Guerra entre Israel e Hamas: Gaza é bombardeada após fim do prazo de retirada de civis; Egito abrirá fronteira para estrangeiros

Neste sábado (14), acabou o novo prazo que Israel decretou para os palestinos deixarem o norte da Faixa de Gaza. Até as 10h, o exército israelense manteve duas estradas abertas com objetivo de permitir que 1,1 milhão de pessoas se deslocassem para o sul. A Organização das Nações Unidas (ONU) diz que a medida pode causar consequências humanitárias devastadoras.

Ontem, o porta-voz das Forças de Defesa de Israel, Avichay Adraee, afirmou que o exército permitiria a movimentação de palestinos que estão migrando para o sul por mais seis horas, entre 10h e 16h do horário local (das 04h às 10h, pelo horário de Brasília).

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Segundo a agência da ONU para assistência aos refugiados da Palestina (UNRWA), cerca de 1 milhão de palestinos já deixaram suas casas nesta semana após o início do conflito. 

O porta-voz da organização, Stéphane Dujarric, criticou a medida de Israel, citando o risco de agravar ainda mais a situação humanitária na região.  “A ONU apela veementemente para que qualquer ordem desse tipo, se confirmada, seja revogada, evitando o que poderia transformar o que já é uma tragédia em uma situação calamitosa”, afirmou Dujarric.

O conflito já matou mais de 3 mil pessoas. O Ministério da Saúde de Gaza disse neste sábado que mais de 2.200 pessoas foram mortas no território, incluindo 724 crianças e 458 mulheres. O ataque do Hamas matou mais de 1.300 pessoas do lado israelense, a maioria delas civis. 

Hoje, segundo a Associated Press, as autoridades egípcias e israelenses firmaram um acordo para que fosse permitida a saída de estrangeiros pelo sul da Faixa de Gaza. Um grupo de brasileiros que tenta deixar o território aguarda sinal verde para tentar cruzar a fronteira.

De acordo com a CNN, a região da Faixa de Gaza foi intensamente bombardeada na manhã deste sábado após o fim do prazo dado por Israel para que civis do norte fossem para o sul do território.

Reunião do Conselho de Segurança da ONU termina sem acordo

Na noite de sexta-feira (13),  depois de duas horas e meia de conversas, terminou sem acordo a segunda reunião do Conselho de Segurança das Nações Unidas sobre o conflito entre Israel e o grupo palestino Hamas. As negociações em torno de uma resolução prosseguirão nos próximos encontros.

Responsável por presidir o encontro, o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, cobrou um consenso do Conselho de Segurança diante da ameaça de uma catástrofe humanitária. “O Conselho tem uma responsabilidade crucial, tanto na resposta imediata aos acontecimentos da crise humanitária do momento, assim como nos estágios futuros, ao intensificar as relações multilaterais necessárias para restaurar um processo de paz. Nem os israelenses, nem os palestinos deveriam passar por sofrimentos semelhantes outra vez”, declarou.

A aprovação de uma resolução no Conselho de Segurança da ONU exige o voto favorável de pelo menos 9 dos 15 países integrantes do órgão e nenhum veto dos cinco membros permanentes – Estados Unidos, França, Reino Unido, Rússia e China. Um texto pode ser aprovado com a abstenção de um desses cinco países, desde que nenhum deles exerça o poder de veto.

Brasileiros chegam ao sul de Gaza e aguardam travessia para Egito

Dezesseis brasileiros chegaram neste sábado (14) à cidade de Khan Younes, no sul da Faixa de Gaza, e estão hospedados no prédio de uma família palestina brasileira. O grupo estava até a manhã de hoje em uma escola católica na região da Cidade de Gaza, aguardando o início da operação de repatriação. A travessia chegou a ser suspensa pelo Itamaraty por motivos de segurança, mas o agravamento da situação do conflito fez com que o transporte ocorresse em caráter emergencial. 

A segunda etapa da operação é a passagem para o Egito por Rafah. De acordo com o embaixador do Brasil na Palestina, Alessandro Candeas, ainda não há data prevista para essa travessia. De Rafah, 22 brasileiros irão para um aeroporto onde serão resgatados por um voo da Força Aérea Brasileira (FAB).

Do total de 22 pessoas que desejam evacuação, 14 são crianças, 8 são mulheres e 6 são homens adultos.

Segundo Alessandro Candeas, a situação é cada vez mais tensa. Ele chegou a receber informações de que um prédio vizinho à escola que abrigava brasileiros seria bombardeado proximamente. “Ou seja, reunidas todas as condições adversas, a decisão e, evidentemente, consultei o grupo; consultei e pedi instruções a Brasília, ao Itamaraty, e a decisão foi retirar o nosso pessoal da escola e como havíamos pensado ontem, colocá-los nessa cidade, que se chama Khan Younes, e que fica a pouco mais de dez quilômetros da fronteira e onde eles aguardarão que a fronteira seja reaberta. É muito mais seguro esperar em Khan Younis do que em Gaza.”

Quinta aeronave da FAB parte de Israel com 215 brasileiros

O quinto avião que o governo brasileiro mobilizou para resgatar brasileiros retidos no Oriente Médio pelo confronto militar entre Israel e o grupo Hamas partiu de Tel Aviv, em Israel, às 11h55 deste sábado (14).

A aeronave, um KC-30 pertencente à Força Aérea Brasileira (FAB), decolou do Aeroporto Ben Gurion com 215 passageiros com destino ao Brasil – entre eles, nove bebês -, além da tripulação militar e 16 animais de estimação.

A previsão da FAB é que a aeronave pouse no Aeroporto do Galeão no início da madrugada deste domingo (15). Com isso, o total de brasileiros repatriados por meio da Operação Voltando em Paz, do governo federal, chegará a 916 pessoas.

O Ministério das Relações Exteriores estima que serão necessários ao menos 15 voos para trazer de volta ao país todos os brasileiros que solicitaram a ajuda do corpo diplomático para deixar a região do conflito. “Todos os que quiserem sair, sairão”, garantiu o embaixador do Brasil em Israel, Fred Meyer, em nota do Itamaraty.

Ordem para retirada de Israel

Na sexta-feira (13), o exército de Israel deu a ordem de evacuação da parte norte da Faixa de Gaza em 24h e disse que irá operar com uma “força significativa” no local nos próximos dias. Mais de um milhão de pessoas moram na região.

Ainda ontem, bombas explodiram na área próxima a escola onde estavam abrigadas famílias, inclusive brasileiras.

Conflito em Israel pode ter efeito indireto no Brasil, avalia economista

A guerra entre Hamas e Israel pode gerar efeitos indiretos à economia brasileira, avalia a economista e especialista em comércio exterior Lia Valls.

Pesquisadora associada do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV), ela disse à Agência Brasil que pode haver consequências envolvendo o mercado de petróleo. Embora Israel e Palestina não produzam petróleo, uma eventual escalada do conflito poderia envolver países vizinhos como o Irã.

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“Convulsiona mais, você tem mais restrições ao comércio como um todo, a demanda mundial cai e, obviamente, vai haver menos espaço para o crescimento das exportações”, disse ela, diante do cenário de conflito em Israel.

Apesar dessa possibilidade, em um primeiro momento, a pesquisadora não crê em impactos para a balança comercial brasileira. “O que pode afetar é mais uma questão global, porque a gente não tem nenhum comércio importante com nenhum dos dois países envolvidos”.

Os principais produtos brasileiros exportados para o Oriente Médio entre janeiro e setembro deste ano foram carne de aves (U$$ 2,13 bilhões ou 21% do total), açúcar (15% da pauta), soja (14%) e minério de ferro (15%). A participação equivale a 4,3% da pauta brasileira. Entre os importados pelo Brasil nesse período, destaque para adubo (29%), óleos combustíveis (28%) e óleo bruto de petróleo (24%). As importações correspondem a 3,3% da pauta do Brasil.

Lia reiterou que o comportamento das exportações do Brasil vai depender muito da duração da guerra. Caso demore a acabar, terá efeitos sobre o comércio global, com os países aumentando medidas protecionistas, sinalizou a economista.

Com informações de Agência Brasil 

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Vinícius Alves

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