Grana na conta

Alta do PIB não impede queda do Ibovespa por aversão externa ao risco

Após subir no início do pregão, o Ibovespa, principal índice da B3, aprofunda o ritmo de queda, renovando mínimas na casa dos 108 mil pontos, em dia de resultado do PIB. O avanço de 1,2% registrado no segundo trimestre de 2022 ante o primeiro trimestre de 2022 fez o Produto Interno Bruto (PIB) do País ficar 3,0% acima do patamar do quarto trimestre de 2019, no período pré-pandemia de covid-19, segundo os dados das Contas Nacionais apuradas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

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O recuo das commodities influencia negativamente o Ibovespa, bem como as bolsas externas, pesando principalmente nos papéis das petroleiras e daqueles ligados ao setor metálico. A retração reflete temores de recessão mundial, com efeitos na demanda.

“Perspectiva de alta fortes dos juros pelos bancos centrais principalmente nos EUA e minério caindo pesam, o que coloca a China como o principal driver de preços. Novos anúncios de lockdowns para conter covid em cidades chinesas importantes levaram a commodity a cair 4% na madrugada. Isso pesa aqui apesar do mercado de trabalho melhor e do crescimento do PIB mais alto que o esperado, ajuda o setor de varejo”, avalia Dennis Esteves, Dennis Esteves, especialista em renda variável da Blue3.

Por aqui, há números favoráveis de inflação e do Produto Interno Bruto (PIB), com alta de 1,2% no segundo trimestre. Já o IPC-S caiu 0,57% em agosto, após deflação de 0,95% na terceira quadrissemana e contração de 1,19% em julho. A queda mensal foi menor do que a prevista pela mediana da pesquisa Projeções Broadcast, que estimava recuo de 0,69% no mês. Ontem, o Ibovespa fechou em baixa de 0,82%, aos 109.522,88 pontos (mínima), mas subiu 6,16% em agosto.

Conforme avalia em nota o economista-chefe da Necton, André Perfeito, o resultado “é bom” e deve elevar as projeções para 2022. Isso porque, explica, muito dos incentivos dados pelo governo se concentra no terceiro trimestre como o Auxílio Brasil e a queda da gasolina.

Entretanto, Perfeito adianta que a Necton não revisará ainda a estimativa do PIB deste ano, que é de expansão de 2%, “uma vez que vamos olhar em detalhe outros componentes como o setor externo que recuou com a alta expressiva de importações e queda nas exportações.”

De todo modo, acrescenta Esteves, da Blue3, o exterior imprime cautela, em meio a indicadores fracos de atividade na Ásia e na Europa, que elevam temores de recessão, principalmente no bloco europeu, tema já debatido em relação aos Estados Unidos. Por lá, os índices de gerentes de compras do setor industrial (PMI) se mantiveram estáveis. Tudo isso somado a preocupações de juros mais altos por mais tempo principalmente nos EUA, reforçando especialmente por dirigentes do Federal Reserve (Fed, o banco central do país).

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“Persiste a reprecificação dos ativos nos mercados internacionais nesta manhã, com os investidores se ajustando à perspectiva de que os principais bancos centrais terão que subir as taxas de juros além do estimado até recentemente”, avalia em relatório matinal o economista Silvio Campos Neto, sócio da Tendências Consultoria.

As bolsas asiáticas fecharam em baixa, após Nova York acumular perdas pelo quarto pregão consecutivo, em meio a preocupações sobre novos aumentos de juros nos EUA, e também na esteira de dados fracos de atividade manufatureira da China.

O setor manufatureiro chinês segue preocupando. O PMI industrial chinês medido pela S&P Global e Caixin Media caiu de 50,4 em julho para 49,5 em agosto, com a leitura abaixo de 50 indicando contração da atividade. Além de novos surtos de covid-19, a China vem enfrentando sua pior onda de calor em seis décadas, que levou a racionamentos de energia e prejudicou a manufatura.

“O mau humor global é reforçado com a notícia de mais uma grande cidade chinesa entrando em lockdown, no caso a metrópole Chengdu com seus 21 milhões de habitantes e que responde por 1,7% do PIB do país. Neste ambiente, as bolsas europeias e os futuros em Wall Street estendem a correção baixista, assim como as principais commodities”, acrescenta Campos Neto, da Tendências.

Para José Simão, sócio da Legend, é difícil imaginar um quadro totalmente favorável para o Ibovespa, ainda que se tenha espaço para altas. “É preciso que o cenário fique mais claro, que destrave, principalmente no exterior”, afirma.

Às 13h28, o Ibovespa cedia 0,75%, aos 118.498,76 pontos, após recuar 1,07%, na mínima aos 108.350 pontos, e máxima aos 110.063,39 pontos (alta de 0,49%). Petrobrás caía 0,39% (PN) e 0,54% (ON), enquanto Vale ON cedia 3,07%.

Hoje, a estatal reduziu em 7% o preço do litro da gasolina em suas refinarias. A partir de amanhã, o preço médio de venda de gasolina A da Petrobras para as distribuidoras passará de R$ 3,53 para R$ 3,28 por litro, redução de R$ 0,25 por litro.

“Acredito que a queda do petróleo lá fora está impactando mais papéis. Com as quedas dos últimos dias, a Petrobras estava com preços acima do mercado internacional. Mesmo com recuo anunciado hoje, o preço deve estar um pouco acima”, avalia Bruno Takeo, analista da Ouro Preto Investimentos.

O Ibovespa caía cerca de 1% as 13h02 nesta quinta-feira (1), aos 108,422.03 pontos.

Alta do PIB no 2º tri confirma sustentação da atividade econômica, diz ministério

A alta de 1,2% no Produto Interno Bruto (PIB) no segundo trimestre do ano confirma a sustentação da atividade doméstica, de acordo com nota publicada nesta quinta-feira pela Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Economia. O órgão destaca que o resultado acumulado no primeiro semestre já coloca um carregamento estatístico de crescimento de 2,4% em 2022, mesmo que não haja mais variação no PIB na segunda metade do ano.

“Observa-se que o Brasil apresenta ritmo de crescimento da atividade econômica de forma mais rápida do que outros países, inclusive quando comparado a alguns países emergentes. Na amostra de países do G-20 e que já divulgaram seus resultados trimestrais, o Brasil apresentou o 2º melhor resultado na margem para o PIB do segundo trimestre”, compara o documento. “Cabe destacar que a continuidade da melhora da atividade local ocorre a despeito da deterioração nas projeções do PIB nas principais economias mundiais”, completa.

No último Boletim Macrofiscal da SPE, de julho, a equipe econômica elevou a projeção de crescimento do PIB de 2022 de 1,5% para 2,0%, patamar para o qual vem convergindo também as projeções de mercado, que começaram o ano mais pessimistas. A SPE deve atualizar essa projeção no boletim de setembro.

“Essa sequência de revisões reflete a visão de que as condições econômicas no Brasil estão resilientes, apesar das dificuldades impostas pelo cenário mundial que inclui a elevação recorde de custos de produção e de preços ao consumidor em todo o mundo”, avalia a SPE.

O órgão destaca ainda o avanço do setor de serviços, a recuperação da agropecuária após problemas climáticos e a retomada na produção de bens de capital, com impacto na indústria. “Observa-se elevação da taxa de investimento, alcançando patamar de 18,7% do PIB%, a maior observada para o segundo trimestre desde 2014”, acrescenta o documento.

A SPE observa ainda que o PIB acumulado em quatro trimestres é de 2,6%. “Desde 2021, a economia brasileira demonstra capacidade de sustentar a retomada da atividade após choques adversos, como a pandemia e elevação histórica da inflação mundial. O primeiro semestre de 2022 manteve o crescimento da atividade, apesar do ambiente de incerteza gerado pelos reflexos do conflito entre Rússia e Ucrânia”, completa o órgão.

PIB está 3,0% acima do período pré-pandemia

O PIB brasileiro alcançou o segundo maior patamar da série histórica, atrás apenas do pico alcançado no primeiro trimestre de 2014.

Após quatro trimestres seguidos de avanços, o PIB está apenas 0,3% abaixo do ponto mais alto da série histórica, alcançado no primeiro trimestre de 2014, ressaltou o instituto

O resultado veio dentro do intervalo das estimativas dos analistas consultados pelo Projeções Broadcast, que esperavam um avanço de 0,4% a 1,4%, mas acima da mediana, que era positiva em 0,9%.

Na comparação com o segundo trimestre de 2021, o PIB apresentou alta de 3,2% no segundo trimestre de 2022, vindo dentro das estimativas coletadas pelo Projeções Broadcast, que variavam de uma elevação de 0,2% a 3,7%, com mediana positiva de 2,8%.

Ainda segundo o instituto, o PIB do segundo trimestre de 2022 totalizou R$ 2,4 trilhões.

O PIB da indústria subiu 2,2% no segundo trimestre de 2022 ante o primeiro trimestre. Na comparação com o segundo trimestre de 2021, o PIB da indústria mostrou alta de 1,9%.

O Produto Interno Bruto da agropecuária subiu 0,5% no segundo trimestre de 2022 ante o primeiro trimestre do ano. Na comparação com o segundo trimestre do ano passado, o PIB da agropecuária apresentou queda de 2,5%.

No setor de serviços, o PIB subiu 1,3% no segundo trimestre de 2022 ante o primeiro trimestre de 2022. Na comparação com o segundo trimestre de 2021, o PIB de serviços teve alta de 4,5%.

(Com informações do Estadão Conteúdo)

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Ana Clara Macedo

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