O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) publicou parecer chancelando, sem restrições, a aquisição das ações da BRF (BRFS3) pela Marfrig (MRFG3).
No dia 21 de maio, a Marfrig realizou a compra de ações ordinárias da concorrente, atingindo participação de 24,23% do capital social, ou 196,869 milhões de papéis.
Dias depois, em 3 de junho, a empresa comprou mais ações da companhia por meio de opções e em leilões realizados em Bolsa de Valores (B3) e chegou a uma participação de 31,67%, o que a aproximou dos limites estabelecidos no estatuto da BRF para acionistas minoritários e da cláusula de “poison pill”.
Essa cláusula prevê que qualquer acionista que atinja 33,33% das ações da empresa terá de divulgar este fato e lançar, em até 30 dias, uma oferta pública de aquisição (OPA) para todos os demais acionistas.
Marfirg e BRF: mercado vê em possível fusão
Em junho, o aumento de participação acionária da Marfrig na BRF deixou o mercado na expectativa de uma possível fusão. A Marfrig, que hoje é menor do que a BRF, com aproximadamente R$ 12,7 bilhões de valor de mercado, decidiu elevar sua participação para cerca de 31% da companhia, que é avaliada em R$ 22,7 bilhões.
Na análise do mercado, essa movimentação nada mais é do que uma tentativa de chamar a atenção da dona da Sadia e Perdigão para retomar as conversas de uma combinação de negócios que foi iniciada, em 2019, e acabou não indo para frente.
Os especialistas avaliam que a fusão seria a melhor operação entre as duas gigantes, já que a compra da BRF geraria uma alavancagem muito grande, em um setor que enfrenta alta volatilidade e margens muito estreitas, segundo o analista da XP Investimentos, Leonardo Alencar.
Em contrapartida, a combinação de negócios é mais viável e gera uma expectativa para um portfólio mais amplo. Caso se concretize, a operação mudará a cara do setor na bolsa de valores brasileira, que hoje é composto por apenas quatro ativos: JBS (JBSS3), Minerva (BEEF3), Marfrig e BRF.
Porém, apesar de entusiasmar o mercado, um casamento entre Marfrig e BRF enfrentaria vários desafios. O principal deles é a diferença entre as culturas corporativas das duas empresas.
Enquanto a Marfrig é uma empresa mais jovem, agressiva em aquisições e experiente no dinâmico setor de commodities, a BRF tem origens centenárias e é mais cautelosa em seus movimentos de mercado. Além disso, a dinâmica da indústria de alimentos processados é diferente do mercado de carnes.
(Com Estadão Conteúdo)
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