Petrobras (PETR4) ou junior oils: quem sente mais impacto com a crise no Oriente Médio?

Acionistas da Petrobras (PETR4) e de outras empresas de petróleo seguem atentos aos desdobramentos da crise no Mar Vermelho, onde rebeldes houthis promovem ataques contra navios cargueiros, ameaçando um possível conflito generalizado no Oriente Médio.

https://files.sunoresearch.com.br/n/uploads/2024/05/Lead-Magnet-1420x240-1.png

Os eventos vêm causando volatilidade na cotação do petróleo, uma vez que alguns dos países envolvidos na tensão, como o Irã, são grandes produtores da commodity. Além disso, o Mar Vermelho, palco dos ataques houthis, é uma das principais vias de escoamento do petróleo para o resto do mundo.

“Com a escalada dos conflitos na região do Oriente Médio e Mar Vermelho, podemos esperar impactos relevantes nos fluxos logísticos com elevação significativa nos custos de frete, resultando em mais volatilidade no curto e médio prazo no petróleo e certamente patamares mais elevados de preços”, explica Felipe Kury, ex-diretor da Agência Nacional de Petróleo (ANP).

A tendência, segundo analistas, é a de que as petroleiras se beneficiem dessa possível escalada na cotação do petróleo. No entanto, as perspectivas não são exatamente as mesmas para a Petrobras e para as chamadas “junior oils”, ou companhias de menor porte.

“O petróleo para cima tende a contribuir mais positivamente para as junior oils do que para a Petrobras, que tem outras nuances que podem afetar o preço da ação. Claro que é positivo para a estatal, mas é preciso pensar na questão política, na ingerência, na gestão, nos preços da gasolina. Esse tipo de questão não está presente nas demais companhias, nas quais eu acredito que o impacto do preço do petróleo deva ser mais direto. Ou seja, Brent para cima é geração de caixa na veia para Prio (PRIO3), Petroreconcavo (RECV3) e 3R Petroleum (RRRP3)”, afirma Max Bohm, estrategista de ações da Nomos.

Petrobras: crise no Golfo Pérsico pode beneficiar empresa?

“⁠A Petrobras pode ser beneficiada em caso de alguma interrupção no fluxo de petróleo no Golfo Pérsico, já que a empresa é uma grande exportadora. O ponto negativo é que, se os preços dos combustíveis subirem, ela terá que repassar o preço nas refinarias. Do contrário, a margem poderá encolher”, completa Alê Delara, diretor do Grupo Pine Agronegócio.

Esse impacto do aumento dos preços dos combustíveis para a Petrobras é sentido pelo fato de o Brasil não ser autossuficiente na produção dos derivados de petróleo, como explica Felipe Kury.

“A Petrobras e o Brasil são exportadores líquidos de petróleo. Porém, importadores de derivados. Sendo assim, de um lado, a empresa e o Brasil se beneficiam de patamares mais elevados dos preços de petróleo. No entanto, como o país não é autossuficiente na produção de derivados, principalmente diesel, GLP, NAFTA, gasolina e QAV (querosene de aviação), precisa importar estes produtos e sofre os efeitos da volatilidade externa e preços mais elevados”, detalha.

Ou seja, esse imbróglio tem relação com a atual política de preços da Petrobras, que tenta não repassar a volatilidade do preço do petróleo no mercado internacional para os combustíveis comercializados no Brasil. Ou seja, a estatal não mais adota a PPI, política de paridade internacional estabelecida no governo Michel Temer, o que pode gerar riscos para as margens da empresa. 

Na visão de Max Bohm, contudo, a Petrobras ainda tem uma margem confortável para manter o não repasse de preços aos combustíveis sem que haja prejuízo para a companhia.

https://files.sunoresearch.com.br/n/uploads/2024/04/1420x240_TEXTO_CTA_A_V10.jpg

Volatilidade do petróleo e política de preços

“Acho que a gestão da Petrobras está conduzindo bem as novas regras de precificação de gasolina e de diesel. Então, neste momento, não creio que a volatilidade do petróleo vá colocar em risco a atual política de preços da estatal. No entanto, se o petróleo superar os US$ 100 em função de algum fato geopolítico, aí sim a Petrobras terá que entender melhor como vai lidar com os reajustes”, comenta.

Por fim, Bohm destaca o investimento em petróleo como uma boa opção para este ano e cita suas ações preferidas no setor.

“Acho que o posicionamento em petróleo pode ser um bom hedge para 2024. Gosto mais do que minério de ferro neste momento. Dentro do setor, as minhas preferidas são Prio e 3R Petroleum, que negociam com desconto em relação aos seus múltiplos históricos e podem se beneficiar da possível alta do petróleo nesses próximos meses”, completa.

Em relatório recente, o BTG Pactual também aponta a Prio (PRIO3) como uma boa opção no segmento. Os analistas reiteraram recomendação de compra com preço-alvo em R$ 79, potencial de valorização de 78%.

Segundo a casa, a companhia está em um estágio mais avançado de desenvolvimento de portfólio do que suas concorrentes como a Petrobras e se destaca pelo custo de extração 60% abaixo da média do setor, o que, aliado à baixa alavancagem, tende a gerar um fluxo de caixa livre positivo para os acionistas.

https://files.sunoresearch.com.br/n/uploads/2023/04/1420x240-Planilha-vida-financeira-true.png

Guilherme Serrano Silva

Compartilhe sua opinião