As 5 mulheres mais poderosas do mercado financeiro global

Até algum tempo atrás as mulheres não podiam ter contas em bancos, operar na Bolsa de Valores, nem mesmo trabalhar sem autorização do pai ou marido. Atualmente, as damas já podem fazer tudo isso e um pouco mais, no entanto, ainda não há muitas referências femininas em cargos de lideranças, principalmente de grandes bancos.

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A economista Andreia Fernanda, fundadora da Rico Foco, contou em entrevista ao SUNO Notícias, que atuando no mercado financeiro, uma vez perguntou para alguns gestores o motivo de serem poucas as mulheres nesse mercado, a resposta veio sem titubear “porque somos preconceituosos mesmo!”. É claro que embora o preconceito de gênero exista, não é o único fator para terem menos mulheres atuando nesse ambiente.

Existem outros obstáculos, como por exemplo a falta de representatividade e as diferenças salariais. No entanto, com o passar dos anos, a presença feminina no mercado financeiro tem se tornado cada vez maior.

De acordo com dados da consultoria Oliver Wyman divulgados ao final de 2019, 26% dos executivos de companhias financeiras eram mulheres. O dado pode parecer pequeno, mas é 6% maior do que o visto em 2016.

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Já aqui no Brasil, uma pesquisa feita também ao final de 2019,  pela consultoria Talenses com o Insper, mostrou que 13% das empresas nacionais contavam, com a presença feminina em cargos de CEO.

Para Andreia Fernanda, a linguagem do mercado financeiro foi criada por homens, para homens. Ela acredita que “com aumento das mulheres atuando nesse segmento, podemos mudar esse jogo, tornando as finanças uma linguagem nacional, sem distinção de sexo”.

Mulheres poderosas do mercado financeiro global

Frente a isso, o SUNO Notícias separou uma lista de cinco mulheres importantes para o mercado financeiro global e nacional.

Jane Fraser, a primeira mulher CEO de um grande banco americano

A mais nova presidente do Citi Group, Jane Fraser, está entre as primeiras mulheres à liderar uma grande instituição financeira nos Estados Unidos, além de ser a primeira CEO mulher da empresa. Fraser assume o cargo no banco em fevereiro deste ano, substituindo Michael Corbat.

Fraser é escocesa de 53 anos casada e com dois filhos. A mais nova CEO do Citigroup tem em seu currículo um MBA pela Harvard Business School, bem como um M.A em economia pela Cambridge University.

A executiva faz parte do Citigroup desde 2004, quando trabalhava na divisão de investimentos e corporativos. De 2007 a 2009, ela passou a atuar como chefe global de estratégia e fusões e aquisições do banco.

Seguindo sua trajetória no grupo, de 2009 até 2013, ela era CEO do Global Private Bank do Citi, até deixar o cargo para ser CEO do US Consumer and Commercial Banking e do CitiMortgage até 2015.

Já entre 2015 e 2019, ela era CEO do Citigroup Latin America. Antes de assumir o cargo atual de CEO do Citigroup, a executiva atuou como CEO do Global Consumer Bank, onde era responsável por todos os negócios de consumo do Citi.

A escocesa foi escolhida para liderar o banco por um Conselho de Administração composto por 17 integrantes, sendo que oito eram mulheres.

Quando foi nomeada para liderar instituição financeira, Fraser disse que faria “tudo o que puder para deixar todos os nossos stakeholders orgulhosos de nossa empresa, à medida que continuamos a construir um banco melhor e a melhorar nossos retornos. Investiremos em nossa infraestrutura, gestão de riscos e controles para garantir que operemos de forma segura e sólida e atendamos nossos clientes e clientes com excelência”.

Stephanie Cohen

No final de 2020, a banqueira Stephanie Cohen foi indicada para a chefiar a divisão de gestão de bens e consumo do Goldman Sachs, como a primeira mulher a liderar uma grande divisão na potência de Wall Street.

A nomeação de uma mulher para um importante cargo de liderança é significativo para o banco, visto que o Goldman Sachs vem se colocando com um dos defensores da diversidade de gênero no mercado.

Cohen se formou pela universidade de Illinois em 1999, e logo foi trabalhar como analista no banco. Em 20 anos, a banqueira passou de líder de acordos de fusões e aquisições para Chefe Global de Indústrias gerais em 2011.

Já em 2015, Cohen se tornou a chefe Global de Fusões e Aquisições de Patrocinador Financeiro. No mesmo ano, ela foi citada entra as 40 personalidades, com menos de 40 anos, pela revista Fortune.

Já em 2018, a executiva passou a ser Chefe de Estratégia de Conteúdo, sendo a banqueira mais jovem do Comitê de gestão. Ainda em 2018, ela estava à frente da iniciativa  Launch With GS.

Marianne Lake, CEO do JP Morgan Consumer Lending

Marianne Lake é  Diretora Executiva de Crédito ao Consumidor do JP Morgan, além de ser membro do Comitê Operacional da companhia. Assim, Lake atua como CEO da Card Services e responsável por Home Lending e Auto Finance.

De acordo com o site do JP Morgan. Lake atua há mais de duas décadas na companhia. Antes de ser Executiva de Crédito ao Consumidor da JP Morgan, ela era  Diretora Financeira da empresa de 2013 a 2019.

Voltando mais um pouco no tempo, de 2009 até 2012, a executiva trabalhava no banco como Diretora Financeira de Consumer & Community Banking. antes disso, de 2007 até 2009, atuou como  Global Controller para o Investment Bank.

Entre 2004 e 2007, ela era gerente de infraestrutura financeira global e de programas de controle como parte do grupo de finanças corporativas.

Segundo o site do JP Morgan, “Lake é cofundadora da iniciativa Mulheres em Movimento e patrocinadora do Comitê Operacional da Rede Interativa Mulheres em Movimento, o maior Grupo de Recursos de Negócios de funcionários da empresa”.

Elena Goitini

Elena Goitini foi nomeada, em outubro de 2019, pelo Banco BNP Paribas, como chefe da divisão de Private Banking e Wealth Management.

Antes, a executiva com mais de 25 anos de experiência internacional no setor financeiro, trabalhava no grupo Unicredit. Goitini é formada em Economia pela Universidade Bocconi.

Quando Goitini  foi nomeada para o atual cargo, Andrea Munari, CEO e gerente geral do BNL, chefe do BNP Paribas Group na Itália, disse que “a forte experiência e conhecimento profundo de Elena Goitini do mercado italiano nos permitirá levar nosso Plano de Desenvolvimento de Negócios adiante, para desenvolver ainda mais a clientela e apoiar o ambicioso plano estratégico de Private Banking e Wealth Management na Itália”.

Cristina Junqueira, a cofundadora do Nubank

Cristina Junqueira nasceu em Ribeirão Preto, São Paulo, em 1984, mas logo se mudou para o Rio de Janeiro com os pais. A executiva é formada em engenharia de produção pela USP, e seu currículo ainda conta com um MBA pela Northwestern University.

Após concluir seu MBA, Junqueira voltou para o Brasil, e assim pôde trabalhar como analista no Itaú consultora na Booz Allen Hamilton e depois no Boston Consulting Group.

Nesse tempo, a executiva já pensava em um negócio que inovaria o sistema bancário nacional. Foi quando em 2013, ano do nascimento de sua filha, Junqueira decidiu lançar o Nubank.

Em uma entrevista à revista Exame, ela citou que “Sucesso não se trata só de trabalho e carreira. Temos que considerar que somos cidadãs, irmãs, filhas, esposas, mães. É saudável buscar o equilíbrio entre esses tantos papéis que precisamos gerenciar”.

No ano passado, ela conseguiu juntar mais duas conquistas ao ser a única brasileira a ser citada na lista Fortune 40 under 40 daquele ano, e ao ser eleita pela revista norte-americana Forbes, como uma das 20 mulheres mais poderosas do Brasil no ano passado.

A importância da presença feminina no mercado financeiro

Em entrevista ao SUNO Notícias, Rebeca Nevares, sócia da Monte Bravo e fundadora da Ella’s Investimentos, apontou que a a diversidade agrega mais valor para tudo. “No caso de mulheres trabalhando no mercado financeiro, a gente pode perceber o quanto os resultados melhoram”.

Nevares ainda destacou que segundo projeções da OCDE, a nova potencia do mundo não virá de nenhum país emergente, mas da educação financeira. “As mulheres elas mudam o contexto social que elas vivem. A partir do momento que elas possuem mais conhecimento sobre educação financeira elas levam isso para as famílias, para os filhos, para os vizinhos. A mulher ela é compartilhadora e com isso ela transforma todo o contexto social”, afirma.

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Já Andrea Fernanda comentou sobre as mulheres serem minoria no mercado. Segundo a economista, há um “problema de base”. “Áreas como economia, engenharia, matemática, administração de empresas com foco em finanças e outras que formam para trabalhar em alguns segmentos do mercado financeiro ainda são mais buscadas por homens do que por mulheres”. Ela ainda destaca que “esses dados já mudaram bastante nos últimos 20 anos, mas ainda há muito para evoluir”.

Segundo Nevares, o minoria da presença feminina não é causada pelo pouco incentivo, mas sim falta de referências.

Para a fundadora da Rico Foco, um bom caminho para ampliar a presença feminina no mercado financeiro seria desmistificar as falsas ideias de que números são coisas de homem, e de que mulheres não sabem cuidar de dinheiro.

Já a fundadora da Ella’s, acredita que é necessário levar mais referências femininas ao mercado. “Precisamos dialogar mais com os homens e não ficar no ‘clube da Luluzinha’. Assim os próprios homens vão perceber também o quanto é importante ter mulheres neste contexto”.

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Laura Moutinho

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