Ibovespa avança com Wall Street e alívio político após Orçamento de 2026

Ibovespa voltou a subir nesta sexta-feira (19), ampliando o movimento positivo da véspera, em um pregão marcado por apetite global ao risco, alívio no cenário político doméstico e desempenho positivo das blue chips, especialmente bancos. O índice encontrou suporte no avanço das bolsas americanas e reagiu à aprovação do Orçamento de 2026 na Comissão Mista de Orçamento (CMO).

Ao fim do pregão, o principal índice da B3 subiu 0,29%, aos 158.374,17 pontos, depois de tocar a máxima de 159.551,94 pontos e a mínima de 157.906,06 pontos. O volume financeiro somou R$ 23,35 bilhões, influenciado pelo vencimento de opções sobre ações. Apesar da alta do dia, o Ibovespa encerrou a semana com queda acumulada de 1,49%.

Orçamento destrava apetite ao risco no mercado local

No cenário doméstico, a aprovação do Projeto de Lei Orçamentária Anual de 2026 pela CMO ajudou a reduzir incertezas de curto prazo. Para Bruno Perri, economista-chefe e sócio-fundador da Forum Investimentos, o mercado aproveitou o momento para corrigir quedas recentes. Segundo ele, enquanto aguardava o Orçamento, o investidor local buscou voltar ao patamar positivo de dezembro, em meio a um ambiente ainda sensível às movimentações eleitorais.

Esse contexto contribuiu para a queima parcial de prêmios de risco, especialmente na curva de juros, favorecendo ações mais ligadas ao ciclo doméstico.

Wall Street sustenta movimento e influencia blue chips

No exterior, o tom foi positivo. As bolsas americanas avançaram com força, impulsionadas pelo otimismo em torno de um acordo envolvendo a joint venture do TikTok com a Oracle, que beneficiou ações de tecnologia. Esse movimento ajudou a sustentar o fluxo para ativos de risco ao longo do dia.

Ainda assim, a elevação dos juros pelo Banco do Japão, ao maior nível em cerca de três décadas, trouxe reflexos para os mercados globais. Segundo Bruno Shahini, especialista em investimentos da Nomad, a decisão do BoJ pressionou os yields internacionais e fortaleceu o dólar no exterior, o que limitou movimentos mais intensos em moedas emergentes.

Dólar sobe, mas mercado local limita pressão

No câmbio, o dólar encerrou em leve alta, cotado a R$ 5,53, refletindo o fortalecimento global da moeda americana e o avanço dos rendimentos dos Treasuries. Shahini avalia que o real chegou a devolver parte das perdas ao longo da tarde, com o ambiente doméstico relativamente mais construtivo ajudando a conter uma pressão maior.

Bancos lideram ganhos do Ibovespa

Entre os destaques do dia, as ações de Itaú (ITUB4) e Bradesco (BBDC4) lideraram os ganhos e deram sustentação ao índice. O setor bancário se beneficiou tanto do alívio político quanto do movimento técnico de busca por ativos que haviam sofrido quedas recentes.

Empresas cíclicas e de utilidades públicas também reagiram bem, acompanhando o fechamento parcial da curva de juros. Na ponta negativa do Ibovespa, CSN (CSNA3) e CSN Mineração (CMIN3) recuaram após a reestruturação societária envolvendo a MRS Logística, movimento interpretado pelo mercado como desfavorável à mineradora.

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Maíra Telles

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