Ações da Raízen (RAIZ4) despencam mais de 14% com dívida bilionária; entenda
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As ações da Raízen (RAIZ4) registram forte queda nesta quinta-feira (14) após a divulgação dos resultados do primeiro trimestre da safra 2025/26. Por volta das 15h30, os papéis caíam mais de 14%, refletindo a reação negativa do mercado ao prejuízo bilionário e ao aumento expressivo do endividamento.

No período, a companhia reportou prejuízo líquido de R$ 1,8 bilhão, revertendo o lucro de R$ 1,1 bilhão obtido no mesmo período do ciclo anterior. A dívida líquida da Raízen somou R$ 49,2 bilhões, alta de 56% em um ano, elevando a alavancagem para 4,5 vezes, mais que o dobro do registrado no 1T25.
Entenda a dívida bilionária da Raízen (RAIZ4)
O principal ponto de preocupação do mercado após a divulgação dos resultados da companhia está na escalada do endividamento. A dívida líquida da Raízen atingiu R$ 49,2 bilhões no primeiro trimestre da safra 2025/26, alta de 56% em relação ao mesmo período do ciclo anterior.
A alavancagem, medida pela relação entre dívida líquida e Ebitda, passou de 2,3 vezes para 4,5 vezes em um ano, mais que dobrando. Parte dessa elevação, segundo a própria empresa, ocorreu devido a uma reestruturação do passivo, com substituição de dívidas de curto prazo e condições menos favoráveis por instrumentos de longo prazo e custo mais competitivo.
“Não temos nem detalhes, nem certeza de uma potencial operação. O que a gente tem é uma conversa ativa que envolve os controladores, Shell e Cosan (CSAN3), para avaliar mecanismos de acelerar essa jornada e reduzir o risco”, destacou Rafael Bergman, CFO da Raízen.
A empresa estuda a possibilidade de aporte de capital, que pode ser feito pelos acionistas atuais ou por novos investidores. De acordo com o CEO Nelson Gomes, este ainda não será o ano em que a empresa vai “gerar caixa orgânico”, destacando que a companhia precisa “continuar avançando na questão operacional e de portfólio” para melhorar a rentabilidade e reduzir a dívida.
Resultados trimestrais já eram esperados pelos analistas
O BB Investimentos avaliou que os números do trimestre confirmam o cenário desafiador já percebido nos meses anteriores, com efeitos combinados de fatores climáticos e dificuldades no segmento de mobilidade. Segundo o relatório, os resultados negativos “refletem o impacto das queimadas e das dificuldades competitivas no segmento de mobilidade”.
A casa destacou que a alavancagem da companhia saiu de 2,3 vezes no ano anterior para 4,5 vezes, enquanto o prejuízo líquido de R$ 1,8 bilhão representou 14,8% do valor de mercado da Raízen. Para o BB, a atual estrutura de capita está ineficiente para gerar valor ao acionista e o processo de ajuste deve levar mais tempo que o previsto inicialmente, especialmente após a revisão das premissas usadas em sua modelagem.
Já o BTG Pactual avaliou que o Ebitda de R$ 1,9 bilhão ficou 18% abaixo do registrado no mesmo período do ano passado, mas superou em 6% suas estimativas. Apesar da retração, o banco destacou pontos positivos: “o balanço patrimonial permanece pressionado, mas está mais limpo, líquido e com menos riscos financeiros vindos do trading”.
O BTG também apontou que margens mais altas no segmento de combustíveis no Brasil superaram concorrentes e ajudaram a compensar parte das dificuldades operacionais da Raízen (RAIZ4). No entanto, alertou para a pressão do endividamento, com custo anualizado de R$ 6,2 bilhões.