China e UE suspendem compra de frango do Brasil após caso de gripe aviária

A China e a União Europeia suspenderam a importação de carne de frango do Brasil após o registro de um foco de gripe aviária em uma granja de Montenegro, cidade na região metropolitana de Porto Alegre. Trata-se do primeiro caso registrado da doença no Brasil dentro do sistema comercial.

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O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, afirmou que as exportações de frango e derivados para a China serão suspensas automaticamente por 60 dias. O embargo temporário e automático está previsto no protocolo de exportação entre os países.

“O protocolo com a China restringe a exportação de frango de todo o país em caso de gripe aviária. A partir de hoje, por 60 dias, a China não estará comprando carne de frango brasileira”, disse o ministro. A China é o principal destino do frango brasileiro.

O Brasil vinha negociando a regionalização do protocolo de gripe aviária com a China, ou seja, que os embargos sejam restritos à área ou ao município com caso detectado, mas o acordo ainda não foi concluído. O Ministério da Agricultura declarou emergência zoossanitária no município de Montenegro.

Em nota oficial, a pasta informou que a doença não é transmitida pelo consumo de carne de aves e ovos. De acordo com o ministério, as medidas de contenção e erradicação do foco previstas no Plano Nacional de Contingência já foram iniciadas.

No caso da União Europeia, a suspensão automática por autoembargo está prevista também no protocolo de exportação de frango acordado entre o Brasil e o bloco, um dos dez principais destinos do frango brasileiro. As exportações para a União Europeia perfazem cerca de 7% de todo volume exportado pelo Brasil. Em 2024, o Brasil exportou 229,984 mil toneladas de carne de frango para os 27 países da União Europeia, com embarques somando US$ 655,320 milhões.

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O Brasil, segundo o ministro, também negocia a regionalização do protocolo com o bloco europeu, pleiteando que o embargo das exportações fique restrito apenas a um raio de 10 quilômetros, ou ao Estado em que a doença foi verificada.

“Desde o primeiro foco de gripe aviária em aves silvestres há dois anos, intensificamos a revisão do protocolo com diversos países. Com alguns países, ainda não foi concluído. É possível que consigamos essas mudanças, comprovando que outras regiões não têm risco de foco e, com isso, liberação dos embarques das demais regiões”, afirmou o ministro, em entrevista ao Broadcast Agro.

Gripe aviária: outros países limitarão embargo

Reino Unido, Argentina, Japão, Emirados Árabes e Arábia Saudita vão restringir a compra de carne de frango brasileiro apenas do Rio Grande do Sul e, posteriormente, somente ao município, segundo Favaro. Esses países já possuem protocolos de regionalização acordados com o Brasil. 

A expectativa do ministério é de que outros países flexibilizem o protocolo de regionalização de gripe aviária, restringindo os embargos à área do foco detectado, mesmo com as ações em curso.

Desde a confirmação do foco de gripe aviária em granja comercial, o ministério afirmou que o governo atua em duas frentes. As medidas, do ponto de vista sanitário, vão no sentido de evitar a entrada da doença em outras granjas comerciais e, sob o ponto de vista comercial, restabelecer o mais rápido possível os fluxos comerciais.

De acordo com o ministro, contêineres que estão em trânsito de exportação não têm o fluxo afetado. Fávaro afirmou ainda que o impacto da gripe aviária em exportações de frango do Brasil está sendo calculado pela pasta.

“O sistema brasileiro é tão robusto e confiável, que vários países passaram a trocar o protocolo, sabendo que o Brasil tem estrutura para fazer a contenção e, portanto, a restrição comercial fica restrita à região do foco do acontecimento. Avançaremos nas negociações com países para regionalizar embargos e retomar o fluxo comercial”, concluiu o ministro da Agricultura.

Fernando Cesarotti

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