Morgan Stanley retira recomendações de investimentos na Argentina; entenda por quê

O Morgan Stanley divulgou um novo relatório sobre investimentos na Argentina, após os resultados das eleições legislativas na província de Buenos Aires. O banco norte-americano anunciou que encerrou a recomendação de compra de ativos argentinos, emitida há poucos dias, e retirou também sua postura favorável em relação ao país.

Segundo a instituição, a derrota do partido de Javier Milei, La Libertad Avanza, em Buenos Aires elevou a percepção de risco e aumentou a incerteza sobre a continuidade das reformas econômicas. O relatório projeta ainda queda nos preços dos títulos argentinos e reforça o cenário de maior volatilidade nos mercados.

Nesta sessão, os ativos da Argentina registram fortes perdas. No mercado local, o índice Merval cai 12,9% em pesos, para 1.738.996,21 pontos, enquanto em dólares a queda chega a 16%, a 1.204 pontos. Já os títulos soberanos em moeda estrangeira acumulam recuos superiores a 10%, com destaque para o Global 2029, que cai 15,5%. O risco-país supera os 1.100 pontos básicos.

O que está acontecendo com o mercado argentino?

De acordo com o Morgan Stanley, os resultados eleitorais em Buenos Aires aumentaram a probabilidade de um cenário negativo para os próximos meses, em que a continuidade das reformas fica em dúvida e cresce a incerteza em relação às fontes de financiamento externo. Esse ambiente de maior risco pressiona diretamente os preços dos ativos argentinos.

O banco destaca que a curva de crédito do país está se achatando, o que significa que a diferença de rendimento entre os títulos de curto e longo prazo está diminuindo. Essa dinâmica deve penalizar os papéis de vencimento mais curto. O Morgan Stanley projeta que os títulos argentinos recuem, em média, oito pontos em relação ao fechamento da última sexta-feira, com preços girando em torno de 56.

https://files.sunoresearch.com.br/n/uploads/2023/03/Ebook-Acoes-Desktop.jpg

Além do impacto imediato sobre os títulos, a percepção de risco político também afeta o câmbio. O relatório aponta que o Banco Central argentino deve adotar uma política monetária ainda mais restritiva até as eleições nacionais de outubro, buscando defender a estabilidade do peso. No entanto, a instituição considera provável que a moeda se deprecie novamente, aproximando-se do teto da banda cambial.

Nesse cenário, o Morgan Stanley avalia que tanto o Banco Central quanto o Tesouro precisarão intervir no mercado de câmbio para conter a volatilidade. A expectativa é de que essas medidas façam parte do cumprimento do acordo firmado com o Fundo Monetário Internacional (FMI), que prevê a utilização de reservas internacionais para sustentar a moeda.

BTG também traz projeções para a Argentina

O BTG Pactual também publicou análise após o resultado eleitoral. O banco destacou que a derrota de La Libertad Avanza por cerca de 13 pontos em Buenos Aires foi pior do que o esperado e pode levar o governo a rever sua estratégia macroeconômica e política antes da votação nacional de outubro.

Segundo o relatório, a economia da Argentina está fragilizada, com crescimento estagnado desde abril e queda acentuada nos últimos dois meses. A política monetária adotada elevou os juros a níveis considerados insustentáveis e reforçou a percepção de improviso por parte do governo. Para o BTG, a reação do Executivo será determinante para evitar que o país entre em uma espiral negativa.

https://files.sunoresearch.com.br/n/uploads/2023/04/1420x240-Planilha-vida-financeira-true.png

Giovanna Oliveira

Compartilhe sua opinião