Ministério da Saúde exonera diretor após acusação de propina em compra de vacinas

O Ministério da Saúde exonerou Roberto Ferreira Dias, diretor do Departamento de Logística. O anúncio havia sido feito pela pasta na noite de ontem, e a confirmação foi publicada no Diário Oficial da União (DOU) na manhã desta quarta-feira (30).

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A demissão de Roberto Ferreira Dias foi oficializada pelo Ministério da Saúde em meio à acusações de que ele havia negociado propina para a compra de vacinas contra a Covid-19. As informações são do jornal Folha de S.Paulo.

Paulo Dominguetti Pereira, representante da empresa Davati Medical Supply, procurou o ministério para negociar 400 milhões de doses da vacina AstraZeneca, com uma proposta de US$ 3,5 por cada uma.

Em encontro em Brasília, Dias teria dito que, para trabalhar junto com o ministério, teria que “compor com o grupo”.

“[Ele disse] que existe um grupo que só trabalhava dentro do ministério, se a gente conseguisse algo a mais tinha que majorar o valor da vacina, que a vacina teria que ter um valor diferente do que a proposta que a gente estava propondo”, relata a Folha de S.Paulo, em fala de Dominguetti.

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Dominguetti disse que não seria possível proceder dessa forma, pois as doses da vacina seriam importadas e que a AstraZeneca não opera desta maneira.

“Ele me disse: ‘Pensa direitinho, se você quiser vender vacina no ministério tem que ser dessa forma”, citou o jornal.

Ministério da Saúde na mira da CPI

O senador Omar Aziz, presidente da CPI, disse em sua conta pessoal do Twitter que convocará Dominguetti para esclarecimentos sobre o tema.

A demissão de Dias ocorre quatro dias após os depoimentos à CPI da Covid do deputado Luis Miranda, e de seu irmão, Luis Ricardo Fernandes Miranda, chefe de importação do Departamento de Logística do Ministério da Saúde.

Os dois disseram existir um esquema de corrupção envolvendo a compra da Covaxin e citaram o diretor de logística.

Em 2020, Ferreira quase ocupou um cargo na diretoria da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). O presidente Jair Bolsonaro desistiu da indicação após o diretor ter assinado um contrato de R$ 133,2 milhões pelo Ministério da Saúde, com indícios de irregularidade, para a compra de 10 milhões de kits com materiais para testes de Covid-19.

Dias foi indicado para o cargo pelo líder do governo na Câmara dos Deputados, Ricardo Barros, ex-ministro da Saúde. O diretor assumiu a função na gestão de Luiz Henrique Mandetta, então chefe do Ministério da Saúde. Barros nega o apadrinhamento de Dias.

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Jader Lazarini

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