Rússia recomenda que produtores suspendam exportação de fertilizantes

O governo da Rússia recomendou que produtores suspendam temporariamente a exportação de fertilizantes por problemas logísticos causados pela guerra contra a Ucrânia, informou a agência de notícias russa Interfax, nesta sexta-feira (4).

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De acordo com a Interfax, a recomendação partiu do Ministério da Indústria e Comércio da Rússia, que soltou um comunicado dizendo que as entregas de fertilizantes não estão sendo feitas por atos de “sabotagem”.

No dia 1º de março, as empresas de transporte marítimo Maersk e MSC Cargo anunciaram a suspensão temporária de todo o transporte de contêineres em direção ou partida da Rússia, o que tem dificultado as operações de exportações do país.

“Tendo em vista a situação atual dos operadores logísticos estrangeiros e os riscos associados, o Ministério da Indústria e Comércio da Rússia foi obrigado a recomendar aos produtores russos a suspensão temporária do embarque de fertilizantes para exportação até que os transportes sejam retomados.”

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O diretor de Fertilizantes da consultoria StoneX, Marcelo Mello, diz que a recomendação do governo russo a exportadores locais confirma o efeito das sanções impostas ao país.

“Na prática, a recomendação confirma o que se esperava: que o fluxo de exportações russas fosse ficar interrompido. Eles alegam que é um problema de logística, mas o que está por trás da questão do transporte são as sanções”, disse Mello, ao Estadão/Broadcast Agro.

O governo brasileiro reconhece as dificuldades de importar fertilizantes da Rússia em meio à guerra na Ucrânia. Ontem, a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, descartou totalmente a possibilidade da importação de fertilizantes russos durante o conflito e reconheceu o impacto do conflito na Europa nos preços dos alimentos.

“Temos suspensão desse comércio porque não temos como pagar esses produtos, nem navios para carregar. Enquanto houver guerra, é totalmente descartada a possibilidade de receber fertilizantes”, afirmou Tereza Cristina, nesta quinta-feira, 3, durante transmissão ao vivo nas redes sociais do presidente Jair Bolsonaro (PL). Ao lado dele, a ministra disse, ainda, que o Irã vai substituir o abastecimento de uréia que viria da Rússia.

A Rússia é um dos maiores produtores de fertilizantes. É o segundo maior exportador mundial de nitrogenados e terceiro maior exportador global de fosfatados e potássicos, contribuindo com 16% dos adubos exportados no mundo. Os russos são os principais fornecedores de adubo ao Brasil, com cerca de 20% do volume internalizado anualmente.

Brasil pode sair prejudicado sem os fertilizantes da Rússia

O governo brasileiro informou que os estoques de fertilizantes que o país tem devem durar até outubro deste ano. Segundo a ministra da Agricultura Tereza Cristina, até o momento não há riscos de desabastecimento, mas a escalada dos preços é um fator de preocupação.

Segundo Cristina, enquanto durar a guerra entre Rússia e Ucrânia, está descartada a possibilidade de o Brasil receber fertilizantes da Rússia ou de Belarus, país aliado do país de Vladimir Putin.

Com isso, cresceu a preocupação dos agricultores brasileiros em relação à compra dos insumos para o plantio da safra 22/23, que tem início no segundo semestre deste ano. Os fertilizantes são importantes para adubar, preparar e estimular a terra para receber a plantação.

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O Brasil importa cerca de 85% dos fertilizantes que o país consome. A Rússia e Belarus são duas das principais fornecedoras, e também são os países que têm sofrido os maiores embargos por conta da guerra.

Para contornar a situação, o governo brasileiro tem se movimentado. A ministra Tereza Cristina disse que vai ao Canadá no próximo dia 12 para negociar, visto que o país é o quarto maior fornecedor mundial. Outra medida é o “Plano Nacional de Fertilizantes“, que o governo federal deve lançar no final de março.

Sem a Rússia no radar de importação, o governo pretende aumentar a produção local e reduzir a dependência de compra de estrangeiros.

Plano nacional de fertilizantes será lançado este mês, disse ministra nesta quinta (3)

Em meio à guerra entre Rússia e Ucrânia, que ameaça a oferta de grande parte dos fertilizantes importados pelo Brasil, o governo federal vai lançar este mês um plano nacional para ampliar a produção do insumo no país. A informação é da ministra da Agricultura, Tereza Cristina. 

Os fertilizantes, especialmente nitrogênio, fósforo e potássio, são largamente utilizados pelo setor agrícola brasileiro, mas 80% deles são importados, e a Rússia e a Belarus são dois dos principais fornecedores do produto ao Brasil. No momento, no entanto, em decorrência das sanções econômicas aplicadas contra russos e bielorrussos, por causa da invasão à Ucrânia, o Brasil não tem conseguido trazer os fertilizantes destes países.

“O Brasil, no passado, não fez um programa nacional para a produção própria de fertilizantes. Fizemos uma opção errada, lá atrás, de ficarmos importando nitrogênio, fósforo e potássio”, afirmou a ministra durante a live semanal do presidente Jair Bolsonaro nas redes sociais. No caso do fósforo, considerado um dos fertilizantes mais importantes, a dependência externa chega a 93%.

Segundo a ministra, uma cerimônia de entrega do plano será realizada no final de março, no Palácio do Planalto. Apesar de coincidir com uma crise de abastecimento do produto, o plano vinha sendo pensado há mais tempo.

“Esse plano está pronto, não foi por causa desta crise. Isso nós pensamos lá atrás, no seu governo, de que o Brasil, uma potência agro, não poderia ficar nessa dependência, do resto do mundo, de mais de 80% nos três produtos, de vários países”, disse a ministra durante a live com Bolsonaro.

Um grupo de trabalho chegou a ser formado há quase um ano e envolveu representantes de nove ministérios.

Segundo Teresa Cristina, o plano trará um diagnóstico sobre a oferta de fertilizantes no Brasil e poderá ter como resultado, por exemplo, propostas legislativas para facilitar a produção de fertilizantes no país, como regras de licenciamento ambiental para exploração de jazidas e até permissão para extração dos minerais em terras indígenas.

Ontem (2), durante coletiva de imprensa, falando sobre a guerra da Rússia com a Ucrânia, a ministra da Agricultura afirmou que não há problemas com a safra neste momento – porém, a safra de verão, no final de setembro e outubro, também gera preocupação.

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Com informações do Estadão Conteúdo

Monique Lima

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