Quem são e o que querem os coletes amarelos que protestam na França

A França está vivendo semanas de intensos protestos levados adiante pelos chamados “coletes amarelos”.

Os “gilet jaunes” (coletes amarelos, na tradução para o português) são manifestantes que, em centenas de milhares, protestaram em todo o país nos últimos dois fins de semana.

Na semana passada, cerca de 300 mil pessoas marcharam em toda a França, bloqueando estradas e avenidas.

Neste sábado (24) a polícia francesa entrou em confronto com os manifestantes pelas ruas de Paris.

Protestos dos “coletes amarelos” acabam em confrontos em Paris

Gás lacrimogêneo e canhões de água foram usados contra eles.

Mas quem são e o que querem essas pessoas? Como esse movimento começou? E onde pode acabar?

Quem são os coletes amarelos?

Os coletes amarelos são cidadãos franceses de todas as classes sociais.

Eles não têm uma organização formal ou um líder reconhecido.

Além disso, não são ligados a nenhum partido político.

Uma situação muito parecida com as das manifestações de julho 2013 no Brasil.

Seus comunicados falam, genericamente, de um protesto “do povo francês”.

As mobilizações, assim como as principais informações, são divulgadas pela internet, principalmente no Facebook.

Em sua pagina na rede social pode se ler que “os coletes amarelos são pessoas como eu e você (…) um aposentado, um artesão, um estudante, um desempregado, um empresário (…) especialmente uma pessoa preocupada que não consegue pagar as contas no final do mês”.

Quais são os motivos do protesto?

Os coletes amarelos protestam contra a erosão do poder de compra e as chamadas “políticas contra os carros” do governo Macron.

Depois de um ano em que o preço da gasolina aumentou 15% e do diesel 23%, o executivo francês decidiu aumentar os impostos sobre os combustíveis a partir de janeiro.

Além disso, o governo também reduziu os limites de velocidade, aumentou os controles e introduziu incentivos para carros híbridos ou elétricos.

Os manifestantes protestam contra o aumento dos preços dos combustíveis, e dizem que jamais poderão comprar um carro elétrico porque custa demais.

Entretanto, o protesto se tornou rapidamente uma manifestação contra as políticas econômicas de Macron.

Durante as marchas, manifestantes carregavam cartazes com slogans “Macron, renúncia” e “Macron, ladrão”.

Muitos acusam o presidente de mentir para o povo e de ser corrupto.

Macron vive seu momento mais baixo de popularidade desde o começo de seu mandato, em 2017.

Onde isso tudo vai parar?

O governo francês escolheu a linha-dura para enfrentar os coletes amarelos.

O presidente Macron e o primeiro-ministro, Édouard Philippe, já declararam na televisão que o executivo não voltará atrás.

Entretanto, a tensao continua subindo pelas ruas das cidades francesas.

Os coletes amarelos já salientaram que não aceitarão o aumento dos impostos e continuarão as manifestações.

O risco é que o confronto acabe degenerando em violência urbana, como ocorreu em outras ocasiões na história recente francesa.

O temor das autoridades é que, entre os coletes amarelos, se infiltrem também extremistas de direita e de esquerda.

 

 

 

Carlo Cauti

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