O que esperar do Ibovespa no 2º semestre? Confira projeções e as apostas de analistas em empresas da Bolsa

Metade de 2023 já se foi. A partir de agora, o mercado começa a especular o que se pode esperar do Ibovespa para o segundo semestre. O comportamento da maioria dos setores que compõem o índice será determinado por vários fatores macroeconômicos, mas o principal deles consiste na expectativa para a queda ou não da taxa básica de juros da economia.

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Como esperado, o Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central (BC), manteve a taxa Selic em 13,75% ao ano pela sétima vez consecutiva, estratégia que, na visão do órgão, tem se mostrado adequada para assegurar a convergência da inflação. O BC, no entanto, não trouxe nenhuma sinalização de corte na próxima reunião, em agosto.

Apesar de relevante, a preocupação dos investidores não está restrita apenas ao Brasil.

Na semana passada, o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês), do Federal Reserve (Fed), anunciou que vai manter as taxas de juros no país no intervalo entre 5% e 5,25%. Foi a primeira pausa nos juros após dez altas consecutivas desde março de 2022. Mesmo assim, o comitê não descarta dois novos ajustes até o fim do ano.

Nesta semana, o Banco do Povo da China (PBoC, o banco central chinês) cortou suas principais taxas de juros pela primeira vez em 10 meses. O indicador de referência para empréstimos (LPR, na sigla em inglês) de 1 ano caiu 10 pontos-base, de 3,65% para 3,55% e a taxa para empréstimos de 5 anos recuou de 4,30% para 4,20%.

No caso do país asiático em específico, o crescimento no consumo de minério de ferro logo após a sua saída da política de Covid Zero, no fim do ano passado, não atendeu aos anseios do mercado. Isso acabou provocando um aumento na volatilidade das empresas do segmento, e por isso, demanda mais atenção por parte dos investidores daqui para a frente.

“Temos que nos atentar a esses indicadores chineses, principalmente na parte de commodities, mas também nos outros consumos, como grãos, que eles consomem bastante do Brasil. Se isso se mantiver ou diminuir, é bastante impactante para nós”, alerta Gustavo Gomes, especialista de renda variável e sócio da Acqua Vero.

No Brasil, a propósito, as empresas de commodities cíclicas podem reservar boas oportunidades no segundo semestre, já que acabam se beneficiando de algum tipo de safra, como SLC Agrícola (SLCE3) e Brasil Agro (AGRO3). E o momento é favorável, sobretudo depois dos últimos dados do Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre, que cresceu 1,9%. Dessa parcela, 1,7 ponto percentual veio da escalada do setor, que registrou a maior alta do indicador no período, 21,6%.

Mas não são só as empresas do agronegócio que estão sendo observadas pelo mercado.

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Quais empresas dentro do Ibovespa ficar também de olho?

Em um cenário de possível redução nos juros, as varejistas, por exemplo – consideradas bastante alavancadas pelos analistas –, acabam se tornando um ponto de atenção, uma vez que representam boa parte do índice em quantidade de companhias e tiveram uma depreciação elevada entre os anos de 2021 e 2022.

Neste caso, os destaques ficam para empresas como Lojas Renner (LREN3), Arezzo (ARZZ3) e Grupo Soma (SOMA3). “Se a gente tiver realmente uma melhora desses cenários, essas empresas tendem a se beneficiar mais rápido”, explicou Gomes, reforçando que as companhias do setor de tecnologia – como Totvs (TOTS3) e Intelbras (INTC3) – também podem se aproveitar deste cenário.

Por sua vez, o setor bancário tem conseguido uma boa posição no contexto atual, o que pode ser comprovado pela última temporada de balanços de empresas do setor. O Banco do Brasil (BBAS3), por exemplo, teve um lucro ajustado de R$ 8,5 bilhões no primeiro trimestre, alta de 28,9% na base anual.

O resultado foi alcançado graças ao bom desempenho de sua carteira de crédito, uma vez que a instituição financeira possui maior exposição ao agro e ao crédito consignado para pessoas físicas, oferecendo menor risco do que seus pares.

“Quando se trata de índice de preço sobre lucro (P/L), [o setor de instituições financeiras] é um dos que estão mais descontados. Tivemos uma oscilação bastante grande, ele [Banco do Brasil] chegou a trabalhar ali perto dos R$ 30 no preço por ação. Então, existe uma expectativa bem positiva para os bancos no segundo semestre”, disse Gustavo.

As companhias aéreas também devem animar os investidores nos próximos meses, não só por uma possível queda nos juros, mas também após a melhora nos preços dos combustíveis. As ações da Azul (AZUL4), por exemplo, sobem quase 100% no ano, mostrando resiliência de um segmento bastante impactado durante a pandemia.

Neste contexto, inclusive, as atenções se voltam para as petroleiras, com destaque para a Petrobras (PETR4), que possui uma participação relevante no índice Bovespa. Os próximos meses devem ser decisivos para a estatal, principalmente em relação às negociações envolvendo a aquisição da Braskem (BRKM5) .

Segundo Gustavo Gomes, da Aqcua Vero, a companhia estava com prêmio de risco muito alto, bastante puxado pelas movimentações políticas, mas agora, o movimento está sendo melhor assimilado pelo mercado.

Quantos pontos o Ibovespa deve alcançar no segundo semestre?

A precificação dos ativos com relação ao risco trazido pelas eleições de 2022 e à curva de juros são dois movimentos que levam o mercado a acreditar que o Ibovespa pode chegar próximo aos 135 mil pontos no fim do ano.

“Se nós tivermos um corte da taxa Selic para o segundo semestre, essa precificação do Ibovespa melhora e aí estamos falando de um intervalo entre 10% e 12% para os ativos que nós já temos hoje na Bolsa. E isso seria algo precificado instantaneamente a partir do momento que realmente existir esse corte de juros”, finalizou Gomes.

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Giovanni Porfírio Jacomino

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