Investimento de renda fixa com vencimento no longo prazo vale a pena?

Muitos investidores são resistentes à ideia de usar a renda fixa no longo prazo como uma estratégia de investimento, como por exemplo comprar um NTN-B com vencimento em 2035.

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Entretanto, por mais que um título com vencimento daqui a mais de dez anos pareça uma escolha arriscada, outras alternativas buscadas por investidores, muitas vezes na renda variável, também seguem uma lógica de valorização no longo prazo.

Como, então, extrair o melhor que um investimento em renda fixa com o vencimento no longo prazo tem a oferecer? A Suno Notícias responde a essa pergunta hoje, no quarto dia da Semana da Renda Fixa, realizada com apoio da SVN Investimentos. Você pode ficar por dentro de tudo que está rolando neste link.

Quando é bom ter renda fixa no longo prazo?

A renda fixa no longo prazo pode ser uma ótima aliada do investidor que programa um uso definido para o dinheiro investido, uma vez que o risco de perda do que foi investido é menor do que na renda variável.

Walter Fogolin, Head de Produtos da InvestSmart XP, explica que a previsibilidade de recursos no futuro é justamente a grande vantagem da renda fixa de longo prazo.

“Quando o cliente vai ao mercado e aplica seu dinheiro em uma NTN-B 2035 com uma taxa de IPCA + 5,00% ao ano, ele sabe que, se levar seu ativo ao vencimento, ele terá exatamente este resultado. No mercado de ações a pessoa está se tornando sócia de uma empresa. O sucesso desta empresa formará o preço de sua ação para o futuro, então existem muitas variáveis ao longo do tempo”, diz.

Fogolin lembra que, para objetivos como pagar a faculdade de filhos ou garantir a própria aposentadoria, este tipo de investimento fornece uma segurança única.

“Imagine o seguinte: meu filho acaba de nascer e desejo construir uma reserva para faculdade. Um dos pontos principais é a proteção contra inflação, o dinheiro ter um retorno real, ou seja, acima da inflação. Todos os meses eu posso ir ao mercado e investir um pouco em NTN-B, por exemplo”, pontua o especialista.

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Prefixado ou pós?

Na hora de escolher entre títulos prefixados, cuja rentabilidade é dada no início do investimento, e os pós-fixados, que são atrelados à Selic, inflação ou ao CDI, o investidor deve priorizar o título que se encaixa mais na sua atividade de movimentação de carteira de investimento.

Para um perfil que deseja realizar menos movimentações, o título pós-fixado dá a possibilidade de manter um rendimento que sempre irá acompanhar ou cobrir a inflação, por exemplo.

Agora, para o investidor que deseja fazer uma gestão ativa de sua carteira, títulos prefixados podem ser uma boa pedida para garantir uma rentabilização extra nos investimentos.

Isso porque o investidor que compra um título no longo prazo tem a possibilidade de vender e rentabilizar em cima da venda do título no futuro caso o título garanta remuneração acima da marcação de mercado.

“Se, por exemplo, você pega um pré-fixado de longo prazo que rende 10% ao ano, e após um tempo as taxas acabam se reduzindo, tem a possibilidade de vender este título antecipadamente, de modo a ter marcação a mercado, e realocar esse montante para, no final das contas, ter rendimento superior àqueles 10% de anteriormente” , pontua Christopher Galvão, analista da Nord Research.

Mas, para isso, o investidor deve ter parâmetros mínimos nos quais possa embasar sua capacidade de previsão do cenário macroeconômico e comportamento de índices econômicos como as próprias taxas de juros. Caso contrário, é possível tomar prejuízo nos títulos, que podem acabar perdendo na rentabilidade para as taxas de juros vigentes.

“Quanto mais incertezas com relação ao cenário macro, mais chances de prejuízo. Quando você tem um contexto mais claro sobre o cenário de inflação e o cenário fiscal, por exemplo, você fundamenta melhor a sua decisão de modo a ter uma assimetria mais positiva daquela operação”, diz Galvão.

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Serve para a reserva de emergência?

Em termos gerais, o investidor deve evitar fazer o uso de títulos de renda fixa no longo prazo para alocar sua reserva de emergência.

Isso porque a grande maioria deste tipo de investimento contraria princípios de uma reserva de emergência, que é proporcionar alta liquidez e baixa volatilidade ao investidor– ou seja, em uma situação de emergência, o ideal é poder retirar o dinheiro com a garantia de que o valor inicial investido não será perdido.

E, no caso de títulos de longo prazo, quanto maior a distância até o vencimento do título, maior a volatilidade. Portanto, cuidado: caso o título esteja sendo negociado a um valor mais barato do que no momento de compra por parte do investidor, ele dará prejuízo.

Para a reserva de emergência, é mais interessante priorizar investimentos como o títulos do Tesouro Selic, que tem liquidez diária, CDBs com liquidez diária, ou contas digitais remuneradas.

E para a previdência?

Para o investidor que busca garantir seu sustento na aposentadoria, é possível também optar por realizar uma previdência privada, em vez da compra de um título de renda fixa no longo prazo.

No Brasil, existem dois tipos de previdência privada, o PGBL e VGBL, sendo a maior diferença entre eles a tributação.

Enquanto o PGBL é indicado para quem declara o Imposto de Renda pelo formulário completo, dando a possibilidade deduzir seus aportes até o limite de 12% da sua renda anual, o VGBL tem IR incidente apenas sobre a rentabilidade, sendo é mais indicado para quem faz a declaração anual pelo formulário simples.

“A previdência é usada para benefício fiscal sendo um PGBL, mas serve somente para quem faz declaração de imposto de renda pelo modelo completo e é contribuinte do INSS. O VGBL é recomendado para quem faz a declaração de imposto de renda pelo modelo simplificado, quem quer acumular dinheiro e não tem a disciplina de aplicar recursos todos os meses. Digo isso por normalmente estes produtos terem débito programado na conta corrente do investidor” afirma Fogolin, da XP.

O gestor acredita que independente da preferência do investidor, o importante é manter uma alocação de capital diversificada e capaz de mitigar riscos ao investidor, adequando sua carteira a seu perfil de investimento e objetivos.

“A indústria de previdência privada evoluiu muito nos últimos anos e isso trouxe uma prateleira mais sofisticada para esta modalidade. Isso faz com que os investidores tenham a possibilidade de investir em produtos cada vez melhores”, diz.

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Laura Intrieri

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