Os títulos públicos federais seguem atraindo cada vez mais atenção dos investidores. O Tesouro Direto fechou o segundo trimestre de 2025 com 3 milhões de investidores, representando um crescimento de 14% em relação ao mesmo período do ano anterior. O valor em custódia saltou de R$ 136,5 bilhões para R$ 169,9 bilhões, um aumento de 24%.
Em meio ao crescimento, o Tesouro Direto passará a funcionar de forma ininterrupta a partir de janeiro de 2026 e permitirá aplicações e resgates 24 horas por dia, incluindo finais de semana.
Com a taxa Selic em 15% ao ano, o maior patamar desde 2006, e em um cenário de alta atratividade para investir em renda fixa, muitos investidores buscam as melhores oportunidades nos títulos públicos.
Títulos de curto prazo estão pagando mais
A inversão da curva de juros está criando uma situação incomum no mercado de títulos públicos. “O cenário atual da renda fixa mostra que os títulos públicos de curto prazo estão pagando mais porque, na minha visão, a curva de juros está invertida”, explica Andressa Bergamo, especialista em investimentos e sócia-fundadora da AVG Capital.
Essa inversão significa que o mercado antecipa uma redução gradual da taxa básica de juros nos próximos anos. José Áureo Viana Barbosa Júnior, planejador financeiro e sócio da BLUE3 Investimentos, contextualiza o momento: “Para entender, basta olhar o ciclo de juros. O Brasil passou por mais de três anos de Selic em dois dígitos, consequência da necessidade de conter a inflação, do risco fiscal doméstico e de turbulências no cenário internacional”.
As projeções do mercado corroboram essa expectativa de queda. O Boletim Focus projeta Selic em 12,50% ao fim de 2026, 10,50% em 2027 e 10% em 2028. Essa trajetória descendente está refletida nos preços dos títulos. “Por isso, os títulos curtos pagam mais: o investidor exige prêmio maior para carregar risco em um ambiente de Selic alta agora”, destaca José Áureo.
O resultado prático é que investidores podem obter rendimentos superiores em papéis de menor prazo, uma oportunidade que tende a ser temporária conforme os juros se acomodem em patamares menores.
Quais são os melhores títulos do Tesouro Direto para investir?
Os melhores títulos do Tesouro disponíveis atualmente variam conforme a análise de cada especialista, que apontam diferentes opções para perfis específicos de investidor.
José Áureo destaca três papéis do Tesouro Direto. Para reserva de emergência ou objetivos de curtíssimo prazo, indica o Tesouro Selic 2027. O mesmo título também é sugerido por Bergamo, que destaca que esta pode ser uma boa opção para investidores com um perfil mais conservador.
Para quem busca previsibilidade em médio prazo, o sócio da BLUE3 Investimentos recomenda o Tesouro Prefixado entre 2028 a 2030. “Travar taxas hoje pode ser um movimento vencedor diante da provável queda dos juros”, avalia.
O Tesouro Prefixado também é destacado pela sócia-fundadora da AVG Capital como uma alternativa atrativa para investidores com perfil moderado. “Como teremos em breve um ciclo de queda de juros, o Tesouro Prefixado com vencimento em 2027 se torna bastante atrativo”, explica.
Já ao olhar para os investidores com perfil arrojado, com foco em longo prazo, ambos especialistas apontam que o Tesouro IPCA+ 2035 ou 2045 pode representar uma oportunidade interessante. Segundo Bergamo, estes títulos podem garantir ganhos reais acima da inflação e proteger o patrimônio ao longo das próximas décadas.
“Esses títulos ofereceram taxas acima de IPCA + 7% ao ano, patamar que só ocorreu em 11% do tempo histórico”, ressalta ainda José Áureo.
O que saber antes de investir no Tesouro
Antes de escolher onde investir, alguns fatores fundamentais devem ser observados. “Antes de apertar o botão de compra, o investidor precisa responder a uma pergunta simples: ‘Por quanto tempo posso deixar meu dinheiro investido?'”, orienta José Áureo.
Já a especialista em investimentos lista os principais aspectos a acompanhar: “O primeiro é a inflação projetada, já que ela corrói o poder de compra e influencia especialmente os papéis indexados ao IPCA. O segundo é a própria taxa Selic e as decisões do Copom”.
Ela também destaca a importância de acompanhar as expectativas de juros futuros e o cenário fiscal e político. “Incertezas sobre as contas públicas podem elevar o risco e, consequentemente, mudar a atratividade dos títulos”, alerta.
O momento atual oferece uma janela de oportunidade única no Tesouro Direto. Com a Selic em patamar elevado e expectativas de queda nos próximos anos, a estratégia ideal envolve equilibrar diferentes tipos de títulos. “O caminho não é escolher apenas ‘um título’, mas montar uma carteira equilibrada entre Selic, Prefixado e IPCA+, respeitando prazos, objetivos e perfil de risco“, conclui o planejador financeiro.
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