O que muda para o investidor com a potencial elevação da taxa Selic?

Hoje teve início o segundo dia de reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), com base na qual os integrantes do colegiado vão decidir o futuro da taxa básica de juros (Selic), pelo menos até segunda ordem. Mas, ao contrário do que se vinha observando, a expectativa do mercado é de um começo do ciclo de altas.

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Se as previsões dos analistas do mercado vierem a se concretizar, essa será a primeira vez em seis anos com uma taxa básica de juros em alta. De fato, para os recém iniciados no mercado de capitais, não houve muita oportunidade de ver a Selic de cabeça erguida.

Ciclo de queda da Selic. Fonte: BC/Reprodução: SUNO Notícias
Ciclo de queda da Selic. Fonte: BC/Reprodução: SUNO Notícias

Mas por que o Banco Central (BC) tiraria o pé do acelerador e levantaria a taxa? Especialistas do mercado apontam um inimigo em comum, a inflação.

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O último Boletim Focus elevou sua previsão para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), medida oficial da inflação no Brasil, de 3,98% para 4,60% em 2021. A projeção dos economistas já está acima do centro da meta do BC para 2021, de 3,75%.

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Entre risco País, taxa de câmbio, pressão inflacionária e mais um emaranhado de letrinhas, a maioria dos players do mercado acreditam em uma alta de 0,5 ponto percentual da taxa Selic.

Decisão do Copom

A economia global tem se recuperado nos últimos meses, no entanto o Brasil não tem se saído bem. Somados à pandemia do novo coronavírus (Covid-19), o aumento do preço de commodities no exterior e os persistentes ruídos políticos em Brasília levaram o País a um cenário tanto de inflação como de incerteza fiscal.

“Infelizmente, o Brasil não tem conseguido aproveitar um cenário exterior favorável, com commodities em alta e com liquidez”, disse Marcos De Callis, estrategista da Hieron Patrimônio Familiar e Investimento.
Segundo o especialista, um dólar ante ao real galopante, aliado à alta no preço internacional das commodities, e uma taxa livre de risco apertada tem impulsionado a inflação no País, muito mais do que um aumento na demanda.

Para o especialista, “o BC não só deveria atuar no câmbio [como tem feito ultimamente], mas usar o instrumento correto, que são os juros”, para oferecer um “patamar mais condizente com a percepção de risco.”

De Callis diverge na expectativa corrente no mercado e entende que a Selic deveria receber um incremento de 0,75 ponto percentual. “Fazer mais, mais cedo pode ser muito positivo.”

Há ainda um contraponto, contudo. Thomas Giubert, sócio da Golden Investimentos, relembrou que não há como a autoridade monetária subir a Selic ao seu bel-prazer. “O BC tem uma função social”, disse.

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Portanto, seria uma “ilusão e uma fantasia do mercado esperar um aumento de um percentual de 0,75”, enquanto uma postura dovish levaria o dólar para “R$ 6,00”, disse Giubert. Para ele, só há uma saída, uma elevação de 0,5 ponto percentual.

Efeito sobre o investidor

Na última reunião do Copom, o comitê optou pelo fim do forward guidance, uma indicação de médio prazo dada pelo BC sobre como pretende conduzir a política monetária.

De acordo com Nicolas Takeo, gerente de análise da Singulare, o Banco Central “preparou o terreno para uma alta nos juros.”

“Uma coisa é certa: o juro no Brasil vai subir. Se o,5; 0,25; ou 0,75 isso é uma incógnita. E qual a velocidade [dessa subida] também é uma incógnita”, afirmou Takeo.

Para o especialista, “mais importante do que a alta [da Selic] é a mensagem” que trará o Banco Central. Um discurso mais duro do BC ou um tom mais brando é o mais importante hoje.

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Segundo De Callis,  um discurso hawk levaria a “curva de juros longa a fechar um pouco”, com os títulos prefixados e indexados ao IPCA se valorizando. Uma fala mais amena por parte do Banco Central, por sua vez, traria o mesmo resultado, mas “com o sinal trocado”.

Em ambos os cenários, levando em conta um aumento da taxa Selic, Takeo ressaltou que a renda fixa deve tornar-se atrativa novamente após meses de “juros magros”.

O resultado da reunião do Copom sobre o futuro da Selic sai esta noite, às 18h25.

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Arthur Guimarães

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