Sabesp (SBSP3) lidera perdas no Ibovespa com novidades sobre privatização. Por que a ação caiu?

As ações ordinárias de Sabesp (SBSP3) despencaram no Ibovespa nesta terça-feira (1), liderando as quedas do índice, com o mercado repercutindo a notícia de que o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, confirmou que o modelo de follow-on, oferta subsequente de ações, foi o escolhido para a privatização da companhia. A informação tinha sido antecipada pelo Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado.

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No fechamento as ações ordinárias da Sabesp caíram 4,13%, cotadas a R$ 55,70.

Cotação SBSP3

Gráfico gerado em: 01/08/2023
1 Dia

Além da alternativa selecionada, outros três modelos foram analisados para a desestatização da Sabesp, segundo Tarcísio. O primeiro deles seria parecido com o da Eletrobras (ELET3), com regras mais rígidas e maior pulverização de capital. Na lista apareceram ainda a possibilidade de venda parcial ou total da companhia.

“Vamos seguir modelo de follow on, buscando investimentos de longo prazo”, afirmou o governador de São Paulo em coletiva de imprensa realizada na noite desta segunda-feira, 31.

Tarcísio considera que esse é o modelo mais adaptável para Sabesp por ser mais flexível. “O objetivo é oferecer uma maior concentração de capital para atrair investidores de referência”, complementou.

A expectativa é de que esse modelo de privatização da Sabesp garanta investimento para todos os municípios do Estado, mesmo os que não apresentam vantagem econômica. A redução da tarifa é outro benefício citado pelo governador.

O que os analistas acharam sobre o modelo de privatização?

Em relatório, analistas do Santander chamaram a atenção para a falta de detalhes sobre o modelo escolhido, mas mantiveram sua recomendação ‘outperform’, equivalente a compra, para as ações de Sabesp, com preço-alvo a R$ 83,75. “Acreditamos que a pronta divulgação de mais detalhes será fundamental para sustentar o bom momento da ação”, disseram.

Na visão de Fábio Lemos, sócio da Fatorial Investimentos, a notícia de que a privatização da Sabesp será realizada via follow-on é positiva, o que vai atrair mais investimentos para empresa, mantendo o Estado de São Paulo como acionista minoritário. Ele lembrou ainda que, na semana passada, a Sabesp também anunciou expansão de projetos de saneamento na região metropolitana de São Paulo no valor de R$ 470 milhões.

“O mercado como sempre seguiu a regra do ‘sobe no boato e cai no fato’. Em síntese, a empresa continua apresentando bons resultados e vemos como positivo esse processo de privatização, mas, como o papel já havia ‘antecipado’ o movimento de alta, vemos de forma saudável essa correção de hoje”, pontuou.

Ainda de acordo com Lemos, o mercado aguardava que o governador de São Paulo divulgasse mais dados sobre os investidores estratégicos (que já estariam interessados) e principalmente a regra do direito a voto na nova corporação. “Isso ficou para janeiro de 2024, frustrando o mercado, mas não muda a boa gestão que a empresa está tendo, mesmo em meio a incertezas de fins regulatórios”, acrescentou.

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‘Estado continua acionista da empresa’

O Governo do Estado de São Paulo seguirá acionista da Sabesp mesmo após a privatização da companhia, segundo o governador. No entanto, a definição da participação, que hoje é de 50,3%, ainda será decidida.

“O Estado não vai sair completamente da empresa, apenas do controle. Seguirá com participação minoritária, acompanhando o crescimento da empresa”, afirmou Tarcísio durante coletiva de imprensa promovida na noite desta segunda-feira, 31.

A possibilidade de o Estado receber golden shares, ações com poder de veto para decisões de caráter estratégico, está sendo estudada, segundo a secretária de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística de São Paulo, Natália Resende.

Uma possível trava na participação privada na Sabesp também está sendo analisada pelo governo, de acordo com o secretário de Parceria em Investimentos, Rafael Benini.

Queremos evitar na Sabesp o que aconteceu com a Eletrobras, diz Rafael Benini

O secretário de Parcerias e Investimentos do Estado de São Paulo, Rafael Benini, afirmou que o governo paulista quer evitar o chamado “risco Eletrobras” na privatização da Sabesp.

“A gente quer que o Estado tenha uma participação (na Sabesp, após a privatização) parecida com a trava (de participação dos acionistas) para não acontecer a mesma coisa que aconteceu com a Eletrobras, o risco Eletrobras”, afirmou Benini ao Broadcast Político.

O secretário fez referência à ação em que o governo Luiz Inácio Lula da Silva questionou, no Supremo Tribunal Federal (STF), as regras para privatização da Eletrobras. O petista quer maior poder decisório na empresa.

Segundo Benini, o episódio gerou temor no mercado financeiro, e o governo paulista quer definir um modelo de privatização que dê maior segurança jurídica aos futuros acionistas. “O que a gente ouviu muito do mercado é que isso se tornou um risco. A gente quer evitar. Dependendo da participação que o Estado for ficar, mais ou menos por ali que a gente vai colocar a trava”, explicou o titular da SPI.

Ainda segundo Benini, a ideia de colocar uma trava de participação para os acionistas é uma forma de pulverizar a governança na empresa e evitar que ela tenha um único controlador. “Não quero vender a Sabesp para alguém, não quero que ela tenha outro controlador, ela tem que travar a participação de todo mundo.”

O secretário afirmou que ainda não se sabe qual será a trava, mas o desejo do governo é de que ela seja maior que a da Eletrobras, que ficou em 10%, e menor que 30%. “Não vou mais de 30% porque, a partir de 30%, ele vira um acionista. Não quero um controlador. Quero pulverizar, mas não quero pulverizar tanto, mas ainda quero ter acionistas que consigam influir na administração da Sabesp.”

Com Estadão Conteúdo

Giovanni Porfírio Jacomino

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