Seguradoras sentem pressão da pandemia de covid nos balanços; BB Seguridade (BBSE3) é o mais afetado

O descontrole sobre a pandemia causada pelo novo coronavírus (covid-19) não traz apenas prejuízos emocionais, com a perda de milhares de vidas, mas também afeta o vetor de saúde das seguradoras listadas na Bolsa de Valores de São Paulo (B3), como BB Seguridade (BBSE3), SulAmerica (SULA11) e Porto Seguro (PSSA3), pressionando margens e afetando lucros.

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De acordo com especialistas ouvidos pelo SUNO Notícias, o último trimestre do ano passado e os primeiros trimestres deste ano devem apertar ainda mais as verticais de Vida das companhias, já que o aumento da sinistralidade deve se manter em um patamar alto, com o atraso na vacinação e o aparecimento e chegada de novas cepas do vírus.

“[O aumento no número de mortes] deve impactar as margens das companhias, pois sinistralidade é um fator sensível de todas as operadoras, deixando a margem menor. Nas seguradoras de saúde, por exemplo, essa sinistralidade é alta”, disse Matheus Amaral, analista do Banco Inter.

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Apesar de, geralmente, o ramo de Vida representar cerca de 5% do faturamento total das seguradoras, que também comercializam proteção para os ramos de veículos, imóveis, saúde em geral, entre outros, a segunda onda da pandemia, que aumentou o número de sinistros de Vida, também fez com que os custos de saúde como um todo aumentassem.

“Do final do ano para cá, a intensidade da segunda onda castigou e, no momento em que você caminhava para a normalização, combinou a demanda reprimida com a segunda onda, então você tem o custo das seguradoras em níveis acima do histórico”, afirmou Pedro Gonzaga, analista da Pacífico Gestão de Recursos.

Houve ainda uma decisão setorial em relação a cobertura. As apólices poderiam não cobrir mortes causadas em uma pandemia, mas as empresas do setor resolveram manter a cobertura em meio ao avanço do covid-19 no mundo.

“Tipicamente, o risco de pandemia não estava previsto nos planos de seguro de Vida. Mas, como é polêmico as pessoas entenderem o que está ou não no contrato, foi uma decisão setorial de dar cobertura pois as empresas acharam que não seria um valor desproporcional”, afirmou Gonzaga.

BB Seguridade é mais afetada entre seguradoras

Entre as seguradoras listadas na Bolsa brasileira, a BB Seguridade é a mais afetada com a alta das mortes causadas pelo novo coronavírus (covid-19).

Na Brasilseg (subsidiária de seguros da BB Seguridade e responsável por 25% do faturamento da companhia), 32% dos prêmios emitidos foram do ramo de Vida em 2020. Prêmios são os valores pagos pelo cliente à seguradora em troca da transferência do risco.

Além disso, combinado com outros seguros que compreendem cobertura por morte (Prestamista, Habitacional, Vida produtor rural), o percentual chegou a 69% dos prêmios no ano passado. “Na BB Seguridade, o índice de sinistralidade de Vida aumentou bastante. Ele costumava girar em torno abaixo de 33% e foi para 49%”, disse Matheus Amaral, do Banco Inter.

Na SulAmerica, com o setor de Vida correspondendo a cerca de 5% do faturamento, a margem bruta do segmento despencou no ano passado. A companhia teve uma queda de 81,2% nesta margem em 2020, a R$ 19,3 milhões, ante 102,5 milhões no ano anterior.

Além disso, a sinistralidade subiu de 50,9% para 56,8%, com R$ 30 milhões em sinistros de covid-19 no ano passado. De acordo com especialistas ouvidos pelo SUNO Notícias, o primeiro trimestre deste ano deve trazer número ainda piores às companhias, dado o agravamento da pandemia no País.

Já na Porto Seguro, que divulgou os resultados dos três primeiros meses deste ano, a sinistralidade do Vida atingiu 44,1% no 1T21, uma alta de 16 pontos percentuais ante o mesmo período do ano anterior, que foi de 28%. A vertical Vida representa cerca de 10% dos prêmios de seguros totais da companhia.

Para Matheus Amaral, analista do Banco Inter, com os novos picos da pandemia no Brasil, o segundo trimestre deve voltar a forçar as margens das companhias de seguro para baixo.

“Devemos observar, agora, e no segundo trimestre o efeito da segunda onda, com medidas implementadas em abril, podendo ver uma ação das pessoas voltando aos hospitais e a covid piorando o cenário, disse sobre as seguradoras.

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Vinicius Pereira

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