Renda fixa em dólar? Veja como investir na classe de ativo
Desde que o dólar caiu abaixo de R$ 5 – e oscila próximo a esse patamar – a demanda de investidores que se interessam por produtos atrelados à moeda americana aumentou.
De uma forma geral, os produtos mais associados ao dólar são as ações, dado que os Estados Unidos são um país de um capitalismo pujante e competitivo e o gráfico do S&P mostra correções temporárias em meio a um crescimento vertiginoso e contínuo – podendo somar a alta do dólar à rentabilidade das empresas listadas em Wall Street.
Apesar disso, investidores que querem uma segurança a mais e procuram ativos diferentes para dolarizar o patrimônio podem encontrar ativos de renda fixa dos EUA.
Historicamente falando, o momento atual é oportuno para adquirir essa classe de ativo, já que os EUA costumam ser um país de juro zero, e no momento o Federal Reserve (Fed) atua com altas de juros sucessivas para conter uma tensão inflacionária que se instalou no país.
Conforme explica William Castro Alves, estrategista-chefe da Avenue, a renda fixa em dólar pode oferecer uma rentabilidade interessante para o investidor, pagando a variação do dólar somada a uma rentabilidade relativamente atrativa.
“Temos o maior juro nos EUA desde 2007, e agora que investidores te perguntam como se beneficiar disso, tem tido uma demanda muito grande, exatamente por veículos de renda fixa, para aproveitar dessa ‘nova realidade’ de juros, algo que não se via há muito tempo”, comenta.
“No Brasil você tem IPCA+5, por exemplo, e hoje você facilmente consegue acessar um título de renda fixa de ‘Dólar+5’. Olhando para o passado, o dólar rendeu 9% mais alguma coisa ao ano. Se repetíssemos isso ao longo dos anos, você tem um rendimento igual ou melhor do que a Selic”, segue.
O especialista destaca que dentro desse universo é possível comprar Bonds diretamente – com os títulos de renda fixa em si -, mas também atrelar o patrimônio à renda fixa com fundos e ETFs.
“Os fundos fazem ainda mais sentido em alguns casos, já que você precisa de gestão ativa eventualmente, e há uma prateleira grande de produtos. Além disso temos os ETFs, os ativos listados, e surgem os novos ETFs todo os dias”, ressalta Castro.
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De quanto eu preciso para investir em renda fixa em dólar?
Como exemplo, na Avenue – que recentemente foi adquirida parcialmente pelo Itaú (ITUB4) – é possível investir em produtos atrelados ao dólar com cerca de R$ 200.
Com uma cifra de US$ 40 na conversão o investidor pode adquirir os produtos de ETFs, que são os mais acessíveis, e então atrelar o patrimônio à renda fixa.
“Tem uma questão de custos e corretagem, mas você já consegue comprar ETFs atrelados a uma T-Bill ou a uma treasury notes, ou uma carteira de bonds. Já a partir de US$ 1 mil você consegue investir em fundos com gestão ativa, fruto de um esforço em conjunto com a BlackRock. Grande parte dos fundos tem como investimento mínimo entre US$ 1 mil e US$ 2 mil”, explica Castro.
No caso dos bonds tradicionais, o mínimo é de cerca de US$ 10 mil em todos os locais, levando em consideração a regulação do mercado atualmente.
Em casos de dívida do governo ou de uma empresa brasileira, com menor liquidez, o investimento mínimo se aproxima de US$ 50 mil.
Mercado em crescimento
Com mais investidores buscando aproveitar juros mais altos, além das corretoras especializadas, casas mais tradicionais buscaram oferecer renda fixa em dólar.
Em meados de abril a XP ampliou o acesso a produtos com exposição à renda fixa internacional, com a opção de investimento diretamente em reais, em uma nova família de Certificados de Operações Estruturadas.
São ativos com exposição a títulos de dívida privada ou pública em dólar e que podem ser emitidas por empresas e governos locais ou internacionais. O investimento ‘piso’ nesse caso é de R$ 5 mil.
“Os novos produtos simplificam o acesso a títulos internacionais para clientes brasileiros, permitindo investimentos que possuem exposição à renda fixa americana diretamente do Brasil. Além do ticket mínimo mais baixo do que a média do mercado, o cliente tem uma experiência simplificada para acesso de um produto customizado e ainda ser mais uma opção de diversificação para a carteira dos nossos clientes”, afirma Lucas Rabechini, diretor de Produtos Financeiros da XP.
Produtos – ainda mais – conservadores
Além das bonds – que são os títulos mais ‘tradicionais’ -, bancos e corretoras também oferecem títulos de alta liquidez e com rentabilidade e risco menor, que também podem ser atrelados ao dólar.
Com isso, uma forma de aplicar na renda fixa americana é por meio da compra de CDs (Certificados de Depósito), um produto muito parecido com o CDB brasileiro.
“Ao investir em CDs, o investidor consegue dolarizar uma parte da carteira, o que atende tanto o objetivo de quem busca diversificação quanto o de quem quer proteção em moeda americana”, afirma Rafael Haddad, planejador financeiro do C6 Bank
“Além de travar uma taxa prefixada elevada por mais tempo, ainda há a vantagem cambial. O retorno para o cliente é maior quando o dólar se valoriza”, completa, sobre a renda fixa em dólar.