Altas de Vale (VALE3) e Petrobras (PETR4) não impedem queda do Ibovespa após corte na Selic; Via (VIIA3) tomba 8,65%

Após forte volatilidade no dia de hoje (3), o Ibovespa fechou a sessão em queda, devolvendo os ganhos obtidos mais cedo após a queda da Selic.

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Vindo de duas leves perdas na abertura do mês, o Ibovespa ensaiou, até perto do fim da tarde desta quinta-feira, 3, um dia de recuperação moderada após o Comitê de Política Monetária (Copom) ter surpreendido, na noite de quarta, parte do mercado ao iniciar o ciclo de cortes da Selic com um ajuste de meio ponto porcentual, e não de 0,25 ponto. A correção mais visível nos ativos brasileiros nesta quinta-feira ocorreu na ponta curta da curva de juros, com a decisão de Minerva do presidente do BC, Roberto Campos Neto, em favor dos diretores que optaram por um corte inicial mais agressivo da taxa de juros de referência – e sinalizando outra redução de meio ponto logo à frente, no próximo Copom.

Em direção ao fechamento, contudo, o Ibovespa devolveu os leves ganhos vistos mais cedo e se firmou no negativo até o fim da sessão.

Na semana, o Ibovespa ainda avança 0,33%, mas em agosto, com perdas acumuladas nas três primeiras sessões do mês, recua 1,11%, moderando o ganho do ano a 9,89%.

O Ibovespa caiu 0,23% nesta sessão, aos 120.585,77 pontos, após ter a mínima diária de 120.365,38 pontos e a máxima de 122.619,14 pontos. O volume financeiro do pregão foi de R$ 27 bilhões.

O Ibovespa hoje terminou em linha com as Bolsas dos Estados Unidos, que também caíram.

  • Dow Jones: -0,19%, aos 35.215,10 pontos;
  • S&P500: -0,26%, aos 4.501,73 pontos;
  • Nasdaq: -0,10%, aos 13.959,72 pontos.

O preço do dólar à vista terminou a sessão em alta de 1,94%, a R$ 4,8987, atingindo a máxima de R$ 4,9002.

Ibovespa, a repercussão do Copom e o ambiente externa

“Parte do mercado esperava corte de meio ponto, passando de 13,75% para 13,25% ao ano já nesta reunião, mas esperávamos aqui uma queda menor, de 0,25 ponto, embora a gente reconhecesse a possibilidade, não irrelevante, de um ajuste maior. O ‘placar’ chamou atenção: 5 a 4 pelo corte de meio ponto, com Campos Neto defendendo a queda maior”, diz Rachel de Sá, chefe de economia da Rico Investimentos.

Ao se avaliar a mudança neste Copom em relação ao balanço de riscos, com ênfase maior em fatores externos do que domésticos, o colegiado pareceu ter imprimido tom “dovish”, flexível, ao comunicado da noite de quarta-feira, aponta Rachel. “Mas houve também alguns recados ‘hawkish’: não é porque começaram com corte relevante que se deve concluir que haverá aceleração de ritmo na redução da Selic. Houve tentativa de dar também um recado mais firme em relação à inflação”, acrescenta.

Após a relativa surpresa com a pequena margem na decisão de quarta-feira, em que Campos Neto deixou a companhia da ala da diretoria vista como mais ortodoxa (Fernanda Guardado e Diogo Guillen) em direção aos recém-chegados Gabriel Galípolo e Ailton Aquino, considerados mais alinhados ao governo, o ritmo de redução de juros é questão em aberto, que deve continuar a dividir as apostas do mercado.

“Antecipamos nova redução de 50 pontos-base nas próximas duas reuniões, com o Copom acelerando o ritmo de cortes para 75 pontos-base em dezembro, e a Selic encerrando 2023 em 11,5%, e 2024 em 9,0%”, diz em nota Marcelo Fonseca, economista-chefe da Reag Investimentos. Ele considera que a decisão da noite de quarta foi “compatível com a magnitude total do afrouxamento na política monetária que deveremos ter nos próximos meses.”

De qualquer forma, com o corte mais agressivo promovido pelo Copom, as ações brasileiras chegaram a se descolar, em boa parte da sessão, da cautela externa que ainda prevaleceu nesta quinta-feira. “Ciclos de afrouxamento monetário costumam ser muito proveitosos para ativos de risco”, diz Matheus Spiess, da Empiricus Research.

No exterior, embora em grau bem menor do que o de quarta, quando os mercados reagiram mal ao rebaixamento da nota de crédito dos EUA pela Fitch, o sinal ainda foi majoritariamente negativo nesta quinta-feira para as principais bolsas. Na Europa, fecharam o dia em queda, em pregão marcado pelos dados fracos de atividade do setor de serviços e com cautela após o Banco da Inglaterra elevar o juro básico do Reino Unido em 25 pontos-base, para 5,25% ao ano.

Em Nova York, o dia foi de leves variações, sem sinal único ao longo do dia para as três referências, mas levemente negativo ao final (Dow Jones -0,19%, S&P 500 -0,25%, Nasdaq -0,10%). O CEO da Berkshire Hathaway, Warren Buffett, afirmou nesta quinta não estar preocupado com o rebaixamento do rating dos Estados Unidos pela Fitch, dizendo que sua empresa continua a comprar US$ 10 bilhões em títulos do Tesouro americano a cada semana.

Por sua vez, o Instituto de Finanças Internacionais (IIF) avalia que o choque de inflação nos Estados Unidos já acabou, o que abre espaço para que o Federal Reserve (Fed) corte juros em ritmo mais rápido do que o precificado pelo mercado. “No mínimo, achamos que é hora de o Fed encerrar seu ciclo de alta”, afirma, em relatório.

Petrobras (PETR4), Vale (VALE3) e grande parte das construtoras fecharam o dia em alta – mas os ganhos não foram suficientes para manter a alta do Ibovespa hoje.

Bradesco (BBDC4) caiu 0,72% antes da divulgação de um novo balanço trimestral. Itaú (ITUB4) e Santander (SANB11) caíram 0,77% e 0,25%, respectivamente, enquanto o Banco do Brasil (BBAS3) encerrou em alta de 0,17%.

Entre as 5 maiores quedas do Ibovespa, destaque para Via (VIIA3), que tombou 8,65%, Méliuz (CASH3), que fechou em queda de 6,24%, e Magazine Luiza (MGLU3), que desvalorizou 5,11%.

Enquanto isso, as 3 maiores altas do dia foram de Dexco (DXCO3), Prio (PRIO3) e Suzano (SUZB3), que subiram 5,27%, 4,22% e 3,65%, respectivamente.

Maiores altas do Ibovespa hoje

O que movimentou o Ibovespa hoje?

O Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, divulgou nesta quarta (2) uma redução de 0,5 ponto percentual na taxa Selic, o primeiro corte desde agosto de 2020, chegando a 13,25% ao ano.

O comunicado do Copom diz que “avalia que a melhora do quadro inflacionário com queda das expectativas de inflação para prazos mais longos permitiram flexibilização do ciclo”.

Em relação ao corte da Selic, o comunicado explica que “em se confirmando o cenário esperado, os membros do Comitê, unanimemente, antevêem redução de mesma magnitude nas próximas reuniões e avaliam que esse é o ritmo apropriado para manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário”.

O petróleo fechou a sessão de hoje (3) em alta, em dia positivo para a commodity com o aperto na produção diária na Arábia Saudita em 1 milhão de barris até o final de setembro.

Assim, os futuros do pétroleo Brent para outubro subiram 2,3%, cotados a US$ 85,14 por barril. Enquanto isso, os futuros do WTI para setembro tiveram ganhos de 2,6%, a US$ 81,55.

Em meio ao fechamento positivo do petróleo, as empresas relacionadas à commodity encerraram o dia em alta. As ações ordinárias da Petrobras (PETR3) avançaram 1,74%, enquanto as ações preferenciais (PETR4) terminaram com ganhos de 1,41%.

Prio (PRIO3) avançou quase 4,3%, enquanto a 3R Petroleum (RRRP3) teve uma valorização de 2,54%.

No caso da movimentação das ações da Petrobras, também está no radar dos investidores a expectativa de divulgação de resultados do segundo trimestre de 2023, assim como um possível anúncio de dividendos.

O minério de ferro também fechou o dia com ganhos. Os contratos futuros da commodity encerraram nesta quinta (3) em baixa de 3% na Bolsa de Dalian, na China, cotados a 810,50 iuanes por tonelada, equivalente a US$ 112,70.

Apesar disso, as ações da Vale (VALE3) fecharam o dia em alta de 0,63%, o que não impediu o Ibovespa hoje de terminar no campo negativo.

Último fechamento do Ibovespa

O Ibovespa terminou o pregão de ontem (2) em baixa de 0,32%, aos 120.859 pontos.

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João Vitor Jacintho

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