Investir no exterior além dos EUA: confira as melhores opções

Investir no exterior é um objetivo de muitos investidores pessoa física, tendo em vista a busca por diversificação e a redução da exposição a riscos domésticos, por exemplo. Nesse sentido, a primeira opção a ser considerada costuma ser a Bolsa dos Estados Unidos, mas, atualmente, há também outros mercados interessantes mundo afora, e que podem ser acessados com facilidade por meio de ETFs.

O Suno Notícias conversou com Danilo Moreno, analista de ETFs da Investo, Flávio Vegas, especialista de produtos da Global X e Renato Eid, gestor da Itaú Asset, para entender quais são os melhores países para investir, bem como para apresentar algumas opções de ETFs que garantem exposição a esses mercados.

Segundo Moreno, temas de longo prazo que podem ser explorados globalmente envolvem infraestrutura digital, data centers, energia nuclear, inteligência artificial, cibersegurança e computação em nuvem. Apesar de enxergar oportunidades nesses setores fora dos Estados Unidos, ele afirma que, mesmo quem considera os valuations americanos elevados, não deveria abandonar o país.

“O investidor que deixou de investir nos EUA por conta das máximas do índice S&P500 nos últimos anos teria praticamente deixado de comprar o mercado americano desde 2010, o que significaria perder toda a performance do índice até hoje”, observa.

Vegas, por sua vez, chama a atenção para as small caps americanas, que segundo ele, seguem descontadas em relação ao histórico.

“O segmento de small caps nos EUA é acessível na B3 pelo ETF SVAL11. Os múltiplos desse mercado seguem abaixo da média histórica, o que mostra que ainda há espaço atrativo dentro dos Estados Unidos”, afirma.

Para além dos EUA, ele recomenda uma diversificação ampla, que pode ser garantida pelo WRLD11, ETF que replica bolsas globais.

Já Eid reforça que o olhar deve ir além do debate “caro/barato”. Para ele, o importante é combinar diferentes regiões com focos setoriais ou temáticos, equilibrando crescimento e resiliência. Nesse contexto, ele cita o BITI11, fundo ligado ao bitcoin, como um ativo de risco descorrelacionado que pode enriquecer a diversificação da carteira.

Mercados emergentes: risco ou oportunidade?

Entre os mercados emergentes, um país que aparece no radar dos especialistas é a Argentina. Segundo Moreno, uma agenda de reformas pode abrir espaço para ganhos expressivos na Bolsa argentina.

“Acreditamos em um grande potencial de risco x retorno para o mercado argentino em particular”, afirma o analista da Investo.

Vegas também cita o país vizinho, mas ressalta a volatilidade. “O ARGE11 é um veículo que permite acessar essa tese de forma transparente e líquida. Mas essa exposição deve ser vista como uma posição satélite dentro da carteira, representando uma parcela menor em comparação a ETFs de diversificação global como o WRLD11”, pondera.

Já Eid destaca a China, pela amplitude e profundidade de seu mercado. “O país oferece desde internet e tecnologia até grandes indústrias e saúde. Nesse contexto, o SILK11 é uma alternativa prática, pois reflete o MSCI China A 50 Connect Index, oferecendo acesso às principais ações”, explica.

Câmbio é ponto de atenção

Na hora de investir em ETFs internacionais, a volatilidade cambial é um fator central. Moreno lembra que flutuações de 1% a 2% ao dia são comuns em moedas emergentes como o real e que, em períodos de estresse, os movimentos podem ser ainda maiores.

Vegas destaca que, no longo prazo, a exposição ao dólar tende a ser uma proteção natural para o investidor brasileiro.

“O grande risco está no real, que é uma moeda fraca no contexto global, e não no dólar”, diz o especialista da Global X.

Eid recomenda que os investidores avaliem se devem ou não fazer hedge cambial, dependendo do objetivo.

“Na prática, muitos combinam as duas abordagens: parte hedgeada para reduzir ruído e parte não hedgeada para diversificar por moeda. É uma combinação entre segurança e risco, ajustada com rebalanceamentos periódicos”, explica, citando ETFs como SPXR11 (sem exposição cambial) e SPXI11 (com exposição cambial).

Riscos e proteção no longo prazo

Na visão de Moreno, o maior risco está em não diversificar. “Além da diversificação instantânea que o investidor tem ao comprar um ETF, uma carteira composta por vários fundos pode oferecer exposição a renda fixa de diferentes geografias e também a ações globais”, afirma.

Vegas aponta riscos políticos, geopolíticos e de liquidez em bolsas menores, mas reforça que o futuro é incerto e a diversificação é a melhor proteção.

“Os EUA tiveram um desempenho excepcional nos últimos 15 anos, mas na década anterior ficaram praticamente de lado, enquanto emergentes lideraram os ganhos. Isso mostra como a diversificação internacional é fundamental para atravessar diferentes ciclos”, afirma.

Eid conclui que não há um número mágico para a alocação internacional, mas cita uma média de 25% do portfólio em ativos globais como referência comum.

“Dentro desse bloco internacional, faz sentido não concentrar só nos EUA e distribuir parte relevante em outros países, ampliando a diversificação”, afirma.

Essa matéria sobre investir no exterior além dos Estados Unidos não é uma recomendação de investimentos.

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Guilherme Serrano Silva

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