Mercado pet: Sem líder definido, setor de R$ 40 bi aposta em luxo e inovação

Há muito se fala que o mercado pet é ‘bom pra cachorro’, mas a pandemia chegou para dar novas evidências a respeito. Enquanto a economia brasileira recuou 4% em 2020, a indústria pet teve um avanço de 13,5% na comparação com 2019, com faturamento de R$ 40,1 bilhões, segundo o Instituto Pet Brasil (IPB).

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Os principais fatores que explicam a expansão, na contramão da crise econômica, são:

  • A permanência do funcionamento dos serviços voltados aos pets, já que são considerados essenciais.
  • O isolamento social, que fez com que as pessoas passassem mais tempo dentro de casa, redobrando a atenção com seus animais de estimação e, em alguns casos, até adotando novos companheiros.

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Atualmente, o Brasil é considerado o segundo maior mercado de produtos pet do mundo, detendo 6,4% da participação global, atrás somente dos Estados Unidos, que detém 50% de parcela no segmento, segundo estimativas da Euromonitor International.

Diante do processo de humanização do pet, em que os animais se tornam membros da família, os donos buscam cada vez mais proporcionar uma qualidade de vida superior para seus animais de estimação.

“A expansão das informações disponíveis sobre a saúde e o comportamento dos animais também faz com que os tutores aumentem a demanda por produtos e serviços mais sofisticados, elevando o consumo de itens considerados premium”, analisou a TORO Investimentos.

E, engana-se quem pensa que estão todas as empresas competindo no mesmo mercado. De acordo com relatório do BTG Pactual (BPAC11), trata-se de um setor fragmentado sem um player dominante.

Para quem acompanha o mercado de ações, a empresa mais conhecida é a Petz (PETZ3), mas sua participação de mercado é de apenas 6%. A rival Cobasi detém 5% de market share.

Diante deste cenário, muitas empresas estão partindo para a inovação, em busca de nichos de alto valor agregado. Isso explica porque existem camas para cachorro mais caras do que para seres humanos, a mais de R$ 2 mil, ao mesmo tempo em que surgem planos de assinatura e até planos de saúde para os animais de estimação.

Confira algumas destas inovações:

Plano de saúde no mercado pet

Nem só de mimos vive um pet: é importante sempre cuidar do bem-estar e saúde do animalzinho.

Pensando nisso, a empresa Plamev Pet foi criada em 2013 pelo veterinário Raphael Clímaco, em Sergipe, para oferecer planos de saúde veterinários. Mas foi no ano passado que o negócio realmente explodiu: crescimento de 250% no faturamento, que chegou a R$ 5 milhões em plena pandemia.

A empresa oferece três tipos de planos: Slim (R$ 43,89/mês), Advance (R$ 136,85/mês) e Diamond (R$ 397/mês). O último oferece consulta em domicílio, atendimento remoto 24 horas, tomografia computadorizada, teste alérgico e entre outros.

A novidade da empresa é o Pet Passaport, cobertura de seus planos de saúde no exterior. Funciona como um seguro adicional, por meio de reembolso, para emergências com animais de estimação durante viagens internacionais.

O valor em média do seguro é de R$ 50,00 por mês, valor adicionado à parcela mensal do plano.

Foto: Divulgação / Raphael Clímaco. Mercado pet
Foto: Divulgação / Raphael Clímaco

Creche para animais

Com o objetivo de não deixar o cachorro sozinho enquanto os donos trabalham, o mercado pet também tem fortalecido o conceito de creche para animais. Na DogPalace, os cães são separados em turmas de acordo com o porte e energia.

A empresa garante que os animais tenham uma rotina de atividades físicas e mentais no dia-a-dia. “Além do convívio social com outros cães, a creche canina supre a maior parte de suas necessidades, proporcionando qualidade de vida e bem-estar para eles”, informa a empresa.

Os preços variam de acordo com a quantidade de vezes que o animal irá frequentar o lugar. Considerando os cinco dias da semana, o valor é de R$ 1.215,00 por mês.

Foto: Reprodução site DogPalace. Mercado pet
Foto: Reprodução site DogPalace

Plano de assinatura

Assim como existem os clubes de assinatura de livros, de maquiagens e de cervejas, também têm aqueles para os pets. O assinante paga uma mensalidade para poder receber o produto em casa. Atualmente, existem muitos tipos de clubes de assinatura, inclusive, para animais domésticos.

A Pet In Box trabalha com planos e caixinhas com produtos para os animais. A empresa tem quatro opções: Plano Surpresa (R$ 55,00), Plano Distração (R$ 62,00), Plano Premium (R$ 78,00) e Super Premium (R$ 134,00). O último oferece três pares de petiscos Cannix todo mês.

Imagem ilustrativa. Foto: Pixabay
Imagem ilustrativa. Foto: Pixabay

Nutri alimentador

Para que o dono viaje tranquilo e os animais sejam alimentados sem precisar incomodar o vizinho, foi criado um produto de alimentação automática. Com apenas um clique no dispositivo,  o dono, onde quer que esteja, consegue dar de comer a seu bichinho.

Por meio do celular, o dono controla a quantidade e os horários, além de alguns produtos terem câmeras embutidas para que o dono ‘mate a saudade’. Os preços dos produtos com câmeras variam de R$ 900 a R$ 2.559,00. Nesse segmento de alimentador já existem várias competidoras como a Dogness, EKAZA e PetNeo.

Foto; Reprodução/ Site Soluartz. Mercado pet
Foto: Reprodução/ Site Soluartz

Cama de mais de R$ 2 mil

Embora muitas das empresas que atuem neste nicho sejam startups, também existem empresas já consolidadas neste mercado.

Uma delas é a Atelier Clássico, loja virtual de móveis de luxo no estilo clássico. A empresa vende uma cama chamada “Cama Pet Luís XV” que promete conforto somado ao luxo. O leito de Madeira Maciça entalhado a mão com espuma de alta intensidade está no valor de R$ 2.448,40.

Esse preço proporciona ao dono do pet uma decoração sofisticada e um ambiente aconchegante para o pet de estimação, conforme diz o site.

Foto: Reprodução site Atelier Clássico. Mercado pet
Foto: Reprodução/Atelier Clássico

E-commerce equivale a 4% do mercado pet e tendência é de crescimento

Diante desse cenário, de alto crescimento no mercado e mudança na relação com o animal, a tendência é que esse setor permaneça em crescimento e se consolidando cada vez mais.

Hoje o e-commerce responde por 4,4% do faturamento do setor, ou seja, R$ 1,5 bilhão, conforme o IPB.

De acordo com o BTG, é um mercado muito fragmentado, e mais de 50% do mercado está nas mãos de pequenos pet shops e clínicas veterinárias.

“A ampliação da utilização do e-commerce no mercado gera perspectivas positivas, já que os canais digitais facilitam a compra de produtos, além de oferecer vantagens, como programas de assinaturas e descontos”, informou o documento da Toro Investimentos.

Além disso, a mudança na relação entre os donos e os animais tende a auxiliar o segmento, já que os consumidores estão buscando serviços e produtos com melhor qualidade.

“Para o futuro, esperamos que o mercado pet continue apresentando alto crescimento e resiliência em períodos de desaceleração econômica, principalmente, em função da recorrência da demanda e da baixa sazonalidade, já que apresentam volume de vendas constante ao longo de todo o ano”, concluiu.

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Poliana Santos

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