Ibovespa se acomoda a 144 mil pontos, em leve baixa, com bancos e commodities
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O Ibovespa interrompeu a sequência de dois dias de recuperação e encerrou esta terça-feira (21) em leve baixa de 0,29%, aos 144.085,15 pontos, após oscilar entre 143.829,26 e 144.795,18 ao longo do pregão. O giro financeiro somou R$ 15,7 bilhões, em ritmo enfraquecido. Mesmo assim, o índice ainda acumula alta de 0,48% na semana e avanço de 19,79% no ano, enquanto as perdas de outubro permanecem limitadas a 1,47%.

Bancos e Petrobras pressionam o índice
Após um breve fôlego na véspera, as blue chips voltaram a pesar sobre o Ibovespa, especialmente os grandes bancos. As ações do Banco do Brasil (BBAS3) caíram 1,11%, enquanto Bradesco (BBDC3 -0,98%; BBDC4 -1,33%) e Itaú (ITUB4 -0,94%) também recuaram.
Entre as commodities, Petrobras (PETR3 -1,05%; PETR4 -0,81%) seguiu pressionada, mesmo após a licença ambiental para perfuração na Margem Equatorial. “O corte no preço da gasolina anunciado pela estatal e a queda do petróleo no mercado internacional reduzem as margens e pressionam o setor de energia”, explica José Áureo Viana Júnior, sócio da Blue3 Investimentos.
Já a Vale (VALE3) encerrou em leve baixa de 0,16%, em meio à cautela antes da divulgação de seus números operacionais.
Destaques positivos e apetite seletivo
Apesar do viés negativo, algumas ações destoaram positivamente. Vamos (VAMO3) disparou 6,90%, seguida por Embraer (EMBR3 +5,12%) e Raízen (RAIZ4 +4,35%). Do lado oposto, as maiores quedas ficaram com Brava Energia (-5,84%), Pão de Açúcar (PCAR3 -3,24%) e B3 (B3SA3 -2,61%).
Segundo Viana Júnior, o desempenho mais forte de parte do varejo reflete “a perspectiva de melhora do consumo doméstico, diante do possível alívio no preço dos combustíveis e da continuidade da queda nas projeções de inflação do Boletim Focus”. No setor, Natura (NTCO3 +0,82%), Lojas Renner (LREN3 +2,31%) e Magazine Luiza (MGLU3 +0,24%) avançaram na contramão do índice.
Influência externa e câmbio
No cenário internacional, o tom foi de leve otimismo. “Há expectativa de um acordo comercial entre Estados Unidos e China, após sinalizações de trégua tarifária por Donald Trump. Mas o ambiente geopolítico segue delicado, com tensões no Oriente Médio e rumores de encontro entre Trump e Putin em Budapeste”, comenta Gustavo Trotta, sócio da Valor Investimentos.
Para Matheus Spiess, analista da Empiricus Research, o movimento reflete um ajuste natural após as altas recentes. “Vale e bancos, que haviam subido ontem, hoje passaram por realização. Apesar da queda dos DIs, o dólar em alta reduz o apetite por risco”, afirma. No fechamento, a moeda norte-americana subiu 0,37%, a R$ 5,3906.
Com o recuo desta terça-feira, o Ibovespa segue consolidado na faixa dos 144 mil pontos, em compasso de espera pelos números operacionais da Vale e pelas próximas sinalizações de juros e inflação.
Com Estadão Conteúdo