimismo dos investidores, que precisam buscar o risco para obter uma valorização do capital.

“Hoje em dia, você não consegue nem 1% de yield em renda fixa. Assim, apesar de estar no meio da crise causada pelo coronavírus, o yield de 4,4% do S&P ainda é atraente. Os 4,4% tem crescimento no longo prazo e a taxa de juros não”, afirmou o analista.

De acordo com o analista, apesar de o S&P 500 ter um valuation elevado, o patamar não indica a formação de uma bolha.

“O valuation atual não quer dizer que o S&P 500 está barato, mas não está também em patamar de bolha”, disse.

FAANG puxam alta do S&P 500

Se as empresas ligadas as commodities ainda patinam, as FAANG continuam batendo recordes seguidos de valorização, ajudando na alta do S&P 500.

“Grande parte do S&P 500 são as FAANG. Se você tirar o Netflix e colocar Microsoft na análise, essas empresas foram muito beneficiadas pelo coronavírus”, disse Alberto Amparo.

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Só neste ano, as companhias registram cerca de 40% de valorização no S&P 500, mesmo em meio a crise. Segundo o analista da SUNO Research, as FAANG são companhias que precisam de menos capital para crescer e isso faz com que o crescimento seja menos travado pela necessidade de dinheiro. “Google e Facebook não gastam nada para vender propaganda para outras empresas. Enquanto isso, uma siderúrgica tem que economizar muito dinheiro para construir ou comprar outra e crescer”, disse.

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Vinicius Pereira

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