Gripe aviária: ministro negocia flexibilização de embargo sanitário com chineses

O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, confirmou que o governo brasileiro está negociando com a China medidas para a flexibilização das restrições sobre do país a produtos avícolas brasileiros. A importação de carne de frango e derivados está suspensa pelo gigante asiático desde a última sexta-feira (16), quando foi revelado o primeiro caso de gripe aviária em uma criação comercial no país, em Montenegro (RS).

“Não deu tempo de finalizar o protocolo de regionalização com a China, com a qual também já estamos em tratativas”, explicou Fávaro a parlamentares da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), em reunião semanal da bancada.

O ministro afirmou que, caso não surjam novos casos de gripe aviária, a expectativa é de que a regionalização dos embargos com a China possa ser formalizada nos próximos dias. “Em 28 dias, a gente cumpre o protocolo e isso deve acontecer para a China e União Europeia“, disse.

O governo brasileiro pediu à Administração Geral das Alfândegas da China (GACC, na sigla em inglês), autoridade sanitária chinesa, que a China reduza as restrições sobre produtos avícolas brasileiros para um raio de 10 km do foco onde foi detectado o caso de gripe aviária, um matrizeiro de aves em Montenegro, na região metropolitana de Porto Alegre. O documento foi enviado na segunda-feira (19) pela Embaixada do Brasil em Pequim à GACC.

A China é o principal destino do frango brasileiro. O governo brasileiro já está negociando com outros países importadores de produtos avícolas a flexibilização das suspensões das compras de carne de frango e derivados do Brasil.

Filipinas e Jordânia também suspenderam as importações de carne de aves de todo o Brasil, informou o Ministério da Agricultura em nota divulgada nesta quarta-feira (21). Ao todo, as exportações de carne de frango de todo o território brasileiro estão suspensas para 21 destinos, segundo levantamento mais recente do Ministério da Agricultura.

Estão pausados temporariamente os embarques de produtos avícolas brasileiros para China, União Europeia, México, Iraque, Coreia do Sul, Chile, África do Sul, União EuroAsiática (Rússia, Belarus, Armênia e Quirguistão), Peru, Canadá, República Dominicana, Uruguai, Malásia, Argentina, Timor-Leste, Marrocos, Bolívia, Sri Lanka, Paquistão, Filipinas e Jordânia, conforme o levantamento da pasta.

Há ainda mercados para os quais estão restritas as exportações de produtos avícolas apenas do Rio Grande do Sul. É o caso do Reino Unido, Bahrein, Cuba, Macedônia, Montenegro, Casaquistão, Bósnia e Herzegovina, Tajiquistão e Ucrânia.

O Japão, por sua vez, suspendeu as compras de carne de frango e derivados do município de Montenegro, mesma restrição válida para a Arábia Saudita. Já os protocolos acordados com Cingapura, Hong Kong, Argélia, Índia, Lesoto, Mianmar, Paraguai, São Cristóvão e Nevis, Suriname, Usbequistão, Vanuatu e Vietnã preveem a regionalização dos embarques para um raio de 10 quilômetros do foco de influenza aviária de alta patogenicidade (IAAP).

Gripe aviária: é prematuro avaliar impacto, diz governador

Nesta terça-feira (20), antes de se encontrar com Fávaro para discutir a crise, o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSD), afirmou que ainda é “muito prematuro” avaliar impactos em termos econômicos.

“O trabalho do Estado, ao lado do ministério, é justamente para amenizar esses impactos com uma rápida recuperação do comércio internacional. Vamos, a partir do nosso trabalho sanitário, mostrar que o País tem compromissos com a sanidade animal e, consequentemente, poder retomar as exportações”, disse.

O governador disse ainda que o endividamento dos produtores gaúchos preocupa. “Ao longo dos últimos seis anos tivemos quatro estiagens muito severas, com perda de boa parte das safras”, disse. Para ele, é “fundamental que a União olhe para essa situação”.

Com Estadão Conteúdo

Redação Suno Notícias

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