Ibovespa cai 0,36% em dia de tombo de 15,9% do Bradesco (BBDC4) e queda dos bancos; Vale (VALE3) e Petrobras (PETR4) sobem

O Ibovespa encerrou o pregão de hoje (7) em baixa de 0,36%, aos 129.949,90 pontos. Na mínima diária, o índice de ações atingiu os 129.426,40 pontos, enquanto a máxima foi de 130.551,96 pontos. Já o volume financeiro de hoje somou R$ 27,9 bilhões. O índice ainda sobe 2,18% na semana e 1,72% no mês. No ano, o Ibovespa cede 3,16% – mas, em 12 meses, o avanço é de 20,51%.

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O Ibovespa hoje se descolou das principais Bolsas de Valores de Nova York, que encerraram o pregão em alta.

  • Dow Jones: +0,41%, aos 38.678,15 pontos;
  • S&P500: +0,82%, aos 4.995,06 pontos;
  • Nasdaq: +0,95%, aos 15.756,64 pontos.

Dierson Richetti, especialista em investimentos e sócio da GT CAPITAL, destacou que uma das companhias em queda no Ibovespa hoje é o Bradesco (BBDC4), em razão do resultado anunciado antes da abertura dos mercados.

Os resultados do Bradesco foram inferiores às expectativas. As projeções para este ano também não agradaram os especialistas, assim como o plano estratégico divulgado para os próximos 5 anos, que teriam “deixado a desejar”, abaixo do projetado.

Os resultados abaixo das projeções trouxeram uma forte queda nas ações do Bradesco, após os papéis subirem cerca de 5% ontem (6) diante de um possível fechamento de capital da Cielo (CIEL3).

“O Bradesco apresentou lucro fraco no quarto trimestre, abaixo da estimativa de consenso, impactado por provisões e despesas operacionais, mais altas. O banco também apresentou um guidance para 2024 que, estimamos, implica lucro de cerca de R$ 17 bilhões, abaixo do consenso de R$ 22,5 bilhões – mostrando alguma recuperação, mas em base muito deprimida, e ainda com nível muito elevado de despesas com provisões”, observa em relatório a equipe de Research do Citi. “Embora consideremos que as expectativas já eram baixas para os resultados e o guidance, vemos esses números como um grande revés.”

O setor financeiro como um todo, que havia reagido bem aos números sólidos apresentados nesta semana pelo Itaú (ITUB4 -0,72%) no trimestre outubro-dezembro de 2023, caiu hoje em bloco com o Bradesco – destaque também para Santander (SANB11, -2,35%) e para Banco do Brasil (BBAS3, -0,27%), entre as maiores instituições financeiras listadas na B3.

Dentre as altas do Ibovespa hoje estão Locaweb (LWSA3), Petz (PETZ3) e Vamos (VAMO3), que se estão, segundo especialistas, bastante “descontadas” em relação aos seus concorrentes de mercado.

Richetti diz que, como as principais altas do Ibovespa de ontem vieram dos bancos, hoje os investidores investiram em companhias que fazem parte de outros segmentos.

Nesse sentido, ações de empresas do setor de commodities avançaram no pregão de hoje, tendo Vale (VALE3) e Petrobras (PETR4) no campo positivo, acompanhando as altas do minério de ferro e do petróleo no exterior.

A reação do mercado ao nível de provisões e ao fraco lucro do Bradesco no quarto trimestre de 2023 derrubou as ações do segundo maior banco privado brasileiro nesta quarta-feira, em queda de 13,02% (ON) e de 15,90% (PN) no fechamento, levando o Ibovespa a terreno negativo na sessão. Em sentido contrário ao de Nova York, o índice da B3 caiu hoje 0,36%, aos 129.949,90 pontos, entre mínima de 129.426,40 e máxima de 130.551.96, tendo saído de abertura a 130.412,20 pontos. Vindo de ganhos nas duas sessões anteriores – ontem, de 2,21%, quando retomou os 130 mil e fechou praticamente na máxima do dia -, ainda sobe 2,18% na semana e 1,72% no mês. No ano, o Ibovespa cede 3,16% – mas, em 12 meses, o avanço é de 20,51%.

O giro financeiro foi a R$ 27,9 bilhões na sessão da B3 em que as ações do Bradesco registraram uma de suas maiores perdas da história. A ação preferencial do banco tem peso de quase 4% na composição do Ibovespa (3,84%), superada apenas por Vale ON, Petrobras PN, Itaú PN e Petrobras ON entre as maiores participações relativas na carteira teórica do índice. Em 9 de novembro de 2022, Bradesco PN havia caído 17,38% e a ON, 16,01% – ocasião em que o banco tinha perdido R$ 31 bilhões em valor de mercado, também após uma divulgação de resultado trimestral. Aquela havia sido a queda mais intensa para o papel desde 10 de setembro de 1998, um período marcado pela forte volatilidade em torno da crise cambial da Rússia.

“O Bradesco apresentou lucro fraco no quarto trimestre, abaixo da estimativa de consenso, impactado por provisões e despesas operacionais, mais altas. O banco também apresentou um guidance para 2024 que, estimamos, implica lucro de cerca de R$ 17 bilhões, abaixo do consenso de R$ 22,5 bilhões – mostrando alguma recuperação, mas em base muito deprimida, e ainda com nível muito elevado de despesas com provisões”, observa em relatório a equipe de Research do Citi. “Embora consideremos que as expectativas já eram baixas para os resultados e o guidance, vemos esses números como um grande revés.”

O setor financeiro como um todo, que havia reagido bem aos números sólidos apresentados nesta semana pelo Itaú (PN -0,72%) no trimestre outubro-dezembro de 2023, caiu hoje em bloco com o Bradesco – destaque também para Santander (Unit -2,35%) e para Banco do Brasil (ON -0,27%), entre as maiores instituições financeiras listadas na B3. Na ponta perdedora do Ibovespa na sessão, além das duas ações do Bradesco, apareceram também Hapvida (-4,19%), Azul (-2,91%) e Pão de Açúcar (-2,70%), logo à frente de Santander Brasil. Do lado ganhador, destaque para Petz (+9,49%), Locaweb (+4,95%) e Carrefour Brasil (+4,39%).

A perda do Ibovespa não foi maior porque as gigantes das commodities Vale (ON +0,19%) e Petrobras (ON +0,95%; PN +1,47%, na máxima do dia no fechamento) deram contribuição positiva na sessão.

“As ações do Bradesco sofreram bastante, com o banco mostrando números bem diferentes dos de Itaú, uma discrepância que chama atenção especialmente em relação ao RoE uma métrica de rentabilidade, o retorno sobre patrimônio líquido, com o Itaú entregando 21% e o Bradesco, apenas 6,9% – uma diferença muito grande”, diz Ramon Coser, especialista da Valor Investimentos, acrescentando que o Bradesco já tinha reconhecido, anteriormente, que durante a pandemia o banco emprestou “muito mal”. “A inadimplência do Bradesco é de 5,1% e a do Itaú, cerca da metade disso 2,8%”, aponta o analista, em referência a um índice em baixa de 0,1 ponto porcentual em 12 meses, no caso do Itaú, e em alta de 0,8 ponto, para o Bradesco.

“O Bradesco busca agora inovação tecnológica, algo positivo se de fato acontecer, bem como reestruturação e corte de gastos” para melhorar a eficiência, acrescenta o analista. “O novo CEO Marcelo Noronha disse que o pior já passou com relação à inadimplência. Pode ser o momento oportuno para comprar uma ação que já vinha acumulando perdas, com trimestres ruins”, diz Coser, observando que, de todos os números, a inadimplência é ainda o que assusta mais.

No ano, Bradesco ON acumula perda de 17,18% e a PN, de 18,17%, até o fechamento desta quarta-feira – comparadas a -8,99% para Santander Unit, +1,77% para Itaú PN e +7,31% para Banco do Brasil ON no mesmo intervalo. Neste começo de fevereiro, a ação do banco cede 7,61% (ON) e 8,94% (PN), contra ganhos de 1,43% para Santander, 5,43% para Itaú e 5,30% para Banco do Brasil.

“A reestruturação do Bradesco é um processo de médio a longo prazo. O Bradesco de certa forma perdeu um pouco da credibilidade por apresentar resultados ano após ano abaixo do esperado. Então, o mercado vai esperar que a gestão do banco mostre bons resultados. No curtíssimo prazo, eu não vejo upside muito grande, mesmo com o fechamento da OPA da Cielo. Precisará apresentar resultados mais consistentes para recuperar a confiança dos investidores”, diz Dierson Richetti, sócio da GT Capital.

“Bradesco veio ainda bem ruim após uma série de resultados negativos. O que ajudou hoje o Ibovespa foram as ações de commodities, com recuperação de valor na semana vindo de quedas relevantes, seguindo fluxo de dias passados”, diz Lucca Ramos, sócio da One Investimentos.

Maiores altas do Ibovespa

  • Petz (PETZ3): +9,49%
  • Locaweb (LWSA3): +4,95%
  • Carrefour (CRFB3): +4,39%
  • Casas Bahia (BHIA3): +4,35%
  • Rumo (RAIL3): +4,17%

Maiores quedas do Ibovespa

  • Bradesco PN (BBDC4): -15,90%
  • Bradesco ON (BBDC3): -13,02%
  • Hapvida (HAPV3): -4,19%
  • Azul (AZUL4): -2,91%
  • GPA (PCAR3): -2,70%

O que movimentou o Ibovespa hoje?

De acordo com Dierson Richetti, a queda do Ibovespa hoje mostrou que o “entusiasmo” de ontem (6) acabou durando pouco.

No pregão de ontem se observou uma valorização expressiva, relacionada principalmente aos resultados positivos dos bancos. Além disso, o especialista destaca também as falas de Campos Neto, que o mercado enxergou com “bons olhos”.

“Essa queda de hoje não surpreende com a magnitude das realizações e correções depois dessa alta expressiva que tivemos. Claro que ainda estamos descolados um pouco dos EUA e das commodities, que estão em alta nesse momento, mas é natural essa queda, que poderia ser minimizada muito pelo resultado do Bradesco, que, muito abaixo do esperado, colaborou para essa queda do índice”, diz Richetti.

O Bradesco anunciou um plano estratégico que traz possíveis melhorias, de modo que uma delas é o investimento em tecnologia.

“Hoje dificilmente as pessoas vão a agências físicas, então quanto mais as pessoas tiverem usabilidade no aplicativo, pelo celular ou no próprio home broker ou profissionais que façam atendimento online, isso diminui o custo fixo da empresa e melhora o atendimento dos clientes. O investimento no público de alta renda também é importante, já que são pessoas que fazem mais negócios, precisam de uma estrutura de um banco com robustez”, afirma.

O Bradesco busca aumentar sua participação de mercado no crédito expandido de cerca de 14% para 15% a 19% com seu novo plano estratégico.

Além disso, essa movimentação acontece diante do ciclo de queda dos juros, o que pode refletir na estrutura de crédito do Bradesco.

Último fechamento do Ibovespa

O Ibovespa terminou a sessão de terça-feira (6) em alta de 2,21%, aos 130.416,31 pontos.

Com Estadão Conteúdo

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João Vitor Jacintho

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