Projeções de bancos para a Selic disparam com agravamento do risco fiscal

Nas últimas 48 horas, o risco fiscal do Brasil aumentou e com isso os bancos decidiram revisar a projeção da taxa básica de juros (Selic) para cima. As projeções foram modificadas devido à aversão ao risco inflada pela sinalização do ministro da Economia, Paulo Guedes, de implementar o Auxílio Brasil fora do teto de gastos, e pela movimentação para mudar as regras do teto.

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Segundo o Instituto Fiscal Independente do Senado (IFI), o rombo no teto com as mudanças anunciadas pelo governo será de R$ 95,6 bilhões. Dessa forma, as instituições preveem uma alta para a taxa Selic nas próximas duas reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom).

O UBS vê o aumento em 150 pontos base e projeta que a taxa deva encerrar 2021 a 9,25% ao ano (a.a), ante os 8,25% esperados antes. Para o próximo ano, a estimativa é de 10,25% a.a. Por sua vez, o Credit Suisse agora estima que a Selic seja de 8,75% no final do ano e 10,5% no próximo ano.

Já a Ativa Investimentos elevou a projeção de 9,25% para 10,50%, com ciclo de alta terminando na terceira reunião de 2022.

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“O resultado para a economia é sombrio: o mercado já prevê uma alta na casa dos 125 pontos base para a Selic para as próximas duas reuniões do Copom deste ano e, consequentemente, um crescimento econômico bem reduzido para o ano que vem”, analisa o relatório da Guide Investimentos.

Após a notícia da possibilidade de quebra do teto de gastos, os mercados reagiram negativamente. O principal índice da Bolsa de Valores, Ibovespa, despencou 3,31%, a 107.233 pontos na quinta-feira (21), já o dólar decolou 2,04% frente ao real, valendo R$ 5,67.

O Ministro da Economia, Paulo Guedes, confirmou que parte do pagamento do Auxílio Brasil, programa que pretende substituir o Bolsa Família e pagará um benefício de R$ 400, está fora da regra fiscal.

Durante um evento virtual de entidade da construção civil, Paulo Guedes apontou que no que depender da equipe econômica, o Auxílio Brasil poderá ser financiado com cerca de R$ 30 bilhões fora do teto de gastos. Segundo o economista, o movimento não seria necessário se o Senado tivesse aprovado a reforma do Imposto de Renda.

Com isso, o mercado está apreensivo com a possibilidade de quebra do teto de gastos.

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Focus mantém estimativa e Itaú eleva perspectiva para Selic

Na última divulgação do Boletim Focus, segunda-feira (18), os especialistas mantiveram a Selic inalterada em 8,25%. Trata-se da 4ª semana que o valor se mantém.

Para 2022, o Boletim Focus manteve a previsão de elevação registrada na semana passada, de 8,75%. A taxa é utilizada como ferramenta de política monetária do Banco Central para conter a inflação, que por sua vez deve encerrar esse ano a 8,69%.

Já na semana passada, o Itaú (ITUB4) decidiu elevar sua projeção para a taxa Selic para 8,25% ao final deste ano, subindo para 9,0% no início de 2022, “nível em que encerrará o atual ciclo de alta.”

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Poliana Santos

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