Petrobras (PETR4): o que aconteceria se mudasse a política de preços? Especialistas discutem possíveis cenários

As ações da Petrobras (PETR4) foram impactadas na última quarta (5) com a afirmação do ministro de Minas e Energia (MME), Alexandre Silveira (PSD-MG), de que a estatal mudaria a sua política de preços, deixando de lado o Preço de Paridade de Importação (PPI). Pelo sim, pelo não, ainda que a companhia tenha prontamente negado, os analistas do Goldman Sachs estudaram diferentes cenários com a possível mudança.

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Em resumo, Bruno Amorim, João Frizo e Guilherme Costa Martins, que assinam o relatório, acreditam que há limitações para o aumento do capex da Petrobras sob a paridade de exportação para preços de combustível ao assumir um rendimento FCF (Fluxo de Caixa de Financiamento) de referência, que é de 15%.

“Embora a lucratividade da empresa possa ser impactada em um cenário em que os spreads [diferença entre o preço do petróleo bruto e os produtos petrolíferos extraídos] se normalizam globalmente, e a Petrobras convergir para a paridade de exportação (do atual PPI), ainda vemos a empresa entregando FCF e EBITDA/barril positivos”, diz o relatório.

Isso porque, segundo eles, se a política de preços de combustível da estatal mudar para EPP, mas os spreads permanecerem no nível atual (em aproximadamente USD 30-18 por barril para diesel e gasolina), ainda assim a Petrobras estaria negociando a um FCF médio de aproximadamente 20% em 2024-25.

Cenários para a Petrobras

Para os analistas, uma nova política de preços da Petrobras (PETR4) só entraria em vigor no 3º trimestre deste ano. Com isso, eles consideraram quatro cenários para a estatal:

  • 1. IPP sob crack spreads normalizados (média de preços de 2018-19) para o diesel e a gasolina;
  • 2. EPP sob crack spreads normalizados (média de preços de 2018-19) para o diesel e a gasolina;
  • 3. IPP sob níveis futuros de crack spreads para o diesel e a gasolina;
  • 4. EPP sob níveis futuros de crack spreads para o diesel e a gasolina.

Considerando as margens operacionais para o refino, os analistas calcularam as principais métricas da Petrobras em todos os cenários apontados acima. Segundo eles, se o PPI for mantido sob crack spreads normalizado (caso 1) o preço será equivalente ao PPE sob níveis futuros de crack spreads (caso 4).

“A Petrobras produz cerca de 70-75% do diesel e da gasolina consumidos no Brasil, sendo responsável por aproximadamente 50% das importações desses combustíveis, respondendo, portanto, por 70% da oferta brasileira. Assim, assumimos que o preço do combustível brasileiro seguiria o da Petrobras (major player). Possivelmente, em regiões específicas do país, onde as importações são mais relevantes, os preços dos combustíveis podem mostrar maior aderência aos preços internacionais”, explicam os analistas.

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Com isso, os analistas da Goldman alertam que para o diesel, em qualquer política de preços de combustível, a tendência seria de queda de preços ao varejo (mesmo contabilizando a retomada dos impostos).

Por outro lado, para gasolina, que tem carga tributária maior, tem pouco espaço para preços mais baixos, mesmo que Petrobras convirja para paridade de exportação e os spreads se normalizam. “Ainda veríamos apenas preços flat da gasolina na bomba. Isso poderia potencialmente pressionar a empresa abaixar os preços da gasolina na refinaria, ainda abaixo do PPE, para reduzir os preços na bomba.”

Diante disso, o Goldman mantém a recomendação neutra para as ações da Petrobras. O preço-alvo para para os ativos preferenciais (PETR4) é de R$ 25,5, um upside de 4,7%. Já em relação aos ativos ordinários (PETR3), o preço-alvo é R$ 28, com upside de 2,2%.

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Janize Colaço

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