Softbank chegará a US$ 10 bilhões em investimentos na América Latina mesmo sob nova direção

O Softbank é o atual dono de 6 a cada 10 unicórnios – startups com mais de US$ 1 bilhão em valor de mercado – e soma US$ 8 bilhões em investimentos na América Latina.

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Agora, o Softbank planeja aumentar o volume de recursos, mudar a estrutura e o comando do fundo destinado à região, segundo fontes próximas ao conglomerado japonês.

Com isso, serão US$ 10 bilhões voltados a empresas latino-americanas de tecnologia. Historicamente, o Brasil concentra 65% dos aportes na região.

Com investimentos em 80 empresas, como Rappi, Nubank (NUBR33), Banco Inter (BIDI4) e Gympass, o fundo também deixa de ser uma operação independente e passa a ser integrado ao Vision Fund, o veículo de investimentos internacional do grupo, com US$ 140 bilhões sob gestão.

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A ideia é que a América Latina receba entre US$ 1,5 bilhão e US$ 2 bilhões em capital ao ano.

Além disso, o brasileiro Alex Szapiro e o mexicano Juan Franck tornam-se sócios-gestores da operação. O também brasileiro Paulo Passoni e o queniano Shu Nyatta, que ocupavam os cargos, deixam o Softbank.

O presidente do fundo latino-americano será o francês Marcel Combs, que assume o cargo após a saída do fundador Marcelo Claure.

Com nova direção, Softbank manterá ‘endereço’ dos investimentos

Para fontes próximas ao Softbank, as mudanças são internas e terão pouco efeito prático.

Os US$ 10 bilhões continuam carimbados com destino à America Latina – considerada um “celeiro de oportunidade” para a indústria de venture capital, que são os fundos que investem em empresas em estágio inicial ou em fase de crescimento.

De acordo com fontes, é uma solução de continuidade, já que Szapiro já comandava o fundo no Brasil e Franck estava à frente do México, países que têm os ecossistemas para empresas nascentes de tecnologia mais desenvolvidos da região.

Outro indício de que a região continua tendo relevância para o Softbank seria o fato de que o fundo já teria fechado negócios no valor de US$ 250 milhões nos três primeiros meses do ano.

Diversos acordos estariam em fase final e devem ser anunciados em breve. Para uma das fontes, agora dentro da estrutura do principal fundo do Softbank, a região poderia disputar inclusive mais recursos.

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Por trás das mudanças, está a reestruturação do fundo latino-americano após à saída de Claure do Softbank, em janeiro.

Nascido na Bolívia, ele foi o idealizador do projeto, lançado em 2019. Convenceu Masayoshi Son, fundador de um dos mais bem-sucedidos grupos de investimento em tecnologia de todo o mundo, de que a região na qual poucos prestavam atenção merecia um olhar especial.

Conseguiu um cheque de US$ 5 bilhões e criou o braço que apostou em campeões como Kavak, Creditas e Mercado Bitcoin, entre muitos outros.

Foram aplicados US$ 3,5 bilhões em 48 empresas que, em julho de 2021, já tinham valor de mercado de US$ 6,9 bilhões. A taxa de retorno em moeda local foi de 103% no período.

Ruídos rondam a direção

Segundo o New York Times, os desentendimentos começaram quando Claure quis ser remunerado à altura por serviços prestados, como ter resolvido a oferta de ações do problemático WeWork.

Teria pedido compensação de US$ 2 bilhões – o que não pegou bem na matriz. Ao mesmo tempo, Claure teria disputas com o indiano Rajeev Misra, CEO do Vision Fund.

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Sem chegar a um acordo, deixou o grupo. E isso teria aberto o caminho para Misra incorporar o fundo latino-americano.

O Softbank perdeu 43% de seu valor de mercado no último ano. Com o aumento dos juros nos EUA e a guerra na Ucrânia, muitos investidores tiraram seus recursos de empresas de tecnologia e colocaram o dinheiro em opções mais seguras, como títulos do tesouro americano e commodities.

Além disso, um dos principais investimentos do Softbank, o Alibaba, perdeu valor após o governo chinês proibir empresas do país a abrir capital no exterior. A gigante do comércio eletrônico estava em vias de fazer sua oferta inicial nos EUA.

Assim, seria um movimento natural a operação latino-americana ser incorporada ao fundo global, em vez de se levar adiante o spin-off – ou criação de uma empresa independente – como Claure teria chegado a propor. Procurado, o Softbank não respondeu a pedido de entrevista.

Com Estadão Conteúdo

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Eduardo Vargas

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