Lucro da Marfrig (MRFG3) tem queda de 44,5% no 4T21 após investimento na BRF (BRFS3)

A Marfrig (MRFG3) registrou um lucro líquido de R$ 650 milhões no quarto trimestre de 2021 (4T21), equivalente a uma queda de 44,5% na comparação anual. Em relação ao 3T21, a perda foi ainda maior, de 61,2%.

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A piora no lucro da Marfrig decorreu, principalmente, pelo efeito negativo de R$ 1,176 bilhão da marcação a mercado do investimento em ações da BRF (BRFS3), diz o balanço financeiro. Porém, no acumulado de 2021, o lucro líquido da Marfrig somou R$ 4,34 bilhões, alta de 31,5% na comparação com o registro de 2020, de R$ 3,30 bilhões.

No balanço financeiro, divulgado nesta terça (8), a Marfrig afirma que se trata dos melhores resultados históricos da companhia de alimentos. “Nossa Operação América do Norte bateu sucessivos recordes de rentabilidade ao longo do ano, e a excelente performance é reflexo da alta demanda por proteína bovina, que, de acordo com o USDA, alcançou mais de 58 libras por habitante em 2021, maior patamar desde 2009”, diz o documento.

Nos resultados do 4T21 da Marfrig, a receita líquida somou R$ 23,94 bilhões entre outubro e dezembro, montante 31,1% superior ao do 4T20 (R$ 18,26 bilhões). Já na comparação trimestral, a elevação foi de 1,3%.

Em todo o ano de 2021, a receita líquida da Marfrig somou R$ 85,39 bilhões, alta de 26,5% em comparação com o acumulado de 2020, que foi de R$ 67,48 bilhões.

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Além da melhor operação da América do Norte, a empresa também atribui os números à operação resiliente da América do Sul, que alcançou mais de R$ 22 bilhões de receita líquida, “mesmo em um cenário desafiador de menor disponibilidade e preços persistentemente altos da matéria-prima, combinados ao auto banimento temporário das exportações para China e ao menor nível das últimas décadas do consumo interno por carne bovina”, diz o balanço da Marfrig.

O lucro operacional medido pelo Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) quase dobrou no período de um ano. No 4T21, o Ebitda consolidado da Marfrig atingiu R$ 4,18 bilhões, enquanto no mesmo período de 2020 o valor foi de R$ 2,10 bilhões – alta de 92,3%.

Em todo 2021, o indicador de lucro operacional somou R$ 14,54 bilhões frente aos R$ 9,59 bilhões de 2020, sendo o valor de 2021 51,6% superior.

Operações da Marfrig na América do Norte

Segundo os resultados trimestrais da Marfrig, a operação na América do Norte foi o destaque da empresa em 2021. No balanço, a empresa afirma que bateu sucessivos recordes de rentabilidade.

“A forte performance é explicada, principalmente, pelo maior preço médio de vendas em todos os mercados de atuação, combinado ao incremento no volume de vendas”, diz o documento.

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O volume total de vendas da Marfrig no 4T21, da operação na América do Norte, foi de 520 mil toneladas (+0,7% em relação ao 4T20 e maior volume do ano), sendo 88% ou 459 mil toneladas destinadas ao mercado interno.

Com isso, a receita líquida dessa operação atingiu um recorde e somou R$ 17,90 bilhões entre outubro e dezembro de 2021, alta de 37% na comparação anual. Em todo 2021, a receita líquida foi de US$ 11,67 bilhões – alta de 23,6% frente a 2020.

O custo por produto vendido (CPV) da Marfrig na operação da América do Norte foi de US$ 2,4 bilhões no 4T21, incremento de 22,2% na comparação anual. Frente ao 3T21, a alta foi de 5,7%. Segundo a empresa, esse aumento de custo se deu pelo aumento no preço médio de compra de gado e também pelo maior volume de vendas no período.

CPV da Marfrig no 4T21. Fonte: relatório trimestral
CPV da Marfrig no 4T21. Fonte: relatório trimestral

Operações na América do Sul

Já na América do Sul, o volume de vendas da Marfrig foi de 340 mil toneladas no 4T21, valor 13,6% inferior ao volume de vendas do mesmo trimestre de 2020.

De acordo com a empresa, esse menor volume é explicado principalmente pela redução de 37,4% nas exportações devido ao período de mais de 60 dias de impossibilidade de vendas para China no 4T21.

Com isso, a receita líquida da operação na América do Sul somou R$ 6,04 bilhões entre outubro e dezembro de 2021, ainda assim um crescimento de 7,6% na comparação anual. O aumento se deu com o maior preço médio total de vendas da Marfrig no período, que foi de 24,5%.

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“Com destaque para o aumento no preço médio de exportações, que mesmo medido em dólares, apresentou crescimento de 41,7% entre os períodos”, diz o balanço financeiro.

No 4T21 da Marfrig, as exportações representaram 52% da receita da operação na América do Sul, uma queda de 9 pontos percentuais comparada ao mesmo período de 2020. No trimestre, aproximadamente 39% do total das receitas de exportação foram destinadas à China e Hong Kong.

O CPV das operações na América do Sul foi de R$ 5,48 bilhões, um aumento de 12,3% na comparação anual. A empresa explica que o custo aumentou junto com a matéria-prima, que representou 83,9% da composição total do CPV. Houve alta no Brasil, na Argentina e no Uruguai.

Preço por gado da Marfrig no 4T21. Fonte: balanço financeiro.
Preço por gado da Marfrig no 4T21. Fonte: balanço financeiro.

Custos e dívidas da Marfrig

No consolidado do 4T21, o CPV da Marfrig foi de R$ 18,91 bilhões, 21,8% superior ao mesmo período de 2020. A empresa justifica que houve aumento no custo da matéria prima em todas as regiões de atuação e parcialmente compensado pelo menor volume de vendas na Operação América do Sul.

As despesas com vendas da companhia totalizaram R$ 992 milhões, ou 4,14% da receita líquida, um valor estável em relação ao mesmo período do ano anterior. Já as despesas gerais e administrativas foram de R$ 284 milhões ou 1,19% da receita líquida, uma redução de 23 pbs frente ao mesmo período de 2020.

A dívida líquida da Marfrig fechou dezembro em US$ 3,92 bilhões, um aumento de 55,6% em relação à dívida do 3T21. Quando medida em reais, o aumento da dívida líquida foi de 59,7%, para R$ 21,92 bilhões no 4T21 versus R$ 13,73 bilhões no 3T21.

“Este aumento é explicado principalmente pela reclassificação das ações da BRF, que até o 3T21 eram contabilizadas em aplicações financeiras e títulos e valores mobiliários consideradas de curto prazo, portanto parte do caixa. No 4T21, dada a materialidade da desvalorização das ações no último trimestre do ano, essa posição passou a ser contabilizada como longo prazo, não sendo mais consideradas para cálculo de dívida líquida”, diz o balanço da Marfrig.

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Monique Lima

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