Startup de inteligência artificial, IARIS tem parceria para monitorar provas de ensino a distância

Com o cenário de pandemia, o setor educacional do Brasil teve que se adaptar à nova realidade. A educação à distância se tornou norma por dois anos, do ensino básico à graduação. Outras vertentes, como concursos públicos e diversos tipos de certificação profissional, também sofreram com a falta de segurança na hora de aplicação de exames. A partir disso, a IARIS, startup de inteligência artificial, entrou no mercado ofertando monitoramento para o EaD (ensino a distância), agora já sendo aplicado em centenas de instituições de ensino, com uma parceria recém-realizada com o Grupo A, empresa especializada no segmento.

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A IARIS é criadora e desenvolvedora do EasyProctor, uma tecnologia avançada de IA e processamento de dados, que analisa, verifica e garante a autenticidade de provas e certificações feitas online.

Apesar da tecnologia de monitoramento por IA já ser conhecida e experimentada no mercado internacional, especialmente nos Estados Unidos, a IARIS criou a ferramenta com conhecimento 100% nacional. É produzido “em casa”, o que tem forte apelo no mercado.

As ferramentas americanas que possuem mercado no Brasil têm cobrança em dólar e, de acordo com CEO da IARIS, Fábio Falcão, o valor sobe pelo método de negócio: cada prova realizada sai em média US$ 25, o que, na cotação fechada na quinta-feira (14), significa aproximadamente R$ 117,56.

Fábio Falcão, CEO da IARIS.
Fábio Falcão, CEO da IARIS. Créditos: IARIS/Divulgação

“O Proctor lá nos EUA já está em plena produção há 15 anos. Aqui no Brasil, era meio tabu, até pelo fato de a tecnologia ser sempre importada”, disse Fábio. “O pessoal sempre trouxe representações comerciais de empresas americanas, com o preço em dólar altíssimo, o que faz com que o brasileiro não se adeque à tecnologia”.

Quando a startup estava sendo idealizada, Fábio e seus sócios já sabiam onde mirar: produção e know how nacional, com preço em real e, ainda, um tipo de negócio diferente. O CEO ressalta que o valor é cobrado por aluno, não por exame.

“O aluno pode fazer quantas provas quiser. A gente tem um valor fixo por aluno, o que faz com que a universidade saiba desde o início do ano fiscal dela o quanto vai precisar para investir no monitoramento”, afirmou.

Como funciona o EasyProctor

Para fazer o monitoramento de provas e certificações, o EasyProctor possui um algoritmo avançado capaz de avaliar o comportamento de cada candidato durante o período da prova.

Fábio explica que, no sistema usado nos EUA, a gravação feita do aluno é analisada por completo, enquanto o sistema da IARIS tem recortes em imagens em três seções do tempo utilizado para fazer o exame. Os quadros captados aleatoriamente pela tecnologia são verificados com base numa série de regras da inteligência artificial. O CEO da startup afirma ainda que a utilização de imagens, e não do vídeo completo, é um fator importante para diminuir o custo do programa final.

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Além da gravação de áudio e vídeo, há uma análise completa no final do processo, o que leva mais segurança às instituições. Essa apuração final é feita com os seguintes pontos:

  • Sistema de bloqueio de tela do candidato, para impedir o uso de fontes externas para consulta;
  • Algoritmo de reconhecimento facial para validação da identidade do candidato;
  • Módulo para inspeção humana em tempo real, reproduzindo a função de um fiscal de prova presencial.

Os benefícios do software para as instituições são altos, em conjunto com o valor de mercado mais acessível. Empresas de educação a distância, como o Grupo A, dono da A+ Educação, procuraram a solução. A companhia já possuía outro programa para aplicação de provas, mas, com o EasyProctor, pode ofertar dentro do portfólio a possibilidade de ter ou não o monitoramento, sendo uma escolha flexível para instituições de ensino.

Pós-pandemia: qual é o cenário?

O CEO da IARIS descreve ter sido “curioso” ver as companhias escolhendo o monitoramento quando as medidas restritivas já estavam mais flexíveis. Ele diz que, quando a pandemia começou, o EasyProctor já estava disponível na primeira versão, mas o cenário era tão incerto que os players do mercado ainda não tinham interesse na tecnologia.

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Fábio lembra que, no final de 2020, a situação começou a mudar, com universidades procurando pelo software. Apesar da abertura leve da economia, as provas ainda eram feitas online. “Quando reabriu tudo de novo, começou um movimento bem maior para realizar as provas remotas, não pela exigência da pandemia”, disse. Para o EaD, o produto já era necessário, pois a modalidade de ensino estava em ascensão, mas o investimento não era concretizado justamente pelos valores altos em dólar.

História da IARIS

Em 2019, três funcionários da VSoft, uma empresa especializada em identificação de pessoas e certificação de processos fundada em 2000, foram convidados pela companhia para criar um braço que focasse apenas em inteligência artificial. A VSoft já investia em IA desde 2008, num setor de pesquisa próprio, mas deixava passar muitas propostas que saiam do escopo da empresa.

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A IARIS foi criada com o objetivo de ser o ponto de contato de IA, indo além da pesquisa e partindo para a prática. A startup é sediada em João Pessoa, na Paraíba. Além do CEO, Fábio Falcão, o grupo societário conta com Igor Lucena, diretor de pesquisa, e Eric Cabral, CTO da IARIS.

A relação da IARIS com a VSoft ainda é predominante: eles foram os que aceleraram a startup, mesmo durante a fase de desenvolvimento. Por esse motivo, nunca houve fases de pre-seed ou seed — tudo necessário para a IARIS já estava sendo coberto, através do Corporate Venture da VSoft.

Em março, a Amazon Web Services fechou uma parceria com a startup. Até então, a IARIS trabalhava com outro sistema de nuvem, mas que não tinha uma relação humanizada com eles.

O CEO contou que participou da AWS Academy há alguns anos e depois que a startup passou pela aceleração da Nvidia – em que um dos benefícios era conseguir expansão de créditos e uma parceria com a AWS.

Com isso, a IARIS se inscreveu no AWS Activate e começou a migrar toda a estrutura online para o sistema novo. Além disso, começou a trazer parceiros especialistas da AWS, junto com a equipe interna. “O modelo de parceria da AWS é muito mais próximo, muito mais humano do que o anterior, o que foi perfeito pra IARIS”, disse.

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Victória Anhesini

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