Ibovespa a 300 mil pontos em 2026? Veja projeções
Depois de um rali que surpreendeu o mercado em 2025, a pergunta que começa a dominar as mesas de operação é até onde o Ibovespa pode chegar em 2026. As projeções para o índice variam bastante, mas algumas casas já trabalham com cenários ambiciosos — que vão de 180 mil pontos a um teto de 300 mil pontos, no cenário mais otimista.
O intervalo amplo reflete um momento peculiar da Bolsa brasileira. Mesmo após avançar mais de 30% em 2025 e renovar máximas históricas ao longo do ano, o mercado ainda negocia a múltiplos considerados descontados, enquanto o debate sobre juros, fiscal e eleições começa a ganhar peso para o próximo ciclo.
Entre as estimativas divulgadas, a ASA lidera com a projeção mais agressiva, de 300 mil pontos para o Ibovespa em 2026. Logo atrás aparecem Morgan Stanley e Genial, ambos com 200 mil pontos, seguidos por Safra (198 mil), Ágora (192 mil), JP Morgan (190 mil), BB-BI e BTG Pactual (186 mil), XP (185 mil) e Bank of America, com a visão mais conservadora, de 180 mil pontos.
Juros, lucros e múltiplos explicam o otimismo com o Ibovespa
O pano de fundo comum entre as projeções mais otimistas é a expectativa de queda estrutural da Selic em 2026, combinada com crescimento dos lucros corporativos e reprecificação dos múltiplos. Mesmo após a alta expressiva de 2025, o P/L agregado do mercado segue abaixo da média histórica, indicando que parte relevante do crescimento esperado ainda não foi totalmente incorporada aos preços.
No caso do Safra, que elevou seu preço-alvo para 198 mil pontos no fim de 2026, a leitura é de que o início do ciclo de cortes de juros no Brasil, aliado a um cenário externo mais estável, cria um ambiente propício para a continuidade do bull market.
Segundo o banco, ajustes nas premissas macro ajudaram a sustentar essa visão. A taxa livre de risco caiu para 4,1%, o risco-país para 2,4%, levando o custo de capital próprio a 14,3%. Já o lucro por ação agregado foi revisado para 21.283 pontos, aplicado sobre um múltiplo-alvo de 9,3 vezes, resultando no preço-alvo de 198 mil pontos.
Setores, cenários e riscos no radar para 2026
O Safra destaca que, historicamente, os ciclos de corte da Selic favorecem o desempenho do Ibovespa. Em todos os nove ciclos anteriores de queda dos juros, o índice subiu nos seis meses seguintes ao primeiro corte, com ganho médio de 22,6%, e acumulou alta média de 38,6% em 12 meses.
Nesse ambiente, setores mais sensíveis ao custo do capital tendem a se beneficiar primeiro. Construção, consumo, serviços financeiros, saúde e utilidades básicas aparecem entre os principais beneficiados no início do ciclo. Em um horizonte mais longo, entram também bens de capital e distribuição de combustíveis.
Apesar do cenário construtivo, o banco chama atenção para os riscos no radar, especialmente ligados ao quadro fiscal, ao ambiente eleitoral de 2026 e à volatilidade global. Ainda assim, a avaliação é de que o mercado brasileiro segue oferecendo assimetria positiva, desde que o investidor adote maior seletividade.
“Selecionamos nomes que unem qualidade de ativos e de gestão, alavancagem controlada e algum potencial de crescimento, para enfrentar a maior volatilidade esperada”, resume o Safra.
Entre as ações destacadas nos diferentes cenários estão nomes como Gerdau (GGBR4), Rede D’Or (RDOR3), Copel (CPLE3), Telefônica Brasil (VIVT3), Vibra Energia (VBBR3) e Suzano (SUZB3), além de teses mais cíclicas e de recuperação em um cenário otimista.
No fim das contas, se o Ibovespa vai chegar aos 300 mil pontos ou ficar mais próximo das projeções conservadoras dependerá menos de um único fator e mais da combinação entre juros, fiscal, eleições e crescimento dos lucros — variáveis que prometem manter 2026 longe de ser um ano trivial para o investidor.