Irã: ataque dos EUA pode elevar preços do petróleo; veja possíveis impactos

A recente escalada nas tensões no Oriente Médio atingiu um novo patamar depois que as forças militares de Israel iniciaram um ataque massivo ao território do Irã. O ponto máximo de fervura, no entanto, ocorreu no fim de semana, quando os Estados Unidos cerraram fileiras às ações israelenses e anunciaram ter atacado instalações nucleares no Irã, aumentando o temor de um grande conflito global.

No mercado financeiro, as principais dúvidas são sobre os inevitáveis impactos no preço do petróleo e também em uma possível interrupção no fornecimento. No Brasil, algumas ações podem se valorizar com o cenário atual, especialmente da Petrobras (PETR4) e demais empresas do setor de petróleo & gás.

Relatório divulgado pelo UBS aponta que não há riscos de uma interrupção a médio prazo no fornecimento de petróleo. De acordo com os analistas, não há probabilidade de uma escalada ainda maior no conflito entre EUA e Irã. “Acreditamos que a queda no curto prazo das ações pode representar uma oportunidade para investidores com alocação insuficiente em ações construírem posições”, afirmou o UBS em nota.

No entanto, a UBS pondera que uma expansão mais ampla além das fronteiras de Israel e do Irã poderia ter “implicações significativas”. No momento, de acordo com as últimas apurações, as instalações de produção e exportação de petróleo no Irã não foram seriamente danificadas — a maior parte dos ataques foi voltado às instalações energéticas nucleares. O maior risco, segundo os analistas, seria um potencial fechamento do Estreito de Ormuz, por onde passa cerca de um quarto da produção global de petróleo.

Irã x EUA e Israel: possíveis riscos à América Latina

Na análise da UBS, caso haja uma elevação abrupta no preço do barril do petróleo, que beira os US$ 80 nesta segunda-feira (23), o impacto será altamente negativo para os países emergentes.

“Aumentos nos preços do petróleo impulsionados pela oferta são ruins para os retornos dos mercados. Historicamente, os mercados emergentes se beneficiam de preços mais altos do petróleo, quando impulsionados por fatores do lado da demanda. Os preços do petróleo impulsionados pela oferta são geralmente negativos (…). A América Latina é tipicamente mais sensível e se beneficia dos preços mais altos do petróleo, enquanto a Ásia geralmente é prejudicada. O Brasil normalmente obtém retornos melhores quando os preços do petróleo estão mais altos — recentemente elevamos a classificação do Brasil de neutro para overweight — enquanto a Índia e as Filipinas podem ser mais vulneráveis.”

Outras análises, a partir do Brasil, também apontam receio com a possível elevação nos preços mas apontam oportunidades de investimento. Fernando Siqueira, da Eleven, afirmou que empresas de petróleo com maior liquidez, como as gigantes Chevron e Exxon, estariam nessa lista.

“Outras empresas com menos liquidez também podem ser observadas por aqui, como as do setor de defesa e segurança. Elas devem ser mais buscadas a partir de agora”. No entanto, Siqueira não recomenda alterações bruscas na estratégia de investimentos, ao menos diante dos primeiros desdobramentos do conflito envolvendo o Irã. “Uma possibilidade seria fazer pequenos ajustes”.

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