Petz (PETZ3): Em mercado fragmentado, empresa corre para assegurar reinado

A Petz (PETZ3), única empresa do mercado pet na bolsa, tem investido pesado em expansão para se manter como líder em um segmento que tem uma alta tendência de crescimento e ainda é muito fragmentado.

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Só no ano passado, esse setor faturou R$ 40,1 bilhões e a projeção é que em 2026 esse mercado fature cerca de R$ 66,6 bilhões por ano, conforme a Euromonitor International.

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Para quem pensa em investir na empresa, é importante saber que existem vitórias e desafios no caminho da Petz. Por exemplo, a empresa atua em um segmento de forte crescimento, porém enfrenta uma concorrência cada vez mais acirrada.

O Suno Notícias conversou com especialistas sobre a companhia e debateu sobre os pontos positivos e negativos da Petz, confira:

Veja pontos positivos de investir na Petz

Em primeiro lugar, o Brasil é o segundo maior mercado do mundo em consumo de serviços e produtos para os animais de estimação, o que favorece a demanda pelos itens ofertados pela Petz.

Além disso, as pessoas têm investido mais em bens e serviços para os pets, dando espaço para inovações e para uma expansão física e digital das redes varejistas.

Veja outros pontos positivos:

  • Os consumidores têm disposição para pagar um preço mais elevado por produtos e serviços diferenciados para seus pets.
  • As empresas têm adotado estratégias de omnicanalidade e expansão consolidada do segmento digital.
  • A Petz tem uma estratégia de expansão a nível nacional, através da abertura de lojas físicas e de hospitais veterinários.
  • A fragmentação do segmento de atuação permite o aumento da participação de mercado através de aquisições e do crescimento orgânico.

Principais desafios para a empresa

Apesar das vantagens, o fato de atuar em um mercado fragmentado dificulta a presença de um player nacional dominante, o que acirra a concorrência para Petz. Veja outros pontos negativos:

  • Possíveis dificuldades logísticas no processo de expansão para outras regiões, em função da localização do centro de distribuição (São Paulo).
  • Presença de concorrentes regionais.
  • Desafio de expandir sua operação sem provocar o aumento das despesas operacionais, buscando manter as margens em níveis saudáveis.
  • Competição com outros fortes players, como a Cobasi e a Petlove.

Na análise do analista e gestor de carteiras da Garín Investimentos, João Arthur, o setor passa por um crescimento “sensacional”, e ele ainda acredita que este será um dos setores com mais crescimento nos próximos anos.

O analista diz que a Petz é uma empresa com bons indicadores financeiros e indicadores de balanço, porém, alerta para que parte disso já está precificado na ação.

“A empresa é muito boa, a gestão é boa, os indicadores são bons. Agora, parte disso já está precificado no preço da ação. O mercado naturalmente incorpora, ou seja, a Petz já veio para o IPO incorporando parte deste cenário e vem performando muito bem desde a abertura de seu capital”.

De fato, na abertura de capital, em 21 de setembro do ano passado, a ação era cotada a R$ 14,95 e em meados do mês de junho estava negociada a R$ 24,40.

Fonte: Status Invest
Fonte: Status Invest

Por isso, o analista aponta que cada investidor deverá fazer sua análise se vale a pena investir na Petz.

Para o BTG Pactual, o último balanço reforçou a visão estrutural positiva sobre a Petz e por isso a sua recomendação é de compra com preço-alvo de R$ 24,62. Já para a TORO Investimentos, em seu último relatório, a indicação foi de compra com preço-alvo de R$ 29,73.

Brasil é o segundo maior mercado pet do mundo

Atualmente, o Brasil é considerado o segundo maior mercado de produtos pet do mundo, detendo 6,4% da participação global, uma parcela mínima quando comparado com o primeiro lugar, os Estados Unidos que detém 50% de parcela no segmento.

Ou seja, ainda há muito espaço de crescimento deste setor no país.

De acordo com o BTG Pactual (BPAC11), apesar de ser o segundo maior mercado no mundo, o setor nacional é muito fragmentado e, mais de 50% do mercado está nas mãos de pequenos pet shops e clínicas veterinárias. A participação de mercado da Petz é de apenas 6%, e a sua rival Cobasi detém 5% de market share.

Com isso, a empresa listada na bolsa aposta em expansão para se tornar referência do segmento. Hoje a Petz está presente em 17 estados, e seu planejamento estratégico prevê a chegada em todas as unidades da federação em até cinco anos.

A ideia é seguir abrindo cerca de 30 a 40 novas lojas por ano.

“A abertura de lojas em novas praças ainda beneficia o crescimento das vendas digitais, já que a experiência dos clientes é impactada positivamente pela redução no tempo de entrega e no custo do frete”, informou o relatório da Toro Investimentos.

Faturamento da Petz no digital cresce

De acordo com o último balanço da Petz, o faturamento do digital no primeiro trimestre deste ano foi de R$ 155,5 milhões, um expressivo crescimento de 235,5% em comparação com o ano anterior.

Para a companhia, a loja física tem sido um componente indispensável em seu ecossistema e na estratégia Omnichannel integrada, “além de ser um diferencial competitivo relevante frente a outros players do setor”.

Com o objetivo de fomentar ainda mais o crescimento, a Petz está mapeando dezenas de startups e potenciais parceiros para alavancar e dar musculatura para os seus negócios.

“Assim, de uma forma geral, estamos buscando potenciais parcerias que visem ampliar o nível de fidelização e recorrência dos nossos clientes com produtos diferenciados, novos serviços, tecnologia, conteúdo, educação e experiência”, afirmou a empresa em seu último resultado.

Disputa entre os players no mercado pulverizado

Diante do processo de humanização do pet, em que os animais se tornam membros da família, os donos buscam cada vez mais proporcionar uma qualidade de vida superior para seus animais de estimação.

Para o analista e gestor de carteiras da Garín Investimentos, João Arthur, a humanização fomenta ainda mais os gastos com os animais. Além disso, o analista aponta para uma mudança cultural de que a nova geração tende a ter menos filhos, e são mais propícios a adotar animais.

O isolamento social fez com que as pessoas passassem mais tempo dentro de casa, redobrando a atenção com seus animais de estimação e, em alguns casos, até adotando novos companheiros. O Instituto Pet Brasil afirma que a procura por adoção de cães e gatos teve um aumento de até 50% no período da quarentena.

“A mudança de hábito do consumidor sem dúvida é muito importante para o crescimento do setor, e a própria Petz destaca isso e usa o termo humanização, isso porque significa mais gastos. Além disso, está acontecendo um aumento da população do pets e isso âncora ainda mais o crescimento desse setor”, analisou.

Estratégia da Cobasi, principal concorrente da Petz

A Cobasi, sua principal rival, recebeu um aporte de R$ 300 milhões da gestora do fundo de private equity Kinea em abril deste ano.

Segundo o fundo, o investimento deve acelerar o crescimento da companhia a ponto de não só rivalizar com a Petz mas também com os pequenos pet shops que ainda mantêm um pedaço relevante do market share.

E, assim como a Petz, o plano da Cobasi é abrir de 30 a 40 lojas por ano, e há pontos mapeados para reforçar a presença do digital.

O fundo acredita que existem espaços para as duas empresas, visto que nos EUA os dois principais players do setor dominam cerca de 33,7% e 15%, respectivamente. No Brasil, as principais companhias ainda não chegaram aos dois dígitos.

Nesta semana, a BRF (BRFS3) anunciou a compra do Grupo Hercosul, empresa de produção e distribuição de rações para animais. A operação ainda está sujeita à aprovação das autoridades, mas se for concluída a BRF Pet se torna também um dos principais players do mercado, com participação de aproximadamente 4%, conforme a ABINPET.

Com isso, a concorrência  da Petz tem sido cada vez mais acirrada, investindo pesado na expansão. “Para o futuro, esperamos que o mercado brasileiro de produtos e serviços para pets continue apresentando alto crescimento e resiliência em períodos de desaceleração econômica, principalmente, em função da recorrência da demanda e da baixa sazonalidade, já que apresentam volume de vendas constante ao longo de todo o ano”, disse a Toro Investimentos.

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Poliana Santos

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