Sufoco: Magazine Luiza (MGLU3) lidera perdas no Ibovespa hoje, mas sobe no mês; veja os motivos

As ações do Magazine Luiza (MGLU3) despencaram nesta terça-feira (21), liderando as perdas do índice, em linha com a alta dos juros futuros e com o mercado repercutindo os últimos dados do Produto Interno Bruto (PIB) divulgados pela FGV. Os investidores também seguem na expectativa sobre mais um corte na taxa básica de juros, a Selic, o que pode ser favorável para o setor.

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No fechamento, as ações ordinárias de Magazine Luiza (MGLU3) caíram -6,58% cotadas a R$ 2,13. As ações de Casas Bahia (BHIA3) recuaram 1,69%, a R$ 0,58. O Ibovespa cedeu 0,26%, aos 125.626,03 pontos.

Cotação MGLU3

Gráfico gerado em: 21/11/2023
1 Dia

“Houve uma revisão do JP Morgan (JPMC34) para neutro. O mercado ainda observa a desaceleração econômica (PIB) e o quão comprometido com gastos o consumidor estará neste final de ano. Existe uma expectativa se teremos mudança no ritmo de corte de juros, essencial para o setor”, diz Fábio Lemos, sócio da Fatorial Investimentos.

Lemos ainda destaca o movimento de alta nos juros futuros (DIs) nesta terça-feira, com o mercado repercutindo a notícia de que seis Estados do Sul e do Sudeste devem elevar a alíquota padrão do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) para garantir maior receita na distribuição do Imposto sobre Bens e Serviços (IBS).

São Paulo, por exemplo, deve propor uma alíquota de 19,5%, 1,5 ponto percentual acima do padrão de ICMS atual no Estado. “Isso mexerá não só com Magazine Luiza, mas com o setor como um todo”, explica o analista.

No mês de novembro, as ações de Magazine Luiza sobem 59,40%, enquanto as ações de Casas Bahia sobem 23,91%, segundo o Status Invest.

Magazine Luiza (MGLU3) e Casas Bahia (BHIA3): após semana turbulenta, vale a pena comprar ações?

Se tem uma coisa que as varejistas Magazine Luiza, Casas Bahia (BHIA3) e Americanas (AMER3) têm em comum são notícias negativas nos últimos dias, certo? A divulgação de balanços financeiros decepcionantes abalou a confiança dos investidores, mas nada que fosse longe do esperado para o setor. Diante disso, vale a pena comprar ações dessas companhias?

Na visão de Vitorio Galindo, analista de investimentos CNPI e head de análise fundamentalista da Quantzed, não vale a pena investir no setor varejista no momento, sobretudo em um cenário em que as empresas estão altamente endividadas e com a situação financeira complicada, como é o caso das três citadas.

“O problema são o resultado, a situação financeira, a estrutura de capital da companhia. Eu acho que tudo está muito mais relacionado à questão da gestão, da decisão estratégica mesmo, e até do nicho de negócio, da estrutura da empresa. Existe uma situação de concorrência no setor muito grande, independente se é no digital, lojas físicas, etc. Isso fez com que tudo sangrasse”, destaca o analista.

Na semana passada, ao apresentar os números de seu desempenho no terceiro trimestre, o balanço do Magazine Luiza trouxe uma surpresa em seu balanço: uma redução de R$ 830 milhões no patrimônio líquido, atribuída pela empresa a erros em lançamentos contábeis. O ajuste foi feito após uma denúncia anônima, divulgada pela própria empresa em março passado.

Dias depois, foi a vez da divulgação dos resultados da Americanas em 2022 e republicação dos de 2021. No ano passado, a varejista teve um prejuízo líquido de R$ 12,9 bilhões e corrigiu a última linha de seu balanço em 2021: a Americanas reportou um prejuízo líquido de R$ 6,2 bilhões, ante lucro líquido R$ 544 milhões divulgado anteriormente.

Na semana anterior, o Grupo Casas Bahia (BHIA3), antiga Via, registrou no terceiro trimestre de 2023 um prejuízo 311% maior que no mesmo período do ano passado e fechou em R$ 836 milhões. É o quinto trimestre consecutivo que os resultados líquidos da empresa são negativos. O último em que registrou lucro foi no segundo trimestre de 2022, de R$ 16 milhões.

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Mas quais fatores têm atrapalhado a vida das varejistas?

Galindo avalia que o dinheiro gasto por parte dessas empresas com tecnologia para entrar no mundo online, por exemplo, tem sido uma ‘pedra no sapato’ para elas.

Na visão do analista, empresas menores, mais regionais e que trabalham apenas com a operação física, estão com uma situação financeira e de lucratividade muito melhor do que aquelas que entraram em uma competição ‘desenfreada’ e acabaram drenando dinheiro e rentabilidade.

“O varejo online do Brasil é muito complicado, muito caro. A questão de frete, legislação trabalhista, a própria legislação do Código de Defesa do Consumidor, tudo isso, na verdade, atrapalha o online”, pontua o analista.

“Quanto custa para uma empresa, por exemplo, que tem um centro de distribuição no sudeste, enviar um eletrônico, um móvel lá para o norte, nordeste? Como ter lucro nessa operação? É quase que inviável. É difícil essa operação ser lucrativa”, finaliza Galindo sobre fatores que podem estar influenciando nos negócios das varejistas, como Magazine Luiza e Casas Bahia.

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Giovanni Porfírio Jacomino

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