PIB do 1T23 foi puxado pelos números do agro; especialistas explicam a alta do setor

O Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 1,9% no primeiro trimestre de 2023, em comparação com o trimestre anterior (4T22). Dessa parcela, 1,7 ponto percentual provém da escalada do setor Agropecuário. Os dados são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), informados nesta quinta-feira (01).

Agro: “Setor com maior capacidade de produção”

O setor Agropecuário registrou a maior alta do indicador, com avanço de 21,6% no primeiro trimestre de 2023. Esse valor elevado não era visto desde 1996, quando o quarto trimestre do ano teve um salto de 23,4%.

Segundo Luís Otávio Leal, economista-chefe da G5 Partners, esse crescimento não tem muito “mistério”. Além da safra extraordinária de soja, que projeta um crescimento de mais de 20% na cultura para o ano, Leal afirma que o PIB sem o setor Agropecuário ficaria por volta do 0,5%, em vez de 1,9%.

Sobre a diferença do agro em relação aos demais setores que afetam o PIB, Leal defende que o agro é o setor mais aberto da economia, cuja capacidade de produção no país ultrapassa potências como os Estados Unidos. Para o economista, a maneira principal para o crescimento do Brasil é por meio da abertura comercial, além da reforma tributária.

Enquanto isso, ele compara que a Indústria sempre “teve muletas”, com auxílios governamentais para ajudar a indústria automobilística, por exemplo.

Setor representa 8% do PIB total

Rebeca Palis, coordenadora de Contas Nacionais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), comenta que o agro tem “uma contribuição muito relevante,” pois acaba ecoando em outras atividades da cadeia produtiva nacional.

O setor Agropecuária teve um semestre impulsionado por uma safra recorde de grãos, especialmente de soja, que costuma se destacar nesses meses de início de ano. “A soja tem um peso muito grande no ano inteiro (na safra agrícola), mas principalmente no primeiro trimestre”, confirma Palis.

Atualmente, o PIB Agropecuária corresponde a 8% do PIB total, enquanto outros setores mais fortes como serviço carregam 70% da atividade econômica. Nessa comparação, o PIB de Serviços do trimestre também registrou uma alta, menos expressiva, de 0,6%. Já é a 11ª taxa positiva consecutiva na categoria.

Para a coordenadora, o “pico da exportação da agropecuária será depois”, mais tarde no ano. Ainda assim, o volume de exportações teve uma queda menor do que de importações, uma contribuição positiva para o primeiro trimestre, reforça Palis.

Outros setores do Produto Interno

No setor de Construção, o PIB viu uma redução de 0,8% no primeiro trimestre de 2023, ainda menor do que a anterior, de 1,0% no quarto trimestre de 2022.

A Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) teve uma queda de 3,4%, taxa mais baixa desde o encolhimento de 4,4% no segundo trimestre de 2021.

O Consumo das Famílias teve uma tímida alta de 0,2% ante o quarto trimestre de 2022, valor mais inexpressivo desde o segundo trimestre de 2021, quando caiu 1,0%.

Além disso, o IBGE corrigiu o PIB do quarto trimestre de 2022 em relação ao terceiro trimestre de 2022 (3T22) e reavaliou a queda de 0,2% para 0,1%. Em relação ao 2T22, o órgão atualizou a taxa do PIB ante o terceiro trimestre de 2022 com uma alta de 0,5% – ao invés do 0,3% anterior.

Com informações de Estadão Conteúdo.

Camila Paim

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